Pandemônio logístico nos EUA

Pesadelo logístico nos EUA

Desde as vésperas da pandemia, os Estados Unidos abocanharam da Argentina a dianteira nas exportações ao Brasil de polímeros como polietileno (PE), o termoplástico mais consumido. A conjuntura atual revela um pedregulho logístico no sapato da petroquímica norte-americana para manter incólume esta dianteira, ainda mais sob a perspectiva de entrada gradativa em cena, do segundo semestre a meados de 2023, de mais quatro plantas de alta escala de PE no Golfo dos EUA.

Pesquisa de campo empreendida em março último pela entidade American Chemistry Council (ACC, Conselho Notte Americano de Química) atesta piora na já baqueada cadeia de suprimentos. No plano geral, respondentes afirmaram estar reduzindo produção devido ao acúmulo de estoques a jusante da cadeia e clientes declaram estar diminuindo sua operação por não conseguirem abastecimento suficiente.

Segundo o levantamento, o atraso das remessas em portos tipo Long Beach e Los Angeles tem oscilado entre quatro e seis semanas; embarques fluviais dentro dos EUA estão demorando seis dias acima da média; devido ao atendimento e precariedades da infra ferroviária, 75% das companhias dos respondentes mudaram seu frete para o rodoviário e quase todas as empresas estão pagando alto a caminhoneiros e 63% delas têm aferido tempos mais longos de recebimento e entrega.

Retomando o fio dos atrasos no frete marítimo, a ACC prevê sua continuidade apesar das disrupturas nos embarques chineses causados pelo repique do covid em centros-chave de atividades fabris e portuárias no país. E nada é tão ruim que não possa piorar, alerta ACC.

A temporada norte-americana de furacões começa em junho e são esperadas 19 tempestades tropicais e tornados, mais que a média anual de 14,4 flagelos climáticos registrada por meteorologistas das universidade estadual do Colorado entre 1991 e 2020. E para deixar o prato mais indigesto, apimenta a avaliação da ACC, um contrato trabalhista entre estivadores e companhias de navegação expira em 1 de julho próximo, abrangendo 29 portos nos EUA. Sem consenso na renovação do acordo, o acesso de estivadores aos portos pode ser bloqueados e, em reação, eles podem partir para greve.

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