Mudanças climáticas são viveiros de desgraças, mas não existe agrura desacompanhada de uma oportunidade de negócios. No âmbito do plásticos, esses atrativos despontam em redutos como obras de infraestrutura, segmento cuja insipiência no Brasil rendeu-lhe o renome de Sibéria dos tubos extrusados. Mas no exterior, em especial em outros mercados emergentes, são outros quinhentos. No norte da África, por exemplo, o aquecimento global tem resultado em severas ondas de calor e baixa incidência de chuvas, colocando em sinuca o suprimento regular de água potável para os países da região, banhados pelo Mar Mediterrâneo e encostados no deserto do Saara. Para reagir a essa calamidade, a Tunísia já programa para 2026 o término do projeto, iniciado no ano passado, da planta de dessalinização na cidade costeira de Sfax, conforme divulgado em setembro pela publicação bimensal Pipe & Profile. A fábrica deverá ocupar área de 20 hectares e terá condições de prover 100.000 m³ diários de água tratada, mérito de dutos de PEAD que, na primeira leva entregue em novembro de 2022, totalizou extensão de 6 km, tal como a segunda recebida em junho último, informa sua fornecedora, a transformadora norueguesa Pipelife.
Com diâmetros variando de 20 mm a 2.5 m, os tubos para dessalinização em Sfax medem até 620 m de comprimento. São extrusados na fábrica em Stathelle, nas imediações de um fiorde, e de lá remetidos à unidade de instalação na Tunísia. A Pipelife atesta que o frete marítimo e posterior estocagem não dá margem para deformações nos tubos e seus longos comprimentos reduzem custos de manuseio e soldagem. O projeto Sfax está subordinado à autarquia de distribuição nacional de água Sonede e é o terceiro no gênero (e o maior) empreendido pelo governo tunisiano com a Pipelife.