< PreviousOutubro/2018plásticos em revista8VISORpara as máquinas brasileiras se aclimata-rem à abertura econômica prometida por Bolsonaro, deixa patente Newton Zanetti, diretor da Pavan Zanetti, nº1 nacional em sopradoras. “A proteção à indústria nacional sempre foi necessária porque governo algum, até hoje, conseguiu reduzir nossa diferença de competição, ou seja, o Custo Brasil, enquanto a concorrência externa em regra não tem esse ônus”, coloca Zanetti. “Se o Custo Brasil for reduzido ficará difícil defender as atuais proteções. A curto ou médio prazo será difícil cumprir este requisito e, até a mudança no quadro, algum tipo de proteção teria que permanecer”.Como Prado Santos, Zanetti enxer-ga hoje a transformação de plástico em luta contra a ociosidade, mas motivada à modernização do parque fabril se sentir que as mudanças defendidas pelo próximo governo não são retóricas. “Temos um longo caminho para retomar a capacidade produtiva porque o desem-prego é muito grande e sem geração de produtos de trabalho não se consome”, observa o industrial. “Se essa abertura for realmente para valer, o transformador terá à sua disposição todo tipo de oferta de máquinas, mas acredito que os fabri-cantes nacionais, também contemplados com mais acesso a determinados com-ponentes de primeira linha do exterior, têm muito a oferecer em termos tecnoló-gicos, fora um nível de assistência nem sempre encontrado com facilidade no comércio das máquinas importadas”. Em seu balanço do ânimo dos compradores de suas sopradoras desde 2015, Zanetti nota que os percentuais de vendas de linhas de maior produtividade e valor agregado, por se destinarem a setores balizados por estratégias de planeja-mento e pelo cumprimento de contratos de fornecimento, esfriaram bem menos que os indicadores de outros segmentos. ÔNUS SEM SIMILAR MUNDIALPaolo de Filippis veste dois cha-péus em sua atuação em máquinas para transformação de plástico.Sua empresa Wortex é referência na montagem na-cional de sistemas de reciclagem, além de atuar na importação de máquinas da parceira italiana Amut. Com base nessa postura, ele avalia com cautela os possíveis efeitos da abertura da eco-nomia defendida por Bolsonaro. “Como é de conhecimento geral, mesmo com as importações já oneradas, setores como os de bens de capital não estão protegidos como muitos pensam”, ele sustenta. “Afinal, o Custo Brasil é muito mais alto que a praxe mundial e decorre de impostos internos que pagamos em cascata e despesas como o custo finan-ceiro de capital. Assim, uma liberação maior do imposto de importação será mais um golpe na nossa já combalida indústria e só se justificará se acom-panhada da redução e simplificação da carga tributária e acesso ao crédito franqueado a empresas de todo porte a taxas nos patamares vigentes em países exportadores de máquinas como os europeus, China e EUA”.Os sistemas fechados de recicla-gem mecânica da Wortex, agrupados sob a marca Challenger, têm conseguido conviver com menos escoriações aos últimos anos recessivos, deixa claro de Filippis. Entre as razões, ele cita o desenvolvimento de soluções para recuperar materiais antes dificultosos de processar de forma econômica e efi-ciente. “A Linha Challenger da geração II abriu a recicladores o processamento de refugos como materiais impressos, multicamada, rígidos e flexíveis ou mis-turados, além de possibilitar a adição de cargas mineriais e masters coloridos”, ele descreve. O rol de inovações segue com o equipamento Challenger Econo-line, para processar materiais rígidos e flexíveis aglutinados pós-consumo, e um sistema para operar ao pé de extrusoras de filme, capaz de reciclar 90 kg/h de polietileno e e 60 kg/h de polipropileno. Se a abertura perseguida Filippis: abertura deve ser acompanhada de reformulação da carga tributária e acesso facilitado ao crédito. Zanetti: se o Custo Brasil baixar ficará difícil defender o protecionismo.MÁQUINASOutubro/2018plásticos em revista9por Bolsonaro emplacar, pressupõe de Filippis, deve crescer a procura por equipamentos importados da Amut, como extrusoras de stretch, equipa-mentos de chapas para termoformagem in line e maquinário para tratamento e reciclagem de lixo urbano, este último item de demanda por ora empacada pela pindaíba do poder público e inseguran-ça jurídica para se firmar contratos de prestação dos serviços. MERCADO MAGNETIZANTE Agente no Brasil do grupo alemão Reifenhäuser, pedra de toque em extru-soras da nata mundial, Márcio Viviani refreia o entusiasmo diante da perspectiva de abertura da economia a partir de 2019. “Nenhuma economia fechada funciona bem, pois limita a competitividade e fa-vorece uma acomodação”, ele interpreta. “Com bens de capital, esses efeitos são multiplicados porque os provedores nacionais tendem a desfrutar de certo protecionismo que não incentiva o de-senvolvimento e os investidores, por sua vez, ficam sem acesso a equipamentos de padrão mundial e perdem exportações por falta da eficiência apresentada pela concorrência estrangeira”. De outro ponto de vista, ele comenta, a simples liberação geral poderia colocar a indústria nacional em incômoda competição com equipa-mentos de origem duvidosa a preços irreais para as condições brasileiras. “Eu sempre defendi a abordagem mais técnica e imparcial”, frisa Viviani. “A pergunta a ser respondida é se os dois equipamen-tos (nacional e importados) em questão são ou não similares. Isso deve definir quando e quanto as barreiras tarifárias se mostrariam procedentes”.Manda a lógica que a redução tarifária alargaria a competitividade em preço dos equipamentos importados num contingente maior de transformadores no Brasil. “É comum depararmos com empresas menores utilizando máquinas ‘até o osso’ por limitação da capacidade de investimento”, nota Viviani. “Mas isso acaba impactando em custo de refugo, energia e produtividade e, desse modo, espera-se que, num ambiente mais previsível, os empreendedores comecem a renovar seus parques industriais com equipamentos nacionais e importados”. Mesmo em tempos nublados, como os dos últimos anos, as marcas globais de máquinas nunca puseram o Brasil de lado, observa Viviani, tomando a Rei-fenhäuser como exemplo. “Vendemos equipamentos de cinco anos para cá e sempre encontramos transformadores que reconhecem a qualidade da tecnologia”, ele argumenta. “Além do mais, um mer-cado de 200 milhões de habitantes nada tem de desprezível”. Na mesma trilha, ele espera que uma conjuntura de abertura e retomada lenta e gradual, dadas as pres-sões inflacionárias, decerto vai mudar a tímida postura até aqui mantida no país por diversos fabricantes internacionais de máquinas básicas e periféricos. “Eles virão disputar este mercado com mais energia”, confia Viviani. •Viviani: abertura e retomada gradativa compõem o cenário ideal.Outubro/2018plásticos em revista10OPORTUNIDADESNo Brasil, já se disse, até o passado é incerto. É uma imprevisibilidade tão entranhada que extrapola da memória nacional para áreas inusitadas como as embalagens. Ao longo do século passado, as garrafas de vidro perderam o envase de leite para sacos monocamada que, por seu turno, acabaram botinados por frascos soprados opacos e pela caixa cartonada. Pois o mundo gira e a Lusitana roda e eis que a Letti, marca do cimo da nata do leite fresco, põe nos pontos de venda seu produto acondicionado em garrafas PET cujo design e transparência aludem ao vidro retrô e, para completar, redescobrem o apelo de marketing no reduto brasileiro de leite contido na visu-alização direta do alimento embalado pelo consumidor final. “Queremos mostrar nosso produto como ele realmente é, não temos o que esconder”, reitera Taís Jank, executiva integrante do processo de renovação da gestão e da marca Letti, na praça desde 2007 e, fora o leite tipo A, seu portfólio inclui derivados como creme de leite pasteurizado, queijo frescal, iogurtes e coalhadas. Letti é a marca de varejo da Fazenda Agrindus, controlada pela família Jank e possuidora de 1.700 vacas holandesas em fase de lactação.Sua produtividade atual é dimensionada em 60.000 litros diários e a industrialização dos lácteos transcorre a menos de 10 metros da ordenha. Junto comTaís, formam na proa da revitalização do negócio a irmã Diana Jank e, nas vestes de sócios, Eduardo Eisler (ex Tetra Pak) e sua filha Einat. Eles encaram a empreitada como uma startup, imagem cimentada por ações como a criação do portal www.Mania DeLeite.com.br, desenhado para vender leite fresco e derivados Letti direto da fazenda à casa do internauta. “Trata-se de um super-mercado virtual no qual o consumidor pode receber a compra em até 24 horas depois da produção dos itens escolhidos e, na fase inicial, a ferramenta está disponível para o mercado paulista”, delimita Diana Jank.O preço médio do litro de leite Letti varia de R$ 5 a R$ 6 e a garrafa plástica trans-parente, ave rara em gôndolas apinhadas de frascos brancos e caixas cartonadas, cumpre a contento as incumbências de proteger o alimento e manter suas propriedades essenciais. Formador de opinião na tecno-logia de recipientes de PET, Paulo Carmo, gerente do negócio de embalagens no país Novo com pegada retrôLetti decola em leite fresco com garrafas transparentes de PET alusivas aos modelos de vidro do passadoLETTILeite fresco Letti: PET proporciona conotação de transparência da produção ao consumo. Outubro/2018plásticos em revista11da canadense Husky, dínamo global em injetoras do poliéster, observa que a garrafa da Letti provém de pré-formas transparentes e monocamada e como por ora envolve volumes relativamente pequenos, a linha de produção cabe à máquinas que integram injeção e sopro numa etapa, em vez da clás-sica estrutura para largas tiragens a cargo da injeção da pré-forma separada do sopro da embalagem. “Como trata-se de leite fresco com shelf life aproximado de 15 dias e distri-buído em ‘cadeia fria’, não há necessidade de se recorrer uma estrutura multicamada para prover barreira à luz destinada a viabilizar shelf life na faixa de seis a nove meses, período requerido para alimentos como leite longa vida”, argumenta o especialista. No âmbito da chamada “cadeia fria”, esclarece Carmo, “o produto é envasado e vai direto a um refrigerador e dali é levado por caminhão refrigerado para ser vendido em refrigerado-res em supermercados e padarias. O leite da Letti integra a categoria de alimentos frescos e de consumo imediato. “Como a sua vida útil não é longa e não está exposto em demasiado à luz, ele não exige envase em garrafa opaca”.No consenso do time responsável pela renovação da Letti, os micronutrientes do leite mostram mais sensibilidade à luz, uma questão solucionada pela proteção UV da embalagem. A intenção da Letti ao Equipe de renovação da marca: Einat Eisler, Diana Jank, Eduardo Eisler e Taís Jank.Carmo: shelf life reduzido e distribuição em cadeia fria dispensam necessidade de barreira à luz na embalagem.Outubro/2018plásticos em revista12OPORTUNIDADESLETTIeleger a garrafa de PET 100% reciclável (frasco, rótulo e tampa modelo batoque abre fácil), salienta a equipe, foi criar uma forma diferente para o consumidor entender o leite fresco, inclusive pela ênfase do conceito da transparência desde o processo ao consu-midor final. “Queremos recuperar algo que ficou esquecido no passado. Mostrar o leite branco em embalagem transparente traz de volta – e revela a quem não teve – a experi-ência e oportunidade de ter o alimento como sempre foi: fresco, original e entregue da fazenda direto ao lar do consumidor”. Assim veio à tona, assinalam os dirigentes da Letti, uma embalagem de PET sem ranhuras, “que nos remete às garrafas de vidro entregues em casa no passado”. se mantidas as condições de refrigeração prescritas nos rótulos, os produtos da Letti permanecerão aptos ao consumo ao longo de sua vida útil.Hoje em dia, a Letti comercializa cerca de 15.000 litros diários de leite e derivados, volume projetado para ser duplicado no início de 2019. Os responsáveis pela marca sublinham sua aversão a brigar por preço. “Oferecemos um produto fresco e de extre-ma qualidade, produzido por rebanho A2A2, e queremos vender o valor agregado a isso atingindo quem se lembra do leite como ele sempre foi, além do público mais jovem, atrás de marcas com propósitos, garantias de origem e conhecimento da procedência dos produto que consome”. embalagem de leite fresco foi concebida a quatro mãos pelo staff da Leitti e da Amcor Rígidos, fornecedora do frasco, rótulo e tampa. Segundo avaliação da transfor-madora, a garrafa transparente de PET é desenvolvimento pioneiro no gênero no país e protege o frescor do leite durante o shelf life de 15 dias. “No mercado brasileiro de leite fresco, o padrão corre por conta da garrafa branca opaca de polietileno de alta densidade (PEAD) e, aliada à Amcor, a Letti se diferencia dando ao consumidor a transparência que ele deseja. No plano ge-ral do I Mundo, o consumo de leite fresco supera o de UHT (longa vida), daí vermos tantas embalagens transparentes nesses países em comparação com os pontos de venda daqui”. Outra inovação salientada na embalagem é a concepção do gargalo e tampa, tipo linerless. “Dispensou o selo termoaplicado e facilitou a conveniência do alimento”. Outro ponto alto frisado é a resistência da garrafa para acolher rótulos termoencolhíveis sem depender de refor-ços e sem sua aplicação gerar estrias no corpo da embalagem. A Amcor Rígidos informa que a garrafa da Letti resulta do processo num único estágio de injeção/sopro de PET. “A tecnologia oferta melhor qualidade e acabamento, em padrão con-dizente com a imagem premium da marca Letti”, atesta a transformadora. •Creme de leite: PET recoberto por rótulo sleeve azul.Fazenda Agrindus: produção de lácteos próxima da ordenha.Taís Jank sustenta que validade de 15 dias assegurada para o leite fresco da Letti é a maior do mercado. Segundo o time envol-vido na atualização do negócio, não há leite cuja qualidade alcance o nível do tipo A.O que implica maior shelf life e, quanto melhor a qualidade do leite cru, maior a vida útil do tipo pasteurizado e seus derivados. No caso, a duração significa preservar em perfeito equilíbrio as características do alimento do dia da sua produção à sua validade. Assim, A equipe estuda a possibilidade de transpor todos os produtos Letti para embalagens transparentes e recicláveis. “A embalagem do creme de leite fresco segue o mesmo conceito de transparência, mas o rótulo sleeve azul a cobre por completo, devido à possibilidade de ocorrer um des-soramento (transformação em soro) natural do creme e capaz de afetar seu apelo visual”.Com design dos rótulos sleeve cunhado pela agência G+P Digital, a Outubro/2018plásticos em revista14SENSORNos últimos anos, o registro de saldo negativo nos balanços da construção civil tornou-se tão clichê quanto à notícia de que o Rio amanheceu sob tiroteio ou que o Brasil virou exportador regular de PVC desde que a recessão fez o consumo doméstico sentir sua mão pesada na nuca. No entanto, não há mal que sempre dure e, com os bons fluidos aspergidos pelo mercado de capi-tais na praça, em função da eleição de Jair Bolsonaro, começam a pipocar na mídia decisões de desengavetar investimentos por parte de empreendedores do naipe de construtoras e, mesmo o varejo de materiais de construção, tem servido de termômetro da moderada volta da con-fiança ao reduto de reformas residenciais. São boas novas aos ouvidos da Mexichem Brasil, demonstra nesta entrevista seu diretor geral Henio De Nicola. Braço local da corporação Mexichem, nº1 em materiais de construção na América Latina e cuja operação abriga atuação na petroquímica (PVC), a Mexichem Brasil preparou-se para a virada a caminho. Nesse ínterim, conforme assinala o dirigente, a empresa montou núcleo de inovação no interior paulista, trata de abrir caminho para seus dutos no setor de telecom e tem reiterado sua estratégia de sacudir o mercado com soluções sem similares locais para os setores predial e de reformas. Em suma, só falta a demanda fazer a sua parte. Porta voz de 140.000 lojas do setor, a Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção (Anamaco) projeta crescimento nas vendas de 6% a 7% este ano. Como avalia esta previsão com base nos cinco anos seguidos de resultados negativos da indústria da construção civil; alto nível de desemprego, crédito caro e de difícil acesso, retraimento de lançamentos prediais e poder aquisitivo para reformas residenciais afetado também pelo dólar volátil e encarecimento dos combustíveis?Projetamos que, após viver seu pior momento, o setor de construção no Brasil amplie uma sinalização de retomada, ainda que discreta, no médio prazo. Ainda sentimos as consequências da falta de grandes obras de infraestrutura e de ações concretas dos agentes fomentadores des-se setor para suprir o enorme déficit de residências no Brasil. Também sofremos ainda os efeitos da crise prolongada e de fatores prejudiciais pontuais, como a greve dos caminhoneiros. O alto índice de desemprego também afeta o nosso mercado, atrasando a decisão de investir em imóveis novos e em lançamentos de empreendimentos pelas construtoras. Um bom sinal é que o consumo das famílias tem melhorado de forma lenta, mas perceptível, porque o índice de reformas como alternativa à troca de imóvel tem aumentado com intensidade maior.MEXICHEMO canteiro de obras vai voltar a sorrir na selfieMexichem confia em retomada discreta mas alentadora da construçãoDe Nicola: ênfase em iniciativas de IoT e de automação da força de vendas.Outubro/2018plásticos em revista15Como os incentivos ao uso mais racional de água e energia urbana têm se refletido este ano nas vendas de soluções da Amanco em desenvolvimentos para surfar nessa tendência?Há mais de uma década oferecemos produtos que facilitam a vida dos clientes. É o caso do Super CPVC, tubo superior aos concorrentes devido à maior resistência à pressão e temperatura, o que alavancou mui-to nossas vendas, pois trouxe algo inovador ao mercado. Também introduzimos a linha Amanco Fire BlazeMaster®, referente a tu-bos e conexões utilizados na proteção contra incêndio em obras comerciais de risco leve. São os únicos produtos no gênero munidos no Brasil da certificação internacional UL FM, exigida pelas seguradoras e grandes construtoras. No meio deste ano, iniciamos a pro-dução da linha CPVC Corzan tubos, adap-tadores, flanges, bucha de redução, joelho e luvas soldáveis etc, também superior aos rivais e voltada à condução de fluidos industriais e de mineração sob pressão. Para completar, investimos no desen-volvimento do primeiro Centro de Inovação Mexichem (CIM) na América Latina, no interior da unidade em Sumaré (SP), e em iniciativas de IoT e de automação da força de vendas com objetivo de conectar a equipe, clientes e público interno em uma só pla-taforma de integração. Ou seja, agora todas as informações estão na palma da mão, dotando-nos de muito mais produtividade e agilidade nas tomadas de decisões.No reduto predial, diversos concorrentes da Amanco têm estendido o braço em produtos de plástico visíveis no interior de residências, como torneiras e perfis de por-tas e janelas. Por que a Amanco não segue nesta direção? Entre os seus segmentos de atuação, qual o mais prejudicado pela economia nos últimos anos?Não lançamos produtos apenas para competir com outros, principalmente se não estiverem no nosso horizonte de atuação. Somos uma empresa “Purpose Driven” cujo mostruário de soluções deve incorporar cada vez mais o novo, o simples, aquilo que vai facilitar de uma forma significativa a vida dos consumi-dores. Quanto à área ou segmento de produtos mais afetados pela duração da crise, aponto o setor de infraestrutura, por motivos óbvios. Qual a possibilidade de Mexichem intro-duzir no Brasil produtos de suas marcas internacionais Wavin e Dura-Line, tal como já ocorre com Netafim e Amanco? Já operamos no Brasil com a Dura--Line, desde abril de 2017, na fabricação de dutos e microdutos de polietileno para abrigar cabos e fibra óptica. A novidade tem como diferencial o uso da tecnologia sili-cor, um lubrificante que serve para “soprar” a fibra óptica, obtendo maior produtividade e menor risco de quebra na instalação. Outra característica benéfica é o fato de interferir menos na paisagem urbana e, assim, evitar o horror que deparamos nos grandes centros com o emaranhado de fios e cabos pendurados nos postes. Além do mercado interno, a operação de Dura-Line no Brasil atende os mercados da Argentina, Paraguai e Uruguai. Isso ressalta a importância do Brasil na política de diversificação das áreas de atuação da Mexichem, pois a Dura-Line é líder mundial em dutos e microdutos para fibra óptica. Já com relação à Wavin, marca con-siderada a “Amanco europeia”, trouxemos para cá algumas inovações interessantes. Por exemplo, a linha Quickstream, sistema (sifônico) extremamente eficiente e veloz na coleta de águas de chuva, e a nacionaliza-ção de alguns produtos desenvolvidos no centro de tecnologia da Wavin na Holanda. Quais as soluções do mostruário internacio-nal da Mexichem, ainda inéditas no Brasil, com mais possibilidades de desembarque no mercado brasileiro a curto prazo, seja via produção local ou importações? Como uma empresa “purpose dri-ven“, posso garantir que estamos e estare-mos trabalhando para lançar produtos que atendam aos anseios dos consumidores, com aplicação cada vez mais simples e prática, não importa se inicialmente im-portados ou com fabricação local. Temos ambas as possibilidades de competir. Além desses produtos, a intenção é desenvolver num futuro próximo um núcleo de soluções integradas, de forma a oferecer um pacote único sob marca e responsabilidade da Amanco, no qual uniremos a qualidade dos produtos com a dos parceiros e colabora-dores na parte de instalação.•Super CPVC, CPVC Corzan e Amanco Fire BlazeMaster®: inovações para acompanhar a evolução tecnológica da construção civil.Outubro/2018plásticos em revista16ESPECIALPRODUTOS DE LIMPEZAEscaldado pelas lambadas da re-cessão nos últimos anos, causa inclu-sive do fechamento de 50 empresas em 2016 e de ociosidade acima de 20% na capacidade instalada, o setor de produtos de limpeza fecha 2018 em clima de convalescença com esperança de receber alta no decorrer de um restabelecimento gradati-vo. “Encaramos 2019 com uma perspectiva otimista e cautelosa”, atesta Paulo Carvalho Engler Pinto Jr., diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins (Abipla). “A crise profunda desde 2015 enfraqueceu o poder aquisitivo, po-rém descortinam-se novas possibilidades de melhorias”.Pelo radar da entidade, o valor da produção em 2017 foi dimensionado, com base num universo calculado em 1.941 fabricantes, em R$ 22,3 bilhões, enquanto a receita fechou n a faixa de R$ 29,4 bilhões. Para um exercício de instabilidade econômica acentuado na prática pelo ambiente elei-toral e conturbado também pelo dólar volátil, greve dos caminhoneiros e encareci-mento dos combustíveis e fretes, a Abipla vislum-brava na última edição de seu anuário a continuidade da melhora esboçada em 2017, prevendo incremento de 2,7% no desempenho do setor em 2018. Sem da-dos à mão, Engler degusta as promessas de dias mais azuis com moderação. Entre os prós nessa direção, ele assinala que determinados itens primam por demanda inelástica, “Ou seja, há certa linearidade no consumo dada a importância desses pro-dutos e, vale lembrar, o setor tem relação direta com a saúde pública”. Na esfera da inovação, Engler distingue a adesão no ramo a formulações de impacto ambiental decrescente e tecnologias de compactação/ concentração. “Reduzem a quantidade de plástico nas embalagens e facilitam a logística e armazenamento, por exemplo”. Em paralelo, o dirigente encaixa que seus filiados, no geral, começam a pensar no e-commerce como um modal. OPORTUNIDADES DE CRESCIMENTO“O faturamento da indústria de lim-peza deve crescer este ano pouco acima de 2017”, julga Rafael Pellegrini, analista da Euromonitor International. Entre as justificativas, ele aponta para o desempe-nho do mercado aquém do seu potencial, decorrência da crise e, a tiracolo, as altas taxas de desemprego e endividamento familiar. “No entanto, espera-se um reto-mada mais encorpada a partir de 2019 se O setor de limpeza doméstica começa a polir suas expectativasEngler: tecnologias de compactação/ concentração reduzem a quantidade de plástico nas embalagensOutubro/2018plásticos em revista17ESPECIALconfirmadas as expectativas econômicas hoje ventiladas”, ele coloca. “Além do mais, aspectos conjunturais mais per-sistentes desvendam oportunidades de crescimento, a exemplo do baixo índice de gasto per capita do brasileiro versus outros mercados emergentes e desenvolvidos”. Pellegrini exemplifica com o dispêndio brasileiro em média abaixo da metade do desembolso feito pelo consumidor norte--americano. O comparativo leva em conta as assimetrias socioeconômicas dos dois países, mas, diferenças à parte, o analista se apega ao peso de fatores e hábitos da nossa população, em vínculo direto com a indústria de limpeza. “Nesse cenário, seguem em alta categorias mais comoditizadas e de baixo nível de diferenciação, tipo água sanitária, de-sinfetantes, detergente líquido para lavar roupa ou sabão em barra”. As-sim, se a economia voltar a respirar sem aparelhos, ele condiciona, novos produtos de maior valor agregado “serão os gran-Pellegrini: elasticidade dos preços tornou o consumidor mais racional.Detergente líquido para lavar louça: categoria commodity imune à recessão.Atacarejos: vendas a tiracolo da busca de custo-benefício.des vetores do crescimento da receita da indústria de limpeza doméstica”. A alta elasticidade de preços no setor, ele pondera, intensificou-se nos últimos anos, um período em que o consumidor se tornou mais racional. “Daí o aumento nas vendas de embalagens econômicas, como refis ou recipientes maiores, em especial em categorias a exemplo de desinfetantes, alvejantes, amaciantes e detergentes em pó”, ilustra Pellegrini. “A procura por custo-benefício também ampliou o espaço para marcas de combate e regionais, em particular nas categorias mais comoditi-zadas e de menor índice de diferenciação, quadro por sinal potencializado por canais de rápido ajuste a essas novas demandas, Next >