Genialidade é exergar o óbvio. A californiana Origin Materials, produtora de materiais carbono negativo, parece ter abraçado esta máxima de Freud com um atalho que facilita e aguça o reúso do polímero mais reciclado do planeta. O pulo do gato, como noticia o site Plastics News, é o lançamento, ainda não submetido à escala comercial, de uma tampa para garrafas PET injetada com o mesmo poliéster, em lugar das convencionais produzidas com PP ou PEAD, cuja reciclagem mecânica requer sua separação prévia da embalagem. “Com o nosso processo, ainda em vias de obtenção de patente, podemos gerar tampas 100% de PET reciclado ou derivado de fontes renováveis”, assinala John Bissell co-CEO da Origin,salientando que o PET na tampa provê melhor barreira a oxigênio e ao dióxido de carbono que poliolefinas convencionais. A plataforma da Origin converte cataliticamente resíduos agro, tipo celulósicos, em quatro blocos químicos isolados num processo que sequestra o carbono, explica a empresa em comunicados. Um desses blocos químicos é o clorometil furfural, possível de ser convertido em bioparaxileno, um dos insumos requeridos para a composição de bio PET.
A partir de 2024, entra em vigor na União Europeia norma que determina o uso de tampas firmemente atadas a garrafas PET depois de aberta e durante o vida útil do líquido envasado. A regulamentação visa reduzir a poluição plástica marinha e nas praias e evidencia potencial esplendoroso para a tampa de PET. Por sua vez, a consultoria Precedence Research estima o mercado mundial de tampas e lacres para garrafas PET em US$ 65.4 bilhões dois anos atrás devendo passar a US$ 90 bilhões daqui a sete anos. O segmento deve evoluir à média anual de 4% entre 2023 e 2030, calcula a mesma fonte.