< PreviousSetembro/2018plásticos em revista40ESPECIALDISTRIBUIÇÃO/PIRAMIDALAo contrário do plástico, números não se prestam a transformações e falam por si. Em 2014, o Brasil produzia 7,1 milhões de toneladas de transformados e, três anos depois, o volume recuava 1 milhão de toneladas. Alheia à esta descida da ladeira, as vendas da Pira-midal emplacaram 79.343 toneladas em 2014; 80.235 em 2015; 81.462 em 2016; 85.864 em 2017 e a previsão é de fechar 2018 com 97.000 toneladas faturadas. A progressão é similar em termos de receita: R$ 575 milhões em 2014; R$ 595 milhões em 2015 e 2016, passando a R$ 659 milhões em 2017 e R$ 800 milhões projetados para o faturamento de 2018. A carteira de pedidos acelerou com o mesmo torque. De 3.954 clientes aten-didos em 2014, o efetivo pulou a 4.037 em 2015; 4.168 em 2016; 4.313 em 2017 e 4.500 antevistos para o exercício atual. A propósito, Cataldi insere dispor hoje de 2.327 clientes ativos, mas a Piramidal estende seu relacionamento a um contin-gente arredondado em 12.000 empresas, entre transformadoras, componedoras e indústrias fora da cadeia plástica mas com braço em atividade de moldagem de resinas. Com este lastro no barco, a fatia da Piramidal no mercado da distribuição de resinas zarpou de 21,03% de 397.000 toneladas em 2014 para projetados 23,5% de 434.000 toneladas este ano.A infra da Piramidal liga-se feito corpo e alma ao pique da engorda do balanço. Hoje em dia, abrem Cataldi e Santos, o quadro responsável pela receita a caminho de R$1 bi não passa de 155 funcionários, 25 representantes e 14 vendedores internos. A renovada frota própria alinha 50 caminhões distribuídos por estoques em quatro regiões, totali-zando área de17.000m². No Nordeste, constam o centro de distribuição (CD) de Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco, e o de Camaçari, na Bahia, aberto neste último trimestre. No Centro-Oeste, fica o CD de Aparecida de Goiânia, empreendi-mento terceirizado tal como a base logís-tica em Duque de Caxias, no Grande Rio, uma das duas da Piramidal no Sudeste, ao lado do CD em Santana do Parnaíba, na Grande São Paulo. No Sul, alinham--se dois CDs no Paraná, em Londrina (terceirizado) e São José dos Pinhais. Em Santa Catarina, também dirigido à venda de matéria-prima importada à sombra dos incentivos fiscais, figura o recém inaugurado CD em Navegantes. O fecho na região cabe aos dois CDs gaúchos, em Cachoeirinha e Caxias do Sul. Todos os 10 estoques, frisam Ca-taldi e Santos, estão munidos dos mais de 1.500 grades integrantes do cardápio da Piramidal. Hoje em dia, eles situam, as poliolefinas da Braskem, da qual a empresa é o mais antigo e maior agente, respondem por 65% do movimento. Polietileno (PE) e polipropileno I(PP) podem ser os carros-chefes do varejo dos plásticos, mas como as margens de lucro deixadas pela sua distribuição são apertadas, a meta imediata da Piramidal é baixar a 50% a participação dessas re-sinas em suas receitas, cabendo a outra metade ao leque dos demais materiais.O novo perfil da Piramidal, confir-mam os dirigentes, já aflora na comer-cialização de copolímero de acrilonitrila butadieno estireno (ABS), por meio da atuação como canal multibandeira, modelo aliás vetado pela Braskem para poliolefinas. “Vendemos os grades no-bres da alemã Ineos Styrolution e básicos da saudita Sabic ”, ilustram Catadi e Santos. Ainda em estirênicos, a Pirami-dal é agente oficial de poliestireno (PS) da Unigel e, no circuito dos nichos de baixo preço do polímero, compra resina na praça e a revende sob a marca Piralex. Outra frente de marcas próprias, distin-guem os dirigentes, são as soluções completas de materiais misturados por componedores contratados. “É o caso de Piraflex, combinado de polietileno, poliuretano termoplástico, gel e aditivo para a produção de condutores elétri-cos”, ilustra Cataldi. O esquadrão dos termoplásticos commodities fecha por ora com PET da PetroquímicaSuape e, retomando o fio Atendimento: inteligência artificial pavimenta ingresso na precificação dinâmica. Setembro/2018plásticos em revista42ESPECIALDISTRIBUIÇÃO/PIRAMIDALdos materiais de engenharia, a Piramidal vende poliacetal da coreana KEP e, fora ABS, polímeros tipo policarbonato e especialidades como óxido de polifeni-leno/ PS da Sabic, além de compostos de poliamida (PA) 6 da norte-americana AdvanSix e polímeros de PA 6 e 6.6 da holandesa DSM, cuja comercialização no país foi repassada a três empresas locais. “Respondemos por 90% do movimento de PA da DSM no país, com uma penetra-ção na indústria automobilística que nos brindou com clientes do porte e gabarito dos sistemistas. com quem participamos de desenvolvimentos de peças, como coletores de admissão, especificando materiais”. Este atendimento, por sinal, é capitaneado na Piramidal por Edson Simielli, ex-diretor da Sabic no Brasil e cobra-criada no setor automotivo. Na corrente dos intermediários, completam Cataldi e Santos, a Piramidal comparece por enquanto em dois flancos: na rotomoldagem com PE micronizado no Brasil pela componedora A.Schulman e em laminados flexíveis com adesivos da Henkel. Todo este hardware fornido com 10 bandeiras, 10 CDs e vendas anuais a bordo de 100.000 toneladas é orques-trado pelo Centro de Gerenciamento de Relacionamento, já pronto para perso-nalizar o que Cataldi e Santos chamam de distribuição 4.0. A viga-mestra dessa revolução, eles salientam, é uma interface de ferramentas cuja base de dados de sustentação consumiu cerca de três anos para atingir a envergadura necessária. Cataldi começa por um programa que, ele sustenta, apenas a Piramidal desfruta no varejo nacional do plástico: o software corporativo SAP, sistema integrado de in-formações por módulos de todas as áreas da organização. Outro ás na manga é o software de roteirização Road Show, para apontar soluções para lapidar a economia logística pela seleção de rotas, monitora-mento e pontualidade do frete, descreve o distribuidor. Por fim, ele amarra as pontas, a Piramidal usufrui desde janeiro último os préstimos do software CRM Oracle com inteligência artificial e vocacionado para aprofundar a gestão do convívio com o cliente. “Está em fase de acúmulo de informações e acompanhamento das Logística: mais de 1.500 grades em estoque e roteirização digitalizada com respaldo da renovada frota própria.Santa Catarina: novo CD também vende resina internada pelo porto de Navegantes.Setembro/2018plásticos em revista43ESPECIALrelações comerciais ”, assinala Cataldi. “O passo seguinte será um recurso utilizado no varejo de bens de consumo, o forne-cimento de ferramentas desenhadas por produtos, mercados e perfis dos clientes, a exemplo da precificação dinâmica das matérias-primas, estabelecida ao sabor do momento da demanda e das ofertas con-correntes”. Tem mais pela frente: o clima 4.0 será acentuado, antecipa o empresá-rio, pela incorporação ao CRM Oracle de algoritmos para aguçar o desempenho da Piramidal no lead time, por exemplo, garantindo a presença do produto no CD quando o comprador precisa dele, e na prospecção de oportunidades para mate-riais até então não adquiridos pelo cliente mas com espaço em seu setor.Além da clonagem de ideias, o varejo do plástico costuma presenciar o esforço de distribuidores por recrutar talentos formados em concorrentes. Com três dé-cadas de janela, Cataldi e Santos já viram e passaram de tudo no ramo e aprenderam a não se abalar com esse tipo de desfalque em RH. “Por melhor que seja, um sax não supera a orquestra”, sustenta a dupla. • Indústria automobilística: parcerias com sistemistas para especificar materiais de engenharia. Setembro/2018plásticos em revista44SUSTENTABILIDADEFLEXFRESHNº1 do Brasil na produção de melão e melancia e na exportação de frutas in natura, a cearense Famosa Agrícola tem tudo para também largar em primeiro numa frente do desenvolvimento sustentável. Após prolongados experimentos, ela já avalia o transporte marítimo para a Europa de papaia embalada em FlexFresh, patenteado filme da indiana Uflex que se biodegrada quando submetido à compostagem. “Papaia é uma espécie muito sensível e, com base nos ensaios bem sucedidos, enxergamos a oportunidade de oferecer FlexFresh para outras frutas e vegetais no mercado brasileiro”, adianta N. Siva Shankaran, vice-presidente da Uflex. Na ativa desde 1985 e sediada em Noida, cidade satélite de Nova Delhi, a Uflex é a maior transformadora de flexíveis da Índia, com faturamento da ordem de U$1 bilhão e, além das bases no país de origem, possui fábricas nos Emirados Árabes Uni-dos, Polônia, México e EUA, sendo verbete global em filmes como os biorientados de poliéster (BIOPET) e polipropileno (BOPP). FlexFresh é produzido desde 2014 em Noi-da para suprimento mundial e a hipótese de transpor a película a outras plantas da múlti indiana depende do volume de pedidos e da base de clientes no continente em vista, condiciona Shankaran.Em parceria com a holandesa Perfotec B.V, a Uflex concebeu FlexFresh para ampliar a vida útil de alimentos frescos da Índia. Os pesquisadores constataram que nenhum polímero convencional testado para ampliar o shelf life de frutas in natura apresentava, em separado, desempenho igualmente satisfatório nas funções de barreira à água e ao oxigênio. As soluções de flexíveis então conhecidas duelavam com o problema de condensação da água no interior do saco e os frutos assim pro-tegidos acusavam intensa transpiração. A tecnologia de atmosfera modificada foi reprovada nos ensaios pelo alto teor de dióxido de carbono dentro dos sacos, alterando as propriedades organolépticas, um ponto crítico devido à necessidade de oxigênio para manter o produto em con-dições aeróbicas. Durante a transpiração, a umidade libera e condensa no interior da embalagem, infeccionando o alimento fresco com fungos e bactérias.A partir de não revelado polímero de fonte renovável, FlexFresh foi cinzelado como embalagem capaz de assegurar as requeridas barreiras ao oxigênio e água em alto nível. Ao conservar 98% da umidade no interior da embalagem, o biofilme mantém o conteúdo totalmente seco, zerando a possibilidade de condensação da umidade e, por tabela, assegura baixa perda de peso A pausa que refrescaFilme biodegradável indiano retarda deterioração de hortifrútis exportadosRomãs para exportação: economia com frete marítimo viabilizada por FlexFresh.Setembro/2018plásticos em revista45ao alimento envasado que, por sua vez, continua a respirar no oxigênio hidratado no interior do saco. FlexFresh alia a ferramenta da atmosfera modificada ativa aos présti-mos do medidor de respiração rápida e do sistema de perfuração a laser, tecnologias providas pela Perfotec B.V. O medidor verifica a taxa de respiração do produto envasado, informação utilizada para o sistema a laser adaptar a permeabilidade do filme polimérico com auxílio da matriz de perfuração. A compostagem da embalagem transcorre na média de 180 dias. “A principal vantagem de FlexFresh é proporcionada pela logística, através da mudança da remessa aérea para a marítima, economizando custos e mantendo o frescor do produto embalado com mínima perda de peso sob o transporte mais demorado”, salienta Shankaran. “Além do mais, salienta, o filme é 100% biodegradável e supermercados no mundo inteiro cobram incansavelmente embalagens sustentáveis para alimentos frescos”. Ao reduzir o teor de oxigênio no pacote, reitera o vice-presidente, FlexFresh retarda a incidência de oxidação, garante menor perda de umidade e afasta a possibilidade de a condensação causar a deterioração do conteúdo. “Até hoje desconhecemos filme monocamada biodegradável capaz de atender a um espectro tão vasto de alimentos”, acentua o dirigente.Na Europa, distingue Shankaran, sacos de FlexFresh são empregados para o transporte de itens como aspargos, brócolis, blueberries, couves, cerejas, ervas feijão, cebola ou ervilhas, caminhos abertos pela Uflex aliada a supermerca-distas e agricultores. “Na América Latina, o filme faz sucesso em banana e abacaxi da Costa Rica, blueberries, uvas, romãs e cerejas no Chile e flores no Equador”, alinha o executivo. As flores, por sinal, são vistas como um jardim sob medida para FlexFresh brotar. No caso, a típica cadeia de suprimentos parte do agricultor com escalas morosas nas centrais atacadistas, revendedores e floriculturas até chegar ao consumidor. As plataformas de e-commerce encurtam este trajeto, aproximando o reduto do cultivo ao público final e, no embalo, a Uflex acena com a proposta de se remeter pelo correio flores encomendadas on line e embaladas em FlexFresh sem água, evitando o risco de contaminação cruzada no contato com outros produtos nos malotes postais. Pelas análises da transformadora indiana, o biofilme preserva as flores despachadas por 10 a 15 dias, prazo por sinal suficiente para revendas e floristas planejarem estoques para vendas em datas temáticas. A Perfotec B.V responde pela distri-buição oficial de FlexFresh no continente americano. “Isso se deve à necessidade de um trabalho conjunto para assegurar que a tecnologia de expansão de shelf life seja aplicada com base nos procedimentos que estabelecemos”, justifica Shankaran. “No entanto, pretendemos contar com um distribuidor local que possa trabalhar com a Uflex e a Perfotec para começar a desbravar o mercado do Brasil. No momento, temos Papaia: porta de entrada para FlexFresh no Brasil.Shankaran: Uflex busca distribuidor para o biofilme no Brasil.Comércio on line: plataforma viabiliza entrega pelo correio de embalagem de flores sem água com FlexFresh.Setembro/2018plásticos em revista463 QUESTÕESNão há crise que barre a tecnologia e o mercado é como a Mãe Natu-reza: não perdoa quem não evolui. Wilson Carnevalli Filho, diretor da Carnevalli, presencia o cumprimento dessa lei da selva no cotidiano da demanda de suas extrusoras blown e flexográficas. Nesta entrevista, ele expõe e justifica a continuidade da procura, alheia à crise desde 2015, por suas máquinas de ponta.1O mercado brasileiro patina há quatro anos. Como explica o aumento da deman-da interna por suas coextrusoras e flexográ-ficas de maior capacidade e sofisticação? Em primeiro lugar, porque junto com uma crise vem a necessidade de baixar custos e o investimento muitas vezes ajuda nesse ponto. Um equipamento novo pro-porciona reduções nos custos de produção como a diminuição do consumo de energia, um dos gastos de maiores reajustes ao longo desses últimos anos. Por seu turno, o aumento da capacidade gerado pela linha nova converge para dispensa de máquinas defasadas e possibilita o emprego de menos mão de obra ou até igual, mas com maior produtividade e qualidade do produto final, entre outras compensações. Além disso, o Brasil é bem grande e muitos Estados e municípios ainda acusam crescimento em ritmo lento pois carentes de produtos e serviços que, aos poucos, passam a ser fornecidos localmente .2Quais as referências em sua carteira da procura por coextrusoras e flexográficas mais produtivas e avançadas?Aqui no Brasil as coextrusoras de três camadas são as mais vendidas. Chegamos a produzir modelos de até 3.000 mm de lar-gura útil e produção de 600-700 kg/h para filmes técnicos, laminação e shrink. Ainda nessa largura temos condições de montar equipamentos com até três bobinas de um metro de cada lado. Hoje o recurso mais procurado em coextrusoras sofisticadas são os sistemas de controle e correção de espessura automáticos. No plano geral, fil-mes multicamada com barreiras continuam com demanda intensa, razão pela qual já estamos com coextrusoras de nove cama-das no portfólio. Quanto a filmes não de-pendentes de alta barreira, a grande maioria da produção concentra-se em estruturas de três e, no máximo, cinco camadas, sempre visando o preceito da sustentabilidade de que menos é mais. Afinal, coextrusoras de cinco camadas fornecem filmes mais finos, aliando menos volume de matéria-prima e gasto energético com mais produção. A liderança nas vendas das máquinas de três camadas é seguida de perto pelas versões de cinco, pois são as de melhor custo-benefício e facilidade de operação. Hoje em dia, mais de 40% das nossas vendas são para o exterior e, no caso dos filmes, o movimento é dominado por coex-trusoras de médio porte e monoextrusoras multiuso, provendo desde sacolas e sacos de lixo a shrink.Nas flexográficas, nosso destaque são as impressoras de oito cores Amazon HT, com troca on board de anilox e camisas porta clichê. A série se diferencia pela rá-pida troca de set-up, pois possui o mesmo sistema de troca de camisas, tanto anilox como porta clichê, das máquinas gearless. Outro ponto alto é a linha Amazon de até 10 cores e velocidade máxima de 300 m/min, dedicada a sacarias, em especial de ráfia, também munida de troca on board de camisas.3Quais os próximos passos em termos de incremento da automação e infor-matização que cogita implantar em suas coextrusoras e flexográficas até o final de 2019?Os próximos passos são em direção a indústria 4.0. Todas as nossas máquinas estão sendo preparadas para receber software de planejamento e inclusão no conceito da fábrica inteligente. Assim, será possível medir e apontar indicadores mais apurados como produtividade versus consumo de energia, produtividade por turno de trabalho, índice de aparas gera-das no processo, a quantidade de paradas ocorridas durante um pedido, capacidade do recurso máquina e do recurso mão de obra. Tudo isso em tempo real via web . •Filme bem orientadoCrise não engessa procura por máquinas premium da CarnevalliCARNEVALLICarnevalli Filho: demanda por linhas de ponta reflete um mercado ainda longe da saturação.Coextrusora de 5 camadasFlexo Amazon HTNext >