Segundo mercado de poliestireno (PS) no Brasil, o reduto de refrigeradores domina o segmento de eletroeletrônicos e eletrodomésticos, responsável por 22% do total da ordem de 392.000 toneladas do polímero consumidas no país em 2013, atesta a calculadora da consultoria MaxiQuim. Em paralelo, a prospecção de novas aplicações em geladeiras é um dos motores de maior torque das pesquisas no ramo e, nesse contexto, a Innova, detentora de 21% do suprimento de PS para a América do Sul, especifica a consultoria IHS, é sinônimo de excelência com seu Centro de Tecnologia em Estirênicos, joia da coroa do complexo da empresa em Triunfo (RS). Nesta entrevista, Marcus dal Pizzol, gerente de tecnologia e desenvolvimento da Innova, abre uma panorâmica da penetração de PS no setor do frio e acena com uma novidade bem capaz de jogar no freezer os materiais competidores em peças para linha branca.
PR – O Brasil emprega de 8 a 12 kg de PS por geladeira. Essa participação da resina está abaixo, acima ou em linha com o padrão internacional?
Dal Pizzol – O volume de PS utilizado no Brasil está em linha com o nível nos EUA e Europa. Segundo clientes, a variação no peso é uma questão de mix de produtos. No Brasil, geladeiras menores têm um percentual importante nas vendas e, portanto, utilizam menos PS, enquanto nos EUA e na Europa, as geladeiras maiores são as mais comercializadas. Por aqui, os modelos de refrigeradores de maior saída contêm10Kg de PS e os artefatos moldados com o polímero representam, em média, 30% do custo de produção.
PR – Em geladeiras brasileiras, o uso de PS está consolidado nos gabinetes (liners) e contraportas. Quais as oportunidades para o polímero estrear em outros componentes ou áreas dos refrigeradores, substituindo outros materiais?
Dal Pizzol – Na verdade, poliestireno de alto impacto (HIPS) está consolidado principalmente nos gabinetes e contraportas. Já o tipo cristal (GPPS) integra quase a totalidade dos componentes transparentes internos das geladeiras, tais como bandejas, suportes, caixas e gavetas. HIPS vem ganhando participação no mix de composição interna e externa das geladeiras, em especial daquelas mais competitivas em custos. Vários componentes produzidos no passado com copolímero de acrilonitrila butadieno estireno (ABS), assim como alguns antes moldados com polipropileno (PP), têm sido substituídos por HIPS. Exemplos: puxadores, cabeceiras, molduras (frames), difusores, etc. Há também muitos itens não aparentes passíveis de serem produzidos 100% com HIPS ou em blend com GPPS. Em suma, a participação de PS nas geladeiras vem crescendo e anda longe da saturação.
PR – Quais os diferenciais concretos do novo grade de HIPS R940 D da Innova perante as resinas para geladeiras da concorrência nacional?
Dal Pizzol – O grade R 940D, uma evolução frente ao tipo anterior R 830 D, resulta de formulação inovadora em termos de elastômeros butadiênicos e de morfologia alcançada nas condições específicas do processo de polimerização contínua em massa. Se comparado aos materiais em uso na linha branca, esse lançamento apresenta um nível superior de rigidez, tenacidade e resistência química sob tensão (ESCR), o que o habilita a executar a função estrutural e suportar a agressividade de agentes químicos como os residuais presentes na espuma de poliuretano utilizada como isolante térmico, bem como de produtos de limpeza e de substâncias gordurosas oriundas dos alimentos acondicionados nas geladeiras. Esse conjunto de propriedades pode ser transformado pela indústria da linha branca em diferencial competitivo, através da redução de espessuras dos gabinetes e contraportas sem perda de performance. Aferimos em clientes da área diminuições até 10% na parede das peças. No mais, a resina R940D aumenta a produtividade das extrusoras, a economia enérgética na termoformagem e o espaço de armazenamento das chapas. Aliás, todas essas características também recomendam o material para embalagens de laticínios. •