< PreviousOutubro/2018plásticos em revista28ESPECIALExceed™ para a camada de selagem, assegurando a excelência nesta etapa de vedação e em termos de resistência à queda do SUP, explica Arys. “A resina Exceed™ permite a redução da tempera-tura inicial de selagem para linhas de alta produtividade no envase, além de ensejar a diminuição da parede da camada de PE destinada à vedação do SUP”. Por seu turno, prossegue, as resinas da família Enable™ caem feito luva na camada central do filme de PE. “Permitem o balanço entre a rigidez do SUP e a boa processabilidade na extrusora”,sumariza Arys. Na camada de laminação, arremata o especialista, a conjunção das resinas Enable™ e Exceed XP™ esmerilha as propriedades ópticas em vista, com bai-xo níveis de géis e ótima compatibilidade com a maioria dos adesivos disponíveis. RUPTURAS NA AQUARELAAté o passado recente, o setor de produtos de limpeza era identificado por embalagens brancas e azuis, lembra Eduardo Herrero, coordenador do labo-ratório de desenvolvimento de cores da Cromex, componedora enraizada na pole nacional em masters. Atributos como a funcionalidade, praticidade e design que-braram as pernas daquele paradigma e, hoje em dia, limpeza doméstica é vestida com recipientes de cores intensas (azul, violeta, laranja, verde) e fluorescentes, em paralelo ao espectro de brancos, da versão pura às tonalizadas, abrange o expert. “Também cresce a demanda pela sóbria cor prata”, adiciona Herrero, frisando a disponibilidade dessas soluções na palheta de concentrados da Cromex para resinas virgens ou recicladas.“Marcas tradicionais de produtos de limpeza se abrem a ousadias em tonalidades e intensidades, provam suas embalagens em prata, violeta, laranjas e cores fluorescentes, fora do leque convencional do branco, azul e verde”. No entanto, ressalva Herrero, estas cores consolidadas ainda imperam em linhas de limpadores multiuso, desinfetantes, água sanitária e alvejantes. “Uma pre-ferência justificada pelo diferencial de custo em relação a cores especiais, sem falar no conservadorismo dos fabrican-tes à ideia de mudanças na apresentação de produtos consagrados”, interpreta o técnico. “Já no campo das categorias de maior valor agregado em limpeza domésticas, está liberado o emprego de cores diferenciadoras nas gândolas, a exemplo de prata, efeitos perolizados e fluorescentes”.A Cromex também assedia com seus auxiliares os bastidores dos frascos de limpeza doméstica. Entre as sacadas de peso, Herrero saca do coldre absorve-dores UV (PE-UV 5023 e PET-UV 5570) para proteger o conteúdo envasado da degradação gerada por esta radiação. Para frascos de PET, uma pedida é agente deslizante PET-DL 14993 que, frisa o coordenador, reduz o coeficiente de fricção sem interferir na transparência. No compartimento das tampas, Herrero enaltece os predicados do deslizante PE-DL 50017 para facilitar as funções de abertura e fechamento. QUANDO O BARATO SAI CARO Wagner Catrasta, gerente comercial para a América Latina da Termocolor ele-ge branco, azul, amarelo, laranja, rosa e verde, com e sem efeito perolizado, como as cores de maior saída em seus concentrados para frascos de produtos de limpeza. No flanco dos aditivos, ele salienta a oferta de auxiliares de fluxo e de antiestáticos, para eliminação de pó durante a exposição da embalagem na prateleira. “Nos últimos anos, percebe-mos que o segmento de embalagens de artigos de limpeza e amaciantes retirou de boa parte dos seus produtos o uso de masters, para baixar o preço final”, ele assinala. “Afinal, o custo da emba-lagem muitas vezes supera o preço do produto de limpeza”. Com a supressão do concentrado, ele conta, alguns itens perderam participação de mercado, razão para retornarem aos braços dos masters. Catrasta: masters decisivos na venda de produtos de limpeza.Castilho: A.Schulman aprimora masters de cores opacas para PEAD. LIMPEZA/EMBALAGENS/MATERIAISOutubro/2018plásticos em revista30ESPECIAL De marcas regionais às de extensão nacional, os produtos de limpeza têm cadeira numerada no pódio dos mercados atendidos pelas sopradoras de frascos da Pavan Zanetti. Nesta mini entrevista, o diretor comercial Newton Zanetti justifica suas indicações de equipamentos para os transformadores do setor .Quais os modelos de suas sopradoras mais procurados para frascos de PEAD e PET para produtos de limpeza? Para PEAD, são as máquinas da serie Bimatic e modelos específicos como a sopradora de tecnologia híbrida BMT 5.6D/H, sua versão hidráulica e o equipamento BMT 10.0D/H, com maior capacidade de produção em frascos até 5 litros. A máquina de tecnologia híbrida busca clientes que se importam com produção mais limpa e economia energética, enquanto a linha BMT10.0D/H é nossa campeã em produtividade, com extrusões que chegam a 240 kg/h. No campo de PET, destaco para sopro de pré-formas dois modelos: PETMATIC sistema 7.000, indicada para frascos de detergentes de pia pela produção próxima a 7.000 unidades/h e a sopradora PETMATIC sistema 5.000, mais versátil, que atende até 2 litros de volume para recipientes como os dirigidos a água sanitária, amaciantes e desinfetantes. Quais os mais recentes aprimoramentos nas séries das sopra-doras para embalagens de produtos de limpeza?Estamos buscando otimizar as produções com CLPs bra-sileiros de última geração, com páginas destinadas ao controle de produção e processos. As máquinas também exibem au-mento da participação de componentes elétricos e eletrônicos, como servomotores e drives de comando, permitindo melhor repetitividade de ciclo e peso de peças.PAVAN ZANETTI: AS SOPRADORAS QUE PASSAM A PRODUÇÃO A LIMPOSopradoras BMT 5.6D/H e PETMATIC sistema 7000: controle mais apurado da produção de frascos para produtos de limpeza.No balcão da componedora norte-americana A.Schulman, com planta no interior paulista, o foco para o mercado de limpeza doméstica é a venda de valor. “Queremos ajudar o cliente a diferenciar seus produtos e a destacar suas embalagens nas gôndolas, de modo a escapar da briga por centavos”, delimita Roberto Castilho, gerente comercial para mas-terbatches no Brasil e Argentina. Sob esta perspectiva, conta, sua empresa assedia as embalagens de PEAD com cores opacas, efeito de determinados pigmentos e mescla de dióxido de titânio e carbonato de cálcio. “Os clientes podem efetuar a dosagem da solução de forma mais econômica, obtendo uma opacidade/cobertura aprimorada com produtos de menor custo”, conclui o executivo. • LIMPEZA/EMBALAGENS/MATERIAISOutubro/2018plásticos em revista32SUSTENTABILIDADEMARCELO BUZAGLO DANTASApesar de fiascos do naipe dos seguidos adiamentos da decisão de fechar os lixões, efeito de ma-nobras nos plenários de Brasília, o legislador da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) não deve ser olhado como um caso perdido de alguém sem noção da vida real, pondera o jurista Marcelo Buzaglo Dantas, luminar da proa do Direito Ambien-tal no país. O x da questão, ele evidencia na entrevista a seguir, é o fosso intocado em oito anos de vigência da lei federal (12.305/2010) da PNRS e que separa o pro-jeto da obra das ferramentas que garantam sua implantação na prática. Em decorrência, deixa claro o advogado catarinense, a norma da PNRS hoje periga alinhar-se entre aque-las leis que, por melhor que sejam urdidas, simplesmente não pegam, não convencem a sociedade. A expectativa de Buzaglo é que o renovado Legislativo ponha enfim a mão na massa e trace as decisões pendentes a partir dos resultados da revisão da lei da PNRS, concluída em agosto último, mas sem conclusões divulgadas até o fechamento desta edição. A menos que o governo Bolsonaro adote outra postura, prevalece o entendimento de que o prazo para término dos lixões, determinado pela lei da PNRS, será prote-lado – pela terceira vez – para 2021. Como enxerga os efeitos desses sucessivos adia-mentos sobre a credibilidade da norma?Um dos principais objetivos da PNRS, para não dizer o mais ambicioso deles, foi o estabelecimento de prazos para o encer-ramento dos lixões.Ambicioso porque, apesar de não se olvidar da imprescindibilidade do encerra-mento dos lixões, é fato incontroverso que o prazo de quatro anos estabelecido pela lei se mostrava desarrazoado, em especial à luz da realidade de maior parte dos municípios brasileiros.Conforme se nota de dados obtidos no Observatório dos Lixões (www.lixoes.cnm.org.br), plataforma criada pela Confedera-ção Nacional de Municípios, de um total de 5.570, cerca de 1.104 sequer possuem informações acerca do modo de disposição de seu lixo. Ou seja, se nem mesmo há um diagnóstico preciso e atualizado da forma de disposição dos resíduos pelos municípios, como acreditar que uma problemática tão complexa como esta seria resolvida em um espaço de tempo tão curto como o de quatro anos? Isso é uma justificativa para os contínuos adiamentos?É fato que não podemos aceitar que os prazos sejam prorrogados para sempre. No entanto, sem um diagnóstico preciso sobre a realidade, é praticamente impossível definir o prazo razoável para atendimento à legisla-ção. Como se sabe, a criação de uma política pública vai muito além do estabelecimento de obrigações e penalidades. É preciso criar medidas estruturais que definam, a partir de um diagnóstico da realidade, as soluções a serem adotadas. Por essa razão, entendo, sim, que devemos pensar em prazos mais razoáveis para encerramento dos lixões. Enquanto o governo concede sucessivos prazos para o poder público se adaptar à PNRS, o setor privado é cada vez mais pressionado pelos órgãos ambientaisBuzaglo: lei da PNRS ainda não vingou na vida real.Dois pesos e duas medidasOutubro/2018plásticos em revista33Acredito até que esta será a postura do novo governo, como já sinalizou o presidente eleito, quando era o deputado relator da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvi-mento Sustentável no Congresso Nacional. Contudo, tais prazos devem ser revistos junto com soluções sistêmicas e eficazes, que ataquem os problemas econômicos, re-gulatórios e administrativos que inviabilizam o encerramento dos lixões pelos municípios, sob pena de mais uma vez nos valermos de medidas meramente paliativas.Houve precipitação do legislador ao regu-lamentar o prazo para o fim dos lixões sem atentar primeiro para o caixa deficitário do poder público, para a ausência de mínima qualificação na maior parte dos municípios para o manuseio do lixo, cuja geração segue crescendo, e para a falta de infraes-trutura para viabilizar etapas como a coleta seletiva Ou seja, o legislador colocou o carro na frente dos bois? Não sei se eu chamaria de preci-pitação. A PNRS tramitou por mais de 20 anos no Congresso até se chegar a uma redação que buscasse conciliar todos os interesses envolvidos; é uma das poucas políticas públicas no mundo a considerar as variáveis so-cial, cultural, econômica, tecnológica e ambiental na gestão de resíduos sólidos e dos rejeitos. A meu ver, o problema é outro. O legislador não atentou que, para a consecução de todos os instrumentos criados, seria necessário aparelhar os órgãos públicos municipais, o que demandaria tempo e investimentos. Para a criação de uma política pública bem estruturada não basta estabelecer os instrumentos, é preciso considerar, dentro da realidade, quais as medidas a adotar para se alcançar uma solução definitiva. Encerrar lixões perpassa não apenas por questões políticas e econômicas, mas questões afeitas ao planejamento e infraestrutura de um município. Em um país tão burocrático e com realidades tão díspares como o Brasil, não é uma lei ampla e irrestrita, aplicada de cima para baixo, que solucionará toda a complexa questão dos lixões, muito menos no reduzido prazo de quatro anos. Por essa razão, o simples aditamento do prazo tam-bém não irá resolver. No I Mundo, os defensores da economia circular, caso do parlamento da Comunida-de Europeia, consideram um dos grandes desafios para o combate da poluição am-biental o descompasso entre as condições disponíveis nos países desenvolvidos e emergentes. Como o Direito Ambiental do mundo desenvolvido decerto inspirou a lei da PNRS, o confronto dessa doutrina com a nossa dura realidade mostra uma visão de gabinete do legislador da PNRS? Nos países desenvolvidos, muito tem se discutido acerca da aplicação da economia circular na temática dos resíduos sólidos. Analisa-se a possibilidade de apli-cação de um modelo alternativo de produção e consumo, de uma nova estratégia de crescimento que permita o desacoplamento do uso dos recursos naturais da expansão econômica. Diante do esgotamento dos re-cursos naturais, os precursores da economia circular da Comunidade Europeia defendem que a política de resíduos sólidos deve ser pensada à luz de três elementos chave: (i) redução absoluta de insumo de recursos, devido ao limite da entropia; (ii) modifi-cações da ordem econômica, em especial repensando a questão de consumo; e (iii) equilíbrio entre dimensões de sustentabili-dade socioambiental. Um exemplo de país que vem discutin-do essa nova forma de ver as políticas de resíduos sólidos é a Holanda. Ali foi criado um sistema econômico que considera a reutilização de produtos e materiais e a conservação dos recur-sos naturais como ponto de partida. Segundo os holandeses, busca-se assim valor para as pessoas, natureza e economia em cada parte do sistema.Pois bem. Apesar de a PNRS ter se baseado, num primeiro momento, nas políticas europeias, e, nesse viés, a economia circular vir despontado naquele continente com poder de influir na revisão em curso das diretrizes sobre resíduos sólidos, tal influência deve ser vista com cautela. A própria Europa apresenta significativas discrepâncias em seu território. De fato, na maior parte do continente, a redução dos aterros sanitários veio junto com um aumento maciço dos incineradores e do tráfico de lixos para países como os africanos, o que não resolveu a questão. Bolsonaro: defensor de prazos mais razoáveis para o fim dos lixões.Lixões no Brasil: lei ampla, irrestrita e aplicada de cima para baixo não funciona.Outubro/2018plásticos em revista34SUSTENTABILIDADEComo fica a PNRS nesse contexto?Acredito que a saída não seja “copiar-mos” esse novo modelo, mesmo porque, como se sabe, em matéria de políticas públicas não há “soluções mágicas”, mas, sim, de pensarmos uma PNRS que tam-bém considere questões de produção e de consumo. Ou seja, que a revisão da PNRS seja realizada para abandonarmos a ideia de uma política de fim de tubo e passarmos a adotar uma política do “berço ao berço”, preconizada pela economia circular.Qual o risco de, por alheamento das con-dições da realidade local, caso dos lixões, penúria de verbas, educação e infraestrutu-ra, a lei da PNRS acabar incorporada ao rol das leis brasileiras que não pegam? De fato, apesar dos excelentes pro-pósitos da norma, a verdade é que, por variadas razões, “ela ainda não vingou”, para usar a expressão típica do jargão popular. Apesar de avanços aqui e acolá, representados pela celebração de alguns densos acordos setoriais, o fato é que a implementação da lei da PNRS ainda carece de efetividade, seja no que se refere à destinação ambientalmente adequada, coleta seletiva, logística reversa etc. Daí porque, mais do que oportuna se revela a revisão proposta pelo Ministério do Meio Ambiente, para que não se trate de mais uma lei que não pega. Para isso, no entanto, temos que ficar atentos para que a revisão seja realmente eficaz e ponha fim às inúmeras celeumas que sua publicação trouxe. É o que se espera do novo governo. Há mais de duas décadas, grandes empre-sas privadas mobilizam-se em catequese ambiental da população com resultados frustrantes em ações para disseminar o descarte correto de refugo pós-consumo. Como fica a sustentação desse trabalho de conscientização se o governo não faz a sua parte, como prova o descumprimento da decisão de findar com os lixões? Realmente, nota-se, na prática, “dois pesos e duas medidas”. Ao passo que o governo concede novos e sucessivos prazos para o poder público se adaptar à PNRS, essa tolerância não se aplica ao setor privado. Este se vê cada dia mais pressionado pelos órgãos ambientais, e, nos piores casos, até mesmo pelo Ministério Público, que tem se posicionado de maneira muito dura no que tange à necessidade da efetiva imple-mentação da PNRS, conforme se nota pelo significativo aumento dos procedimentos investigatórios e até mesmo da propositura de ações civis públicas em face de empresas e de associações. No entanto, a resolução da questão de resíduos sólidos, em especial de responsabilidade pós-consumo, passa por outras questões muito mais complexas e dependentes da integração entre diferentes esferas do governo, múltiplas instituições, diferentes ações e instrumentos. Isso sem falar que ainda deverá contar com a par-ticipação popular, que, como se sabe, é o ponto chave para a consecução do sistema de logística reversa de diversos tipos de resíduos sólidos. Por essa razão, acredita-se, cada vez mais, que a revisão da PNRS seja a oportunidade ideal para definir quais serão os papeis de cada um na correta gestão dos resíduos sólidos, em especial dos consu-midores na logística reversa, pois é fato que não há como se transferir para o setor privado a responsabilidade pela conscientização ambiental da população. Ainda sobre essa catequese ambiental a cargo das grandes empresas privadas, o fato de a população ser cliente delas as impede de defender clara e abertamente a penalização – existente na lei – de quem comete o descarte incorreto. A seu ver, o governo deveria ao menos alertar a so-ciedade para a existência de penalidades para esses infratores, ajudando por esta via a iniciativa privada em seu trabalho de conscientização? Afinal, não só a população desconhece essas multas como o poder público em regra faz vista grossa ao deparar com tais infrações.Sim. Uma questão que continua ador-mecida no Brasil é a educação ambiental, prevista na Constituição (art. 225, §1º, VI) e regulamentada em lei federal (Lei n. 9.795/99). Trata-se de ferramenta que, se bem aplicada, pode contribuir em muito para a melhor implementação da PNRS.Desse modo, o governo não apenas tem que criar políticas públicas de conscien-tização e de educação ambiental para toda a população, como ocorre em diversos outros países do mundo, a exemplo do Japão, como tem que deixar claro na revisão da PNRS qual é o papel de cada um dos setores na correta gestão dos resíduos sólidos.É fato incontroverso que a PNRS cobriu uma enorme lacuna da legislação pátria na problemática de resíduos sólidos, assunto tão importante nos dias atuais. Contudo, muito ainda há que se discutir sobre a sua aplicabilidade no Brasil, em especial no que se refere às obrigações de implantação de sistemas de logística reversa e de responsabilidade pela má gestão dos resíduos sólidos (disposição inadequada).•MARCELO BUZAGLO DANTASLegislativo: decisões sobre os resultados da revisão da lei da PNRS.Outubro/2018plásticos em revista36TENDÊNCIASPONTO DE VISTApisando em ovos quando surgiam ataques pontuais. Se partia para a defesa, o ataque era engavetado e a indústria voltava a cuidar do dia a dia dos negócios, negli-genciando o gigante verde adormecido, carinhosamente chamado de sustenta-bilidade. Hoje, porém as ofensivas não são mais pontuais e ameaçam toda uma cadeia produtiva de valor. Esquecemos o óbvio: mostrar que o plástico, desde o seu surgimento, exerceu papel preponderante no desenvolvimento da sociedade moderna. Nos dias atuais, não alardeamos a contento como as embalagens flexíveis estão cada dia mais relevantes e alinhadas a temas ultra em voga como save food e food safety. De pronto, podemos atestar que embalagens flexíveis com barreira são fundamentais na preservação de alimentos e na sua consequente oferta para mais pessoas, por mais tempo (extended shelf life) e em mais lugares. É por isso que a ONU utiliza pouches metalizados para embalar a chamada ‘fór-mula’, um suplemento alimentar distribuí-do nos locais mais inóspitos do planeta com o objetivo de sanar a desnutrição infantil. Esta embalagem tem que ser suficientemente resistente e com barreiras apropriadas para que os atributos do pro-duto, inclusas condições de nutrição, não se percam nas longas viagens e na falta de uma cadeia refrigerada. E como se trata É preciso aceitar que, nos últimos anos, as diversas críticas sofridas pelo plástico não foram geradas sem algum embasamento. A indústria entende que o plástico tem seus problemas, em particular no ce-nário ambiental. O mundo moderno e as mudanças nas relações de consumo impuseram uma nova realidade: lidamos com um consumidor mais antenado e consciente de que suas ações e opções atuais determinarão o futuro do planeta. E o plástico, por ser material que dura muito, acaba se destacando. Ou seja, a indústria entende e respeita as críticas da sociedade e, de modo geral, apoia e suporta as políticas públicas relativas ao consumo consciente e a reciclagem, es-pecialmente quando inserida na chamada ’nova economia do plástico’, em essência, a economia circular. Mas é preciso uma visão do todo para se chegar a uma solução para esta equação. A cadeia do plástico e, especi-ficamente as embalagens flexíveis, têm muitas vantagens, inclusive sócioam-bientais, que devem ser consideradas e divulgadas. Cabe à indústria fazer sua mea-culpa e assumir: por muitos anos o setor foi mais reativo que proativo, Uma história pouco contadaSeja qual for a régua, os efeitos das embalagens plásticas são muito melhores do que se noticiaJOSÉ BOSCO SILVEIRA JR E ANDRÉ GANI*José Bosco Silveira JrAndré GaniOutubro/2018plásticos em revista37de uma doação humanitária, a embalagem deve se encaixar no orçamento dos órgãos competentes. Nos países desenvolvidos ou em desenvolvimento, a embalagem flexível também tem o seu papel social. Um alimento acondicionado nela invariavel-mente dispõe de um price point inferior ao envasado em embalagens rígidas, possibilitando que mais consumidores tenham acesso ao produto e que novos usuários passem a comprar itens até então ausentes de sua cesta. Ou seja, novos consumidores entrando em categorias de produtos até então ‘proibidas’ a eles pela barreira do preço. Um exemplo clássico de embalagem flexível que derrubou esta barreira de entrada foi o molho de tomate em stand-up pouch (SUP). A tecnologia aplicada aos flexíveis vem derrubando diversas barreiras técni-cas. A principal, sem dúvida, é a da vida de prateleira. Uma embalagem flexível hoje atende aos requisitos de preservação da maior parte dos alimentos, com vantagens além do preço e extensivas à proteção do meio ambiente. A pegada de carbono de uma embalagem flexível é menor. Por ser bem mais leve que uma embalagem rígida, a flexível tem impacto altamente positivo na logística da cadeia de alimentos e bebidas. Exemplo: uma embalagem com capacidade para 340 gramas de produto. No caso do vidro, o caminhão transportará 48% de embalagem e somente 52% de produto. No caso do flexível, este número cai para 6% de embalagem e sobe a 94% de produto! O ganho ambiental desta equação é brutal. Em outro comparativo, uma embalagem rígida de 200 gramas depara com seu equi-valente em flexível pesando apenas 12 gramas. O recipiente flexível derru-ba outras barreiras de entrada, um trunfo para a expansão da própria indústria. Enquanto o investimento na linha para latas pode rondar US$ 30 milhões, o aporte na linha de flexíveis, com tecnologia de ponta, esbarra nos US$ 2 milhões. Mais players na praça garantem maior com-petitividade e quem ganha é o consumidor final, pois passa a contar com mais opções. O público e o varejo ganham ainda com a segurança da embalagem flexível – não quebra – e com a sua acessibilidade – é fácil colocá-la no PDV, inclusive em gancheiras. Enfim, a história real precisa ser contada e os benefícios das embalagens plásticas flexíveis merecem ser propa-gados. Dois deles, em particular, devem ser reforçados. O primeiro é de cunho ambiental: pegada de carbono inferior às de outras soluções de embalagens, mérito em especial de sua leveza. O segundo argu-mento tem conotação social e econômica: o menor custo em toda cadeia produtiva leva à maior concorrência (investimento, material de embalagem, logística, ponto de venda) o que gera preços finais menores e a consequente possibilidade de termos mais consumidores comprando novas categorias de produto.Entendemos que o plástico impacta de alguma forma no meio ambiente e as indústrias do setor têm a responsabilidade de trabalhar para minimizar tais efeitos. Mas vale enfatizar o saldo das análises: há mais benefícios que prejuízos gerados. E é este o alerta para a indústria: é preciso reverter a percepção que a sociedade tem do plástico, contando a sua verdadeira história. Percebemos uma clara dicotomia entre a crença e a prática: o consumidor usa o plástico em praticamente todas as ocasiões de seu dia a dia, mas não conse-gue linkar seus benefícios ao objeto. Por enquanto, quem está pagando esta conta é a indústria de embalagens plásticas. •*José Bosco Silveira Jr. e André Gani são, respectivamente, presidente e diretor de vendas e marketing do Grupo Terphane.Fome no planeta: ONU avaliza plástico para levar alimentos a populações miseráveis.Pouches: embalagens decisivas para a democratização do consumo sem danos ambientais.Next >