Qualidade tem preço e cada vez mais mercado
“A partir do momento em que haja obrigatoriedade de uso de material reciclado e de recolhimento das embalagens, o mercado começará a se portar de maneira diferente, acelerando seus movimentos em prol da sustentabilidade”, condiciona Ricardo Mason, diretor da veterana recicladora e componedora Plastimil. No mesmo contexto, ele distingue a relevância de uma carga tributária para o reciclado condizente com suas características de produção e mercado. “O processo de reciclagem é oneroso e dependente de investimentos significativos, daí porque a competitividade dessa cadeia não pode prescindir de incentivos fiscais”.
Outra questão melindrosa no Brasil, merecedor de exame com lupa, é o confronto de preços entre resina virgem e reciclada. No mercado europeu, exemplifica Mason, leis que obrigam o uso de plástico pós-consumo recuperado estão estabelecidas há algum tempo, elevando a demanda e, por tabela, o preço do material. “Já na América Latina, tal como em outras economias do III Mundo, o mercado é formado em boa parte por produtos de baixo valor agregado e cujas margens são espremidas. “Daí o uso deste material de custo reduzido nas agendas de recomposição de margens na produção de transformados”, segue Mason. “Mas essa visão começou a mudar nos últimos anos, em razão do compromisso ambiental assumido por algumas empresas vir incrementando a demanda de plástico reciclado de maior valor agregado”. O dirigente considera que a tendência pró-valorização dos reciclados vendidos para mercado mais exigentes em qualidade seja caminho sem volta. Mas a velocidade dessa transição vai depender de quando e como as futura leis estimuladoras do uso do material reciclado serão implantadas de fato”.
Outro nervo exposto da reciclagem nacional de plástico, também dependente de interferência do poder público, diz respeito ao elo dos catadores autônomos, pobres e informais, fornecedores do grosso da sucata plástica recolhida no país. “Inclusão social importa no desenho do suprimento dos resíduos recicláveis, mas não é o suficiente”, avalia Mason. Daí a necessidade de se combinar esse modelo de coleta com alternativas como centrais de triagem e de se chegar a soluções de formalização e profissionalização dos catadores, uma possibilidade, aliás, amparada na procura crescente por plásticos de segundo uso.” •
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