Pesquisa de Opinião

Como oferecer a transformadores no Brasil máquinas com conceito 4.0 diante da crônica escassez de profissionais operacionais devidamente qualificados no setor?
máquinas com conceito 4.0
máquinas com conceito 4.0

Como oferecer a transformadores no Brasil máquinas com conceito 4.0 diante da crônica escassez de profissionais operacionais devidamente qualificados no setor?

Márcio Viviani

CEO da MLViviani Engenharia, agente da fabricante alemã de extrusoras Reifenhäuser

“Este sim, é um problema e um dilema que têm ocorrido em relação às novas gerações de equipamentos: mão de obra qualificada para se extrair todas as possibilidades que as novas tecnologias embarcadas podem oferecer. As novas máquinas podem oferecer uma quantidade enorme de dados com tendências e previsibilidades que geram oportunidades de melhorias e antecipações de possíveis dificuldades. Mas, para o dados se transformarem em informações úteis, o pessoal depende de preparo para analisá-los e tomar decisões. E se, de um lado, nota-se  empresas investindo na capacitação de operadores a ponto de torn-los verdadeiros gestores de processo e produtividade, do outro lado, fabricantes referenciais de equipamentos também têm tomado ações neste sentido, caso da minha representada Reifenhäuser.

 É fato que, além do baixo nível educacional, a escassez de pessoal capacitado para manufatura 4.0 escasseia no Brasil devido à preferência dos novos talentos por postos em serviços e no mercado financeiro. Não há uma resposta direta sobre como vender tecnologia de produção inteligente nessas circunstâncias. Na minha época de faculdade (lá se vão mais de 40 anos), boa parte dos colegas de engenharia foi atraída para o mercado financeiro, devido aos vencimentos melhores. Mas um grande número foi trabalhar em empresas e projetos industrial. Existem boas escolas (não em número suficiente e outras precisam ser fomentadas) formando  técnicos aptos a trabalhar com equipamentos 4.0.

No fundo, trata-se de uma questão de remuneração. Não se pode comparar o nível desses profissionais com o de operadores antigos, tipo mão na massa, de inegável valor em outros tempos e que se qualificaram na prática do dia a dia. Para fisgar hoje o pessoal jovem treinado, as empresas transformadoras precisam oferecer algo mais atrativo, caso dos ganhos. De outro ângulo, acredito que os graduados nesses cursos prefiram algo ‘real’ (no sentido de uma  atividade de cunho concreto) pela escolha que fizeram, optando pela manufatura em lugar do setor de serviços ou financeiro. Mas insisto: isso vale desde que eles contem com honorários e possibilidade de carreira condizentes.

O rito de passagem da nossa transformação de plástico para a industrialização 4.0 será parecido com movimentos do passado,  quando uma tecnologia debutava  no mercado. Basta lembrar a mudança do filme monocamada para coextrusão de 3, 5, 7, 9 e agora 11 camadas. Em suma, líderes em flexíveis começam a adotar a tecnologia recém-chegada, oferecendo produtos melhores e mais competitivos. Sim, o preço desses equipamentos vai cair com sua gradual massificação e, assim, de uma maneira ou outra, as indústrias menores terão de seguir as pegadas das maiores em suas linhas de produção. Podem resistir à onda por algum tempo, mas não escaparão de encarar a encruzilhada vital: ou se atualizam ou ficam para trás, sem poder concorrer. Isto, sem dúvida, vai ampliar a demanda por gente preparada para a manufatura inteligente e, enquanto perdurar a escassez de talentos na área, eles serão naturalmente valorizados. Esta reação levará mais jovens a procurar os cursos técnicos, aumentando portanto a oferta de talentos capacitados no ramo. É um ciclo virtuoso; em geral, acaba consumindo mais tempo do que deveria, mas é inexorável”.

Alfredo Fuentes, diretor geral da Arburg no Brasil

Alfredo Fuentes

Diretor geral da Arburg no Brasil

“A carência de profissionais qualificados para atuar na indústria é uma constante em vários segmentos e o plástico não é exceção. De outro ângulo, o conceito 4.0 ou Digitalização, como preferimos chamar na Arburg, minha empresa, já é uma realidade em muitos clientes mesmo com a limitação de pessoal capacitado. Por sinal, trata-se de escassez extensiva ao mercado internacional; não é exclusividade do Brasil.

Toda ferramenta existe para solucionar um problema e as ferramentas digitais não destoam deste princípio. Um dos pontos altos da máquina inteligente é justamente facilitar sua operação sem requerer alto nível de capacitação. Por exemplo, existe uma funcionalidade opcional no sistema de controle das nossas injetoras que orienta passo a passo o operador sobre como parametrizar o processo ao iniciar uma nova produção com um novo molde . Um operador com conhecimento básico pode realizar esse trabalho, que habitualmente seria alocado a um líder de turno ou supervisor de produção, com a mesma qualidade e segurança.

A digitalização fabril é processo sem volta. Por extensão, será inevitável incorporarmos essas ferramentas assim como já adotamos tantas outras soluções digitais em nossa vida diária. Dou um pequeno exemplo: antes da proliferação dos navegadores baseados em geolocalização e morando em uma cidade do tamanho de São Paulo, você precisava conhecer muito bem o bairro por onde pretendia circular para achar o melhor caminho ou ainda estudar o trajeto naqueles verdadeiros livros que eram os guias de rua. Se você precisasse de táxi em outra cidade, o ideal era buscar um chofer experiente e conhecedor da região. Hoje tudo isso mudou – você vai a qualquer lugar pelo melhor caminho dirigindo seu veículo próprio ou alugado. Muitas vezes o taxista ou motorista de aplicativo nem é da mesma cidade ou região e consegue realizar a viagem com a mesma facilidade de um motorista traquejado. Em outras palavras, a digitalização vai oferecer soluções para vários problemas, inclusive a carência de mão de obra qualificada nas atividades operacionais do transformador de plástico no Brasil e a Arburg tem um time de profissionais para auxiliar o cliente neste salto tecnológico”.

Andres Grunewald

Diretor da Gneuss Latinoamericana

“A resposta comporta uma compensação de fatores. Se, por um lado, a mão de obra para o chão de fábrica se torna cada vez mais escassa, do outro, a equipamentos mais automatizados e com mais recursos eletrônicos requerem cada vez menos operadores. Há 20 anos, eram necessários dois operadores para lidar com uma extrusora com capacidade de 200 kg/h. Hoje, a mesma dupla conduz linhas com potencial para gerar 2.000-3.000 kg/h. Também temos encontrado maior afinidade dos jovens com a operação de máquinas munidas de novas interfaces mais amigáveis e intuitivas.

A conjuntura atual no Brasil marca por insuficiência de pessoal habilitado para a produção inteligente. Daí a pertinência da questão sobre como vender máquina 4.0 para transformadores daqui. Abro minha explicação com o exemplo do setor que processa materiais reciclados no Brasil, por sinal grande público dos produtos da minha empresa, a Gneuss. Apesar do predomínio de indústrias de pequeno e médio porte, este empresariado tem investido forte em tecnologias de ponta e as operado de forma muito satisfatória. O potencial de crescimento dessas tecnologias no país é imenso. Óbvio, e deverá ser acompanhado da capacitação dos operadores. Infelizmente, coloca-se todo ano no mercado  interno uma vasta quantidade  de ‘inventores da roda’ (pseudo especialistas). Ao mesmo tempo, o país disponibiliza proporcionalmente pouquíssimos profissionais habilitados para o uso correto das tecnologias que chegam. A curto prazo, eu não acredito no aumento da escolarização da parcela de usuários sem formação técnica a partir de cursos profissionalizantes. Há muitos anos, o chão de fábrica tem sido a escola dessa turma. Mas há variáveis positivas encaminhando os transformadores para a manufatura inteligente. As limitações impostas pela distância física entre usuário e fabricante da máquina, a qualificação de quem a opera para chegar à solução de dificuldades e, muitas vezes, impedimentos de toda ordem  para visitas técnicas (como ocorreu na pandemia), fizeram com que a indústria de tecnologia inovasse na assistência ao cliente. Em linha com essa tendência, a Gneuss criou ferramentas eletrônicas e componentes para apressar a resolução de problemas e armazenar informações. A manutenção de um equipamento, por exemplo, pode transcorrer em tempo real, via aplicativo para celular, e conta com o suporte da realidade aumentada. No uso diário, os produtos Gneuss possuem conexão para acesso remoto acessível por nossos técnicos a qualquer momento”.

Ricardo Prado Santos, CEO do Grupo Piovan para a América do Sul

Ricardo Prado Santos

CEO do Grupo Piovan para a América do Sul

“A Indústria 4.0 é composta de uma interligada cadeia completa, da qual máquinas com conceito 4.0 deverão ser uma parte. A Indústria 4.0 vai simplificar a operação dos processos físicos, deixando-os mais transparentes e controlados e por isto, deve ser bem específico o tipo de técnicos e engenheiros necessários à implantação e operação da cadeia. E justo por se tratar de uma cadeia completa, a implementação não é imediata e ocorrerá ao longo de alguns anos. Neste ínterim, o conhecimento decerto se consolidará e, em decorrência, a experiência e domínio dos temas pelos técnicos progredirão. Talvez neste exato momento haja alguma escassez de mão de obra qualificada para a realidade 4.0. No entanto, conforme este processo evolutivo se intensifique, mais e mais pessoas terão interesse e preparo para trabalhar na área. De qualquer forma, o mais provável é que a própria indústria terá que se preocupar em formar seus técnicos, como já ocorre em várias especialidades. Concordo basicamente que que, hoje em dia, falta gente minimamente habilitada para receber esta capacitação na manufatura no Brasil e os cada vez mais reduzidos cursos técnico profissionalizantes não estão habilitados para isso. Além do mais, o nível educacional do país segue vexatório. Eu tenho uma preocupação a mais:é o acesso à Indústria 4.0 pelas pequenas e medias empresas. A implementação requer novos equipamentos, automação das linhas existentes e capital aplicado em hardware e software. Com as taxas de juros escorchantes que o mercado hoje pratica, o processo de re-industrialização 4.0 tomará muitos anos. Em qualquer lugar do mundo, o investimento e crescimento são baseados em financiamentos de longo prazo a juros baixos. Aqui no Brasil, esse movimento só acontece com capital próprio, pois a Indústria não gera margens suficientes para pagar as taxas vigentes”.

Sergio Sanchez, gerente de vendas/industrial da Mecalor.

Sergio Sanchez

Gerente de vendas/industrial da Mecalor

“A Indústria 4.0 tem impacto significativo na produtividade, pois aumenta a eficiência no uso de recursos e na concepção de produtos em larga escala, além de propiciar a integração do Brasil a cadeias globais de valor. Com tantas mudanças, o profissional inserido na produção inteligente precisa estar adaptado à nova realidade. É fundamental qualificar os profissionais das empresas em técnicas como programação, robótica colaborativa e análise de dados, assim como desenvolver competências socioemocionais com métodos para estimular a criatividade, o empreendedorismo, a liderança e a comunicação. Devemos oferecer soluções que necessitem o mínimo possível de interface do operador com a máquina. Na Mecalor, minha empresa, um exemplo de entrosamento com esta tendência são os termorreguladores HB-Therm oferecidos já com comunicação pronta, necessitando apenas do cabo, após ter sido feita a conexão. Toda a interface é realizada pela injetora e todos os parâmetros podem ser retirados por lá”.

Ricardo Rodrigues, diretor comercial para América Latina da HGR Extrusoras

Ricardo Rodrigues

Diretor comercial para América Latina da HGR Extrusoras

“A intenção do conceito 4.0 será sempre a integração de diferentes tecnologias, direcionadas à automatização industrial. Na transformação brasileira de plástico, o grande desafio é enquadrar novos softwares de gerenciamento, devido à escassez de mão de obra qualificada no setor. A introdução e acesso a manufatura  4.0, está sendo inserida aos poucos em nossas máquinas, porque a demanda por tecnologia segue de acordo a necessidade local. Algumas empresas ainda acreditam que falar de indústria 4.0 é falar de ferramentas complexas e caras e novos sistemas produtivos de acesso restrito a indústrias de grande porte. A propósito, minha empresa, a HGR, oferta suas extrusoras equipadas com software de gerenciamento próprio, desenvolvido com a Weg e que sintetiza de forma rápida e amigável o monitoramento do processo e a operacionalidade da linha, reforçando assim a competitividade em sistemas produtivos incluindo transformadores, seus fornecedores e clientes. Nos próximos anos. a inserção de profissionais preparados para a realidade  4.0 será obrigatória, como dá a entrever o incremento da eletrônica e robótica acoplados aos equipamentos. Daí a minha aposta na evolução da educação básica, dos cursos técnicos e da formação nas áreas de engenharia.”

Alexandre Nalini, diretor comercial da Moretto do Brasil

Alexandre Nalini

Diretor comercial da Moretto do Brasil

“A Moretto, minha empresa, trabalha há muito tempo com o conceito de 4.0 para indústria plástica. Portanto, sentimos a real falta no Brasil de profissionais qualificados para operar desde os sistemas mais simples quanto os mais complexos da manufatura inteligente. Nessa linha e sempre em conjunto com os projetos 4.0 implantados, seguimos com um plano de capacitação e treinamento intenso assentado nos seguintes pilares:

* Primeiro treinamento – Abordamos o conceito de 4.0, implantação hoje e onde podemos chegar no futuro; como funciona o sistema de forma geral (hardware e software); simulamos todos os módulos envolvidos com ações, aplicação e soluções; concedemos certificado de participação. Sessões a cargo da nossa equipe completa, desde o pessoal incumbido de processo e engenharia até os responsáveis por logística, área financeira e TI.

* Segundo treinamento – Separamos as turmas e seguimos com as dinâmicas direcionadas para as aplicações de cada área focada

* Terceiro treinamento – Com as equipes separadas, simulamos todas as tarefas, corrigimos passos errados e tiramos dúvida. Por fim, aplicamos um teste nas equipes e fornecemos o atestado de conclusão do programa aos aprovados”.

Paulo Carmo, gerente do negócio de embalagens no Brasil da Husky, fabricante canadense de injetoras, robôs, moldes e periféricos.

Paulo Carmo

Gerente do negócio de sistemas de injeção para embalagens da Husky no Brasil

“O problema da dificuldade ou escassez de mão de obra para a Indústria 4.0  é  global, nada  a ver com questões conjunturais do Brasil. Pesquisas em diferentes regiões do mundo colocam a insuficiência de pessoal entre os pontos centrais e de desafio para a indústria, no mesmo nível dos desafios logísticos, de custos e sustentabilidade. Também sob o prisma mundial, é fato que os novos talentos vêm se interessando mais por áreas tais como serviços e mercado financeiro. E justo por já vivermos esta conjuntura, presenciamos um aumento da atenção despertada por sistemas com maior nível de automação, monitoramento, controle remoto e indicadores 4.0. Entre as tendências notadas, alinhadas a essas dificuldades, constam a valorização do capital humano e a busca de treinamento interno e externo para um menor número de colaboradores. Em resumo, existe oportunidade para quem tem interesse e quer evoluir. Menos gente, mais capacitação.

Essa conjuntura tem aumentado a inclinação de profissionais por sistemas com maior grau de automação e inteligência embarcada, com menor dependência de intervenção humana. Como toda tecnologia, o investimento na aquisição desses avanços tende a cair à medida que a tecnologia se difunda e popularize. Isso já é sentido hoje – sistemas antes ofertados como opcionais e de investimento elevado hoje já são integrados às máquinas como itens básicos e sem custo adicional. E quando é o caso de algum custo ser adicionado, o sistema é visto como investimento de excelente retorno e gerador de maior eficiência e segurança de operação, de menor risco de falhas e de minimização de tempo de máquina parada”.

Udo Lohken. Diretor da Engel do Brasil

Udo Lohken

Diretor da Engel do Brasil

“Não somente no Brasil, mas em todo o mundo, temos hoje uma grande escassez de profissionais com grande conhecimento na área de operação de máquinas. As profissões no chão de fábrica não são mais um ambiente que atrai os jovens  e, assim, operadores com grande bagagem de conhecimentos se tornam cada vez mais raros nas plantas. Essa insuficiência é uma dfas principais explicações sobre porque o conceito 4.0 é tão importante. Máquinas e fábricas equipadas com esses recursos permitem a continuidade de uma operação de alta qualidade e eficiência em sua produção.

 As máquinas munidas de atributos da indústria 4.0 se autorregulam e auxiliam a tomada das decisões corretas por parte dos operadores não tão qualificados. Agregam sistemas de monitoramento à distância e assim ajudam a identificar e solucionar problemas de forma mais ágil, reduzindo os tempos e custos de manutenção. Por fim, Fábricas dotadas de sistemas de gerenciamento moderno e com tudo interligado, inclusive as máquinas, influem no planejamento mais racional da manufatura produção, redução do consumo de energia e identificação de problemas como os de qualidade e de pormenores da produção”.

Newton Tien

Newton Tien

Gerente de vendas internacionais do Grupo TC Tsong Cherng

“De uns 10 anos para cá, ouvimos cada vez mais sobre a Indústria 4.0. Até hoje, porpem, nem todos os empresários e o pessoal do chão de fábrica sabem para que serve o conceito e o motivo para se implantá-lo. Em nosso mercado de máquinas de transformação de plástico, o que já foi nos requisitado como indicado 4.0 seria o controle de processo remoto, ou seja, um servidor central (pode estar também na nuvem) que capta todos os dados do equipamento e mostra em interface na tela de computador a produção real, Com isso, é possível monitorar, aferir o rendimento da linha e diminuir tempo e custos operacionais. Trata-se apenas de um pequeno passo no caminho da manufatura inteligente, conceito que extrapola o controle de produção e abrange todo o conjunto em questão, inclusas informações de logística, estrutura, fornecimento, rede, mobilidade etc. Aqui No Brasil, a Indústria 4.0 ainda tem muito hão pela frente, pois exige investimentos em máquinas atualizadas para o protocolo, tecnologias, automação, logística, layout e no profissional treinado para operar o sistema”.

Bruno Sommer

Bruno Sommer

Gerente geral da representação de máquinas Techfine

“A escassez de profissionais operacionais qualificados para a produção inteligente é uma realidade mundial. Por extensão, cresce a necessidade de máquinas e equipamentos cada vez mais fáceis de serem operados e que possibilitem o monitoramento à distância. Muitas máquinas de última geração já concebidas sob o conceito 4.0 atualmente oferecem recursos como pré-ajustes de partida, tutoriais de operação gravados no painel de comando, explicitando o passo a passo e autoaprendizado de operação. São equipamentos com conexão online e possibilidade de vídeos interativos, inclusos os de soluções em tempo real dos componentes das máquinas. As possibilidades e o alcance da automação e recursos dependem do modelo de transformação em foco. Injeção, extrusão, termoformagem etc têm diferentes limitações de processo, e, portanto, o alcance dos recursos inteligentes varia conforme a tecnologia de moldagem.

A integração de diferentes componentes upstream e downstream também ajuda muito na operação dos equipamentos como um sistema único. Por seu turno, a busca por formas de autoajuste das máquinas é um objetivo constante das empresas. Um exemplo vem da produção de tubos. Equipamentos de medição constante de espessura, diâmetros externo e interno, formato ovóide e excentricidade, se comunicam com a extrusora, puxador, dosador e até o cabeçote, enviando informações sobre desvios dimensionais. Isso permite à inteligência da extrusora ajustar os respectivos componentes para trazer a qualidade dimensional do tubo para o ideal desejado. Softwares dos equipamentos também pendem para a operação cada vez mais intuitiva pelo usuário, utilizando visualizações gráficas e de fácil compreensão”.

Gustavo Müller, diretor da Borche Brasil

Gustavo Müller

Diretor da Borche Brasil

“Há alguns anos, o setor plástico tenta aplicar os conceitos 4.0 na prática do chão de fábrica. No entanto, a realidade em nível nacional é outra, pois existem muitas máquinas ainda desprovidas de tecnologia embarcada com hardware e software para viabilizar a funcionalidade de maneira fácil. Também temos pela frente questão da dualidade de encontrar profissionais que entendam de processos de comunicação entre máquinas e protocolos de informação. Ou seja, buscamos hoje a especialização da mão obra na Indústria 4.0., avanços já presentes nas injetoras chinesas Borche comercializadas por minha empresa. Há três anos, ela investe na adequação à manufatura inteligente, como exemplifica o software desenvolvido pela Borche para operar conectado ao Sistema Mes EasyNet da austríaca Keba, um diferenciado supervisório de qualidade e de estatísticas. Funciona como um controle dos dados estatísticos de dosagem e injeção. A partir daí, conseguimos monitorar, dar soluções e prestar informações para a tomada de decisões pelo usuário da injetora”.

Cássio Saltori

Cássio Saltori

Diretor geral da Witmann Battenfeld no Brasil

“O conceito 4.0 tem como base a integração das informações geradas em toda a cadeia produtiva – planejamento, compra, recebimento, ordem de serviço, dados de processo, estoque, baixa de insumos, emissão de NF e entrega. Em suma um controle geral, com base nas informações geradas, da as etapas da manufatura, com supervisão, correção e tomadas de decisão online.

A escassez de gente especializada remonta ao início da implantação do novo sistema, pois conceitos antigos de manufatura exigem atualização as integrações da Indústria 4.0 se tornarem efetivas e passíveis de análise. É como ter vontade de compra um F1, mas fazer o quê com ele? Guardar na garagem para dizer que eu tenho? Montar equipe para analisar as condições do carro toda vez que é usado? Em outras palavras, para poupar tempo e dinheiro precisamos primeiro entender o problema e identificar as necessidades de cada meio produtivo para depois montar o projeto 4.0 ajustado às peculiaridades da empresa usuária. Transpondo estes princípios para injetoras, máquina básica fabricada pela minha companhia, a austríaca Wittmann Battenfeld, a integração dos equipamentos vem de encontro à resolução de muitos problemas, provendo economia de mão de obra e, principalmente. na agilidade do start up da linha. Quando apenas uma única empresa, caso da minha, fornece injetora, robô e periféricos de manuseio dos materiais, basta um operador para ativar o start up.

Falando em custos na manufatura 4.0: os investimentos passam a somar no escopo final da máquina e ai temos que entrar com as justificativas nos quesitos da adequação de processo, controle de peso do produto, tempo de ciclo, geração de refugos, reúso do reciclado e gasto de energia por quilo de material transformado. Estes controles de parâmetros serão fornecidos pela produção inteligente e aí entramos no mérito da pergunta dessa pesquisa: existem profissionais capacitados para computar essas informações para tomadas de decisões? Sim e podemos treiná-los e tudo pode ser implementado, mas não da noite para o dia A nova mentalidade precisa ser trabalhada no cotidiano para não resultar apenas num um enfeite caro e de uso ignorado. Hoje, entendo a Indústria 4.0 como uma nova unidade dentro da empresa e de inúmeras as utilidades. Por exemplo, o sistema TEMI+ e IMAGO da Wittmann exerce controle completo dos dados produtivos, incluso consumo energético, supervisionando-os em tempo real e emitindo relatórios indicadores da necessidade de manutenção programada”.

Michel Carreiro, gerente geral da Sumitomo Demag do Brasil.

Michel Carreiro

Gerente geral da Sumitomo Demag do Brasil

“A escassez de mão de obra para operar máquinas 4.0 é problema que atinge não só a cadeia do plástico no Brasil, mas boa parte do mundo, inclusas regiões bem industrializadas. O desafio é enorme para os fabricantes de equipamentos, pois agora o setor precisa adequar todos os avanços conquistados nas últimas décadas – tópicos como performance do processo, vida útil dos componentes e economia energética-  a uma máquina capaz de autorregulagem, de se conectar remotamente e de operar de forma autônoma, com informações dadas em tempo real.

A Sumitomo-Demag, minha empresa, já desenvolveu injetoras elétricas preparadas para operação em ‘lights-out’, com alto nível de possibilidades de automação on-board.Vejo o mercado de máquinas cada vez mais alinhado à cultura da automação, um mercado onde deve crescer a demanda por profissionais como os graduados em mecatrônica. Outro desafio alinhado ao mesmo tema: fazer diferentes marcas de equipamentos, de diversas origens, conversarem em linguagem universal, um único protocolo de comunicação. Hoje em dia, já noto certa procura no mercado nacional por injetoras com interfaces para comunicação de dados, conexão remota para diagnósticos e serviços além de compartilhamento de informações online e comunicação de periféricos. Nossa plataforma myConnect oferece este tipo de benefício em linha com a cultura 4.0.”

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