Sirva-se!

Reciclagem estende o tapete para filme biorientado de PE em laminados monomaterial

Está aberta na indústria de flexíveis laminados multimaterial a temporada de caça a meios para tapar um calcanhar de aquiles: a complicada reciclagem mecânica que condena essas embalagens no evangelho da sustentabilidade. Entre as vias consideradas mais promissoras, a produção de filmes biorientados de polietileno (BOPE) já capta olhares, inclusive no Brasil, sob o chamariz de proporcionar a diversas aplicações de peso um reciclável laminado de um único polímero, dispensando da sua estrutura materiais incompatíveis com PE, como filmes biorientados de poliéster (BOPET) e poliamida (BOPA) e polipropileno bi ou não orientado (BOPP e CPP). De três anos para cá, predicados como printabilidade, resistência mecânica e integridade na selagem ensejaram a introdução internacional de laminados 100% de PE, contendo a película biorientada de resina linear (PEBDL) e/ou de alta densidade (PEAD), para acondicionar produtos como confeitos, snacks, frutas, legumes e verduras frescos, congelados ou desidratados.

“Temos visto cada vez mais atividades voltadas para BOPE no Brasil”, atesta Sebastian Ruhland, gerente comercial senior da alemã Brückner, pedra de toque mundial em linhas para filmes biorientados. “Brand owners de presença global estão trazendo a todas as regiões novos desenvolvimentos em embalagens, em especial soluções sustentáveis. Como os habituais laminados multimaterial não possibilitam uma reciclagem razoável, reitera o executivo, o mercado se inclina por estruturas baseadas em um único material, seja PP, PET ou a resina mais consumida em flexíveis – PE. “Devido às ambiciosas metas de sustentabilidade dos brand owners, esperamos um rápido movimento rumo a BOPE na América do Sul”, pondera Ruhland.

A Brückner tem um anzol tecnológico para pescar convertedores para laminados 100% de polietileno: linhas híbridas, capazes de produzir BOPP ou BOPE. Ruhland salienta, nesse ponto, a conveniência da disponibilidade internacional de grades de PEBDL e PEAD desenhados para a extrusão de películas biorientadas. Entre as petroquímicas com tais resinas já no mix constam Sabic e Nova Chemicals. “Quase todos os produtores de BOPP na América do Sul já investigaram as possibilidades de produzir BOPE com nossa tecnologia e alguns até a testaram da forma parcial em escala piloto”, adianta sucinto o gerente.

O leque de máquinas híbridas da Brückner exibe dois modelos, desenhados para produzir filmes de cinco camadas com espessuras de 12 a 60 micra. A linha com largura útil de 6,6 m roda com velocidade de 460 m/min na bobinadeira, enquanto modelo com largura útil de 8,7 m o faz na faixa de 525m / min. Se considerado um regime de produção a plena carga e 8.000 horas de operação, o equipamento de largura útil menor acena com capacidade anual para gerar 26.760 toneladas de BOPP; 25.200 toneladas de BOPEBDL e 17.120 de BOPEAD. Por sua vez, a outra linha híbrida conta com potencial para produzir anualmente 50.800 toneladas de BOPP; 38.400 de BOPEBDL e 26.080 de BOPEAD. Ruhland salienta que os equipamentos híbridos são baseados em linha de BOPP convencional com ajustes para o processo com PE. Eles abrangem motores mais fortes para torques mais elevados de extrusão; parafusos de extrusão híbridos e tubos de fusão; unidade de fusão modificada para lidar com PEAD; maior flexibilidade nas taxas de alongamento TD (direção transversal da máquina) e maior comprimento de pré-aquecimento em TD e MDO (direção da máquina).

Masters para BOPE
No poleiro dos materiais auxiliares, a componedora norte-americana Ampacet já orna seu catálogo com soluções talhadas para BOPE: os masters brancos e de aditivos (antigog, antiblocking, sntislip e antiestético) da série BIAX4 CE. “As tecnologias de formulações, processamento e controle de qualidade requeridas para os masters para BOPE assemelham-se às exigidas para BOPP e apresentam grande superioridade técnica perante os aditivos para filmes blow de PE”, compara Eliton da Silva, gerente do negócio estratégico de filmes da empresa na América Latina. “Entre os desafios da produção de BOPE constam a alta espessura, de 100 a 140 micra, e o estiramento de cinco a seis vezes para a obtenção do filme final. As propriedades e características dos seus ativos adequam à perfeição os masters BIAX4CE a este processo”.
Silva desconhece entraves técnicos e econômicos à produção de BOPE por convertedores na América Latina. Além da possibilidade de linhas de BOPP gerarem o filme, ele argumenta que extrusoras de matriz tubular ou plana têm como fornecer BOPE mediante a inserção de acessórios para a etapa da biorientação. •

Compartilhe esta notícia:

Deixe um comentário