O Polo Industrial de Manaus (PIM) fechou 2016 no vermelho: a receita de R$74,4 bilhões traduz recuo de 6,14% sobre o faturamento de 2015, este 9,28% abaixo de 2014. O efeito dominó no coração da manufatura nacional de motos e eletroeletrônicos pegou em cheio as indústrias locais de componentes de plásticos, como desvenda nesta entrevista Mariana Barrella, diretora da Tutiplast, reconhecida como a transformadora nº1 do polo, após comprar no ano passado a rival Springer Plásticos. Mariana confia em reação da demanda em 2017 e a realidade já subsidia o pensamento positivo dela. Entre os indicadores, desponta a aprovação, ao final de fevereiro, de 29 projetos industriais pelo Conselho de Desenvolvimento do Amazonas, totalizando aporte de R$ 2.017 bilhões e geração de mais de mil empregos em três anos.
PR – Como avalia os efeitos na transformação de plásticos no PIM causados pela queda em 2016 nas vendas de bens duráveis locais – de motos a eletroeletrônicos e informática?
Mariana – Para o segmento de injeção no PIM, somente em 2016, tivemos uma retração de aproximadamente 30%, percentual que retrocede nossa companhia ao patamar de 2010. Ou seja, infelizmente, a queda generalizada da demanda nos obrigou a retroagir quase cinco anos. Como resultado, trabalhamos 2016 com um nível médio de ociosidade de quase 40% e redução do número de colaboradores em quase 50%. É claro que tivemos que nos reinventar para sobreviver à crise no ano passado. Por exemplo, investimos muito em automação para ganhar competitividade em relação aos concorrentes.
PR – Tem referências de investimentos adiados pela crise entre transformadores do PIM e como vê a saúde financeira deles?
Mariana – É um pouco complicado falar em valores, mas o que podemos afirmar é que não houve, no ano passado, muitos lançamentos de produtos, mas aproveitamento de ferramentais que pertenciam a projetos de 2015. Em compensação, já vemos em diversos clientes altos investimentos para apresentar novos produtos no segundo semestre. Quanto à saúde financeira, julgo que, no geral, as empresas que iniciaram 2016 sem uma reserva de caixa já ficaram pelo caminho e as que não conseguirem controlar muito bem as despesas e aumentar a competitividade também ficarão para trás. A situação é muito delicada para todos os transformadores do PIM, mas estamos muito esperançosos de que 2017 acabe surpreendendo.
PR – Quais as ações concretas na mira da Tutiplast para tentar contornar em 2017 a possibilidade de mais um ano de déficit em bens duráveis?
Mariana – Apesar do momento difícil, a Tutiplast adquiriu duas empresas, Springer Plásticos e Norplast, com o objetivo de penetrar no segmento de duas rodas e abrir horizontes fora do Amazonas. Todo momento difícil traz grandes oportunidades e foi para fazer frente à retração que buscamos novos mercados. •