Pellets de termoplásticos, mesmo não transformados, já dão as caras no livro negro da economia circular. Uma via de mão única para os grânulos chegarem a essa rejeição extrema é sua poluidora infestação nas praias inglesas, evidencia reportagem postada no site do diário londrino The Guardian. “É impossível remover os pellets, estão em todos os lugares”, constatou em tentativa de coleta na praia de Camber Sands o ativista Andy Drinsdale, fundador da ONG Strandliners. Apesar da admitida missão impossível, ele justifica as operações de limpeza tentadas pelo seu grupo como uma forma de ajudar na formação de banco de dados sobre a presença de pellets nas praias e, no plano midiático, um caminho para pressionar o governo do Reino Unido a tricotar legislação a respeito, na trilha das cobranças que o levaram a promulgar leis de taxação da sacola plástica e de proibição de plásticos de uso único como cotonetes.
O derramamento de pellets acontece, informa The Guardian, quando cargueiros viram ou sua tripulação joga contêineires no mar para salvar a embarcação em tempestades marítimas – medida emergencial permitida pela jurisprudência marítima internacional, esclarece a reportagem. Entrevistada para a cobertura, Dani Whirlock, executiva de projetos da ONG escocesa Fidra, acha que a poluição por pellets no litoral do Reino Unido tem aumentado apesar de medidas preventivas tentadas pelos produtores dos grânulos, falhas que ele atribui ao manuseio e noção de responsabilidade deficientes das empresas em foco.
Desde o início do ano, reporta The Guardian, quatro grandes derramamentos de pellets foram constatados em praias da Índia, Espanha, França e Dubai. Christy Leavitt, diretora de campanhas ambientalistas relativas a plásticos da ONG Oceana, comenta que esta “invasão granulada” à beira mar pode diminuir de forma drástica se forem melhoradas a legislação, auditorias globais e independentes das cadeias de suprimentos e adoção de rotulagem da sacaria de pellets com alertas sobre seus riscos nocivos ao meio ambiente, um informação que exigiria, por tabela, mais cuidado no transporte dos contêineres, completa a ativista. No embalo, Andy Drinsdale, da organização Strandliners, declarou ao The Guardian não entender o descaso dos produtores de pellets quanto a resoluções contra a incidência de derramamentos. “Estão perdendo dinheiro, é contra o interesse deles”.