< PreviousJulho/2018plásticos em revista18OPORTUNIDADESComer fora ficou caro a ponto de, ao menor descuido, o mês transbordar da carteira. Pes-quisa em 51 municípios tirada do forno pela Associação das Empresas de Benefício ao Trabalhador situa acima de R$ 34 o custo médio nacional de uma refeição com prato principal, bebida, so-bremesa e café. Para quem faz conta, este gasto em 22 dias de expediente mensal abocanha 80% do salário mínimo. Razão de sobra para 61% dos trabalhadores, atesta estudo das empresas Alelo e Ibope Conecta, diminuírem a frequência das idas a bares e restaurantes. Mas, por mais seco o limão, o caminho nunca fecha para a limonada e, terceira lei de Newton, para toda ação existe uma reação. Ao freio puxado na comida na rua contrapõe-se rédea livre para o mercado de delivery (entrega de comida pronta), um prato cada vez mais cheio para embalagens termoformadas de po-lipropileno (PP).“Para este ano, o faturamento estimado para o setor delivery e on the go (consu-mir no percurso) é de R$12 bilhões contra R$ 8 bilhões em 2014”, cruza os dados Célio Salles, membro do conselho de administração da Associa-ção Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), com cerca de um milhão de filiados. No segundo trimestre de 2017, assinala o dirigente, a Abrasel colocou a lupa sobre o segmento delivery. “Vi-mos que 46% dos estabelecimentos pesquisados já ofereciam o serviço como estratégia para aumentar vendas”, delimita Salles. “Entre quem trabalha com entregas, 49% o fazem há mais de três anos e chama a atenção o contin-gente de 44% que adotou o delivery há menos de dois anos, efeito do interesse do empresariado em diversificar os canais de comercialização”. O mesmo levantamento aponta que apenas 29% dos estabelecimentos procurados ainda trabalham com pedidos de entregas feitos por telefone, em contraste com a erupção do uso do atendimento di-gital. “58% dos respondentes utilizam Um prato cheioEmbalagens termoformadas fazem a festa na entrega de refeiçõesDELIVERYRequinte: componentes da refeição em separado.Salles: salto de 50% no faturamento em quatro anos. Julho/2018plásticos em revista19plataformas coletivas e 13% lidam com ferramentas próprias de e-commerce”, distingue Salles. Pelo cômputo da Abra-sel, o movimento delivery responde por cerca de 30% da receita de todo tipo de estabelecimento que serve comida em suas dependências, desde bar e restau-rante a hotel ou casa noturna.Salles projeta na média de 2% e 4% a participação das embalagens no custo de uma operação delivery e não há como eleger o tipo de recipiente mais consumido, culpa da pluralidade de alimentos e respectivas singularidades. “Por exemplo, pizza e comida chinesa ainda são domínios das caixas de pa-pel”, diz. No plano geral, o especialista sustenta haver ainda muito caminho para as embalagens de delivery serem requin-tadas no Brasil. “Por aqui, a embalagem para viagem é a mesma empregada em delivery, enquanto no I Mundo há muito mais alternativas de recipientes de toda a gama de materiais, com peculiaridades estéticas e funcionais e desenvolvimen-tos específicos para determinados tipos de pratos prontos para entrega”. Salles abre com as condições térmicas os cuidados que pautam as tendências em embalagens delivery. “Trata-se da pre-servação do calor ou frio, caso de itens gelados como sorvetes”, ilustra. Outras diretrizes dizem respeito à garantia da integridade da comida mantida no seu transporte e ao zelo pela apresentação do prato entregue, proporcionada por embalagens bonitas e valorizadoras do conteúdo. “Lógico que essas soluções dife-renciadas têm preço acima da emba-lagem convencional”, mas há mercado para elas”, sustenta Salles. “Por exem-plo, em lugar da praxe de misturar arroz e feijão no marmitex, recorrer mais a re-cipientes compartimentados para alojar os componentes do prato em separado”.A Abrasel acompanha de perto as iniciativas de legislação contra o uso de embalagens descartáveis, que im-peram no segmento delivery. “Existem descartáveis recicláveis, de acordo com as expectativas ambientalistas e a Abrasel apoia este tipo de embalagem”, sublinha Salles, acrescentando enxergar na ofensiva geral contra os descartáveis um repúdio específico ao plástico. “Não se vê tamanha oposição em relação a alternativas como papel”, argumenta. “As embalagens plásticas são recicláveis e sustentáveis, pois não causam dano à natureza se descartadas corretamente e, a propósito, a Abrasel defende a conscien-tização ambiental da população pela via da catequese educacional”. No arremate, o conselheiro salienta que sua entidade reprova a interferência do poder público no poder de escolha de uma embalagem, como ocorreu na decretada proibição desde julho do canudos plásticos em bares, restaurantes e quiosques na ci-dade do Rio de Janeiro. “A proliferação de leis contra os descartáveis chegou a situações de exacerbação como este banimento”.Linha delivery da Starpack: desempenho aprimorado no empilhamento, vedação, visual e entrega por moto. Diniz: viés de alta para embalagens para transporte de comida pronta.Delivery: alastramento de pedidos por ferramentas digitais.Julho/2018plásticos em revista20OPORTUNIDADESREAQUECIMENTO DIFERENCIADOR Silano Diniz, gerente comercial da Starpack, dínamo nacional em embala-gens termoformadas para alimentos, não vê, por ora, como desbancar descartáveis de PP do segmento delivery, por maior que seja a fúria ecoxiita. Ele exemplifica com a insuficiência de requisitos para tanto na alternativa da embalagem de celulose. “Carece da estrutura adequada para aguentar o transporte, depende de selagem com plástico, é muito cara e a reciclagem é complicada pela com-posição multicamada”, ele fulmina. Na esteira, Diniz considera reinar muita desinformação na praça sobre emba-lagens plásticas. “São recicláveis e sustentáveis”, ele acentua. “Tal como nos países desenvolvidos, nossas autorida-des precisam investir em campanhas de informação, descarte, separação e coleta dessas embalagens, além de incentivar essas práticas não com subsídios, mas com bônus para quem recicla e ajuda a despoluir”. Com 34 anos de bagagem, a Star-pack hoje roda no interior paulista com capacidade total, inclusas coextrusão de chapas e termoformagem, acima de 600 t/mês, situa o executivo. “Podemos trabalhar com diversos polímeros, mas PP é o nosso diferencial”, assinala Diniz. “Conseguimos aperfeiçoar o design de embalagens delivery, atentando para o empilhamento, fechamento, transpa-rência e resistência ao intenso trans-porte por moto”. Conforme reitera, os recipientes de PP da Starpack batem os rivais alumínio e poliestireno expandido (EPS) devido a predicados como custo competitivo e a viabilidade do reaqueci-mento no microondas.Sem abrir cifras, Diniz alega dificul-dade para pinçar a fatia do delivery do Del Nero Neto: delivery atrai pela mobilidade urbana, praticidade, aplicativos e custo. Entregas: seleção de materiais de acordo com o tipo de comida pronta.DELIVERY“O segmento delivery traz desafios às embalagens plásticas convencionais, pois precisam ser ainda mais eficientes em performance e custo”, percebe Nicolai Duboc, líder de desenvolvimento de negócios/ PP da Braskem. Em resposta, evidencia, a empresa tem trabalhado no desenvolvimento de soluções de altíssima fluidez para elevar a produtividade, como a resina Maxio RP149. “Consta de um copolímero random de altíssima fluidez para injeção de parede fina”, ele descreve, acenando para este mesmo reduto com copolímeros de impacto CP100 e CP180. No âmbito de embalagens termoformadas de delivery, abre conciso o expert, está em desenvolvimento um homopolímero que alia alta rigidez com incremento de produtividade. “Apesar da aplicação incomum no Brasil, espumas a partir de PP com alta resistência do fundido, como nossa linha Amppleo, também soam atraentes quando o quesito é a conservação do calor do alimento”, acena Duboc.BRASKEM: DELIVERY DE IGUARIAS EM PPfaturamento da Starpack. “Mais de 90% do nosso portfólio é de embalagens com tampa e desenvolvidas para exposição Julho/2018plásticos em revista21e transporte de alimentos”, ele expõe. “Podemos aludir ao delivery de outro modo: de 2015 ao semestre passado, aumentaram mais de 30% as nossas vendas de embalagens específicas para o transporte de refeições, munidas de fecho hermético e capacidade de rea-quecimento posterior à entrega.Vale o mesmo para recipientes para transporte de pequenas porções”. Em paralelo, a Starpack apalpa as possibilidades de sofisticar a linha delivery com aditivos, a exemplo de antifog e bactericida. “O agente antimicrobiano ainda é caro e, sem a divulgação de explicações claras sobre os benefícios oferecidos, os clien-tes não aceitam o aumentam do custo associado ao aditivo”. FECHAMENTO COM BOPPO emprego de agente bactericida também está sob escrutínio na Delpak, outra força motriz em termoformados delivery de PP e com troféus na parede como a introdução, em 2003, de um passo adiante no universo da comida entregue: as bandejas seladas. “O aumento nas vendas de delivery reflete-se no cresci-mento de clientes desse segmento em nossa carteira”, associa Alicio Del Nero Neto, gerente comercial da transforma-dora com 35 anos de estrada. Pela sua interpretação, a tendência de alta em delivery cristalizou-se nos últimos tempos e resulta da embolada de fatores como o pesadelo da mobilidade urbana, busca de praticidade nas refeições, a mão na roda da míriade de aplicativos de acesso e, para adensar o molho, o inchado gasto de se comer fora de casa hoje em dia.Na fábrica sede a sudoeste da Grande São Paulo, a Delpak sobressai por embalagens de PP virgem, recicláveis e garantidoras de segurança e inviola-bilidade da refeição levada pela moto. “Fomos os pioneiros no país em fechar embalagens alimentícias termoformadas com filmes de PP biorientados (BOPP) e termosseláveis, possibilitado a um pequeno estabelecimento a mais alta proteção à refeição transportada, lacrando a embalagem e assegurando a chegada da comida intacta ao seu destino”, distingue Del Nero Neto. No âmbito do tempo de aquecimento original da comida des-pachada, ele comenta ser habitual em operações delivery a adoção de sistemas tipo hot box durante a entrega. “Garantem assim que a refeição chegue quente, seja qual for a embalagem utilizada”, ele explica, engrossando a corrente dos que enaltecem como plus dos termoforma-dos delivery de PP a possibilidade de reaquecimento no microondas, “ sem risco de contaminação pela degradação de material quando exposto ao calor”, completa o gerente comercial da Delpak.Del Nero Neto fecha com os pontos de vista de Silano Diniz e da Abrasel quanto ao impasse que paira sob o mercado delivery na forma de uma enxur-rada legislatória de vetos e restrições às embalagens descartáveis. “Seja qual for o material, o impacto ambiental negativo surge apenas com descarte incorreto”, nota o executivo. “Faltam no Brasil políticas públicas eficientes em prol da recuperação de refugo pós-consumo, desde campanhas educacionais para a separação do lixo doméstico à implanta-ção efetiva da coleta seletiva e incentivo às cooperativas de reciclagem”. É pendência para não acabar em pizza, mesmo se pedida por delivery. •Delpak: pioneira em bandejas vedadas com BOPP termosselável.Descarte correto: Abrasel apoia embalagens plásticas recicláveis.Uma via de duas mãosAlpek energiza PetroquímicaSuape com o poder de formar preços em PETJulho/2018plásticos em revista22SENSORO filme do Brasil pode não estar tão queimado como parece. Não fosse assim, como explicar o fato de duas múltis domadoras dos preços mundiais toparem comprar no país as fábricas de um material super ofertado e cujo balanço pena no vermelho anos a fio? Uma possível resposta provém do conceito de "glocalização": a simbiose de uma pre-sença global com atuação local. A estratégia transparece da aquisição, respectivamente pela mexicana Alpek e a tailandesa Indora-ma, dos complexos de PET em Pernambuco vendidos pela Petrobras e a italiana M&G. O entrosamento com a cadeia global de valor é mais nítido, no âmbito do Brasil, no caso do complexo de 450.000 t/a de PET, 90.000 t/a de filamentos têxteis e 640.000 de ácido tereftálico purificado (PTA), intermediário chave do poliéster. Foi encorporado por US$ 435 milhões pela Alpek, que decidiu preservar o nome PetroquímicaSuape (PQS) para sua nova filial no Brasil, país que também abriga sua operação de 46.000 t/a de poliestireno expandido (EPS). A PQS passa a interagir com um conglomerado detentor no México de capacidades projetadas em 1.610 milhão de t/a de PTA; 180.000 de PET e 160.000 do poliéster grau têxtil. Nos EUA, onde a produção da resina e PTA anda tolhida, as capacidades da Alpek somam 1.495 milhão de t/a de PET, 640.000 de PTA e 135.000 de filamentos de poliéster. A fábrica canadense de PET tem condições de gerar 144.000 t/a, enquanto a capacidade chega a 190.000 t/a na Argentina, onde a Alpek ainda controla uma recicladora de 16.000 t/a de embalagens pós-consumo do polímero. Nesse jogo imbricado, a rival Indorama também surge como parceira da Alpek, ilustra a recente joint venture formada pelos dois grupos e a holding Far Eastern para adquirir da M&G o semi-acabado complexo jumbo na texana Corpus Christi, projetado para fornecer 1.1 milhão de t/a de PET e 1.3 milhão de PET. Attilio Contrini, diretor administrativo para o Brasil e de planejamento para a América do Sul, abre nesta entrevista como a "glocaliza-ção" da Alpek vai injetar glóbulos azuis na medula da PQS. Qual a estratégia da Alpek para tirar essa operação de 450.000 t/a de PET de anos a fio de resultados negativos, em razão de superoferta interna de PET e potencial limitado para exportações da resina para o restante da América Latina, fora México e Argentina ? O sistema Alpek Polyester possui atualmente 23 unidades voltadas para a cadeia do poliéster e conta com mais de 5.200 colaboradores. Nas Américas, lideramos a produção de PTA, principal insumo do poliéster, e de resina PET, utilizada principalmente para embalagens. Além disso, possuímos posição de destaque na produção de filamentos de poliéster, a matéria-prima mais empregada no setor têxtil mundial. Toda esta expertise e know how serão oferecidos aos clientes no Brasil e contribuirá para impulsionar a PQS, que recém adquirimos da Petrobras. Além disso, ATTILIO CONTRINIContrini: produção integrada de PET/PTA no Brasil para duelar com resina da Ásia na América do Sul.Julho/2018plásticos em revista23estamos trazendo ao país especialistas na produção de PTA e PET para intercâmbio de experiências com os colegas brasileiros. Vale lembrar também que a América do Sul é importadora de PET, principalmente da Ásia. Trabalharemos para impulsionar o negócio a nível regional junto com nosso ativo de PET na Argentina, o que aportará sinergias e eficiências logísticas que permitirão que a empresa represente uma fonte confiável de valor para nossa matriz e auxilie na melhora da balança comercial do Brasil e da América do Sul como um todo. Brasil e México têm acordo bilateral comercial. Como a Alpek planeja desfrutar essa vantagem tributária entre a planta de PET no Brasil e suas unidades de PTA e PET no México? O Acordo de Complementação Econô-mica nº 53 (ACE 53) foi firmado em agosto de 2002 entre os governos do Brasil e do México e, desde então, tem contribuído muito para o aumento do fluxo comercial e desenvolvimento destas nações. Em uma cadeia produtiva tão competitiva como a do poliéster, temos como estratégia inicial a produção em larga escala, visando o ganho de eficiência. Assim, inicialmente buscare-mos maximizar a operação de nossa nova unidade produtiva no Brasil. O ACE 53 será muito importante para complementarmos nossas vendas e atendermos melhor os clientes. Além disso, as preferências fixas negociadas no ACE 53 contribuem para a redução da carga tributária, elemento fundamental para o aumento da compe-titividade dos produtos e para lutar pela substituição de importações, contribuindo para o desenvolvimento e crescimento de ambos os países. Alpek pretende continuar a suprir com PTA a planta vizinha de PET adquirida da M&G pela concorrente Indorama? Desde que adquirimos a PQS, passa-mos a contar com uma unidade com capa-cidade instalada para produzir na faixa de 700.000 t/a de PTA no Brasil. A importância desta unidade para o grupo é grande, pois trata-se da única planta de PTA na América do Sul. Nesta região, a PetroquímicaSuape é a única empresa com produção de re-sina PET integrada em PTA, sua principal matéria-prima. Esta integração entre a unidade de PTA e PET está em linha com o que ocorre com as principais unidades produtivas do mundo e, consequentemente, confere ao Brasil uma posição de destaque na América do Sul. Como já comentamos, teremos como estratégia inicial otimizar a produção de nos-sas unidades produtivas no Brasil, buscando ganhos de produtividade, eficiência logística e proximidade com os clientes. Sendo necessário, possíveis complementações produtivas com nossas unidades do México serão adotadas, tendo como pano de fundo os benefícios advindos do ACE 53. De volta à pergunta, informo que já fornecemos PTA da PQS para o mercado nacional.Principal mercado de PET, a indústria de refrigerantes, tem suas vendas internas em declínio nos últimos anos. Como a Alpek cogita contrabalançar essa perda contínua para sua resina no mercado interno brasileiro? Como ocorre no mundo inteiro, mudanças culturais e a busca por produtos mais saudáveis estão sendo importantes barreiras para o crescimento do consumo de refrigerantes que, historicamente, tem sido o um dos principais demandantes por embalagens PET. Não vemos esta tendência como perda de mercado, pois o que acontece é uma substituição por produtos mais saudáveis e que estão se adaptando melhor aos novos hábitos culturais das regiões. Para estes produtos, PET tam-bém se apresenta como uma excelente opção de embalagem. Devido à sua fle-xibilidade, transparência, características técnicas e por ser 100% reciclável, PET vem ganhando mercado em diferentes aplicações, e se tornando a embalagem preferida em diversos segmentos. Somen-te para citar alguns deles, temos avanços em embalagens para água, sucos, lácteos, óleos, temperos e condimentos, produtos para limpeza e cosméticos. Por fim, vale comentar que não notamos uma queda no consumo brasileiro de PET e, sim, uma estabilidade, devido não só às mudanças de consumo apontadas acima como à resiliência do produto aos ciclos econômicos. Quantos grades de PET e para quais mercados/aplicações específicas compõem o portfólio da planta brasileira da Alpek? A PQS conta com um portfólio com três famílias de grades de PET devidamente certificados para uso em embalagens de alimentos. Cada uma delas é destinada a um grupo de aplicações em diferentes mercados. A família CSD é aditivada com fast Re-Heat, o que proporciona alto desem-penho no sopro, utilizada, por exemplo, no envase de carbonatados e óleos comestíveis. Nesta mesma família contamos com uma resina de alta viscosidade intrínseca (IV), proporcionando à embalagem o incremento das melhores propriedades do PET. Já a família MW engloba nossas resinas mais claras, destacando assim o produto aos olhos do consumidor. Suas principais ca-racterísticas são alto brilho e transparência. Nossos clientes a utilizam para embalar água e sucos, entre outras bebidas. Por fim, a resina HF é indicada exclu-sivamente para aplicações que requerem envase a quente, como isotônicos, sucos e chás. •Julho/2018plásticos em revista24DESODORANTESESPECIALEm mais de um século de trajetória, o plástico abriu caminho desven-dando aplicações e substituindo materiais concorrentes à sombra de vantagens econômicas e/ou de performan-ce. Mas justo no envase de desodorantes, um bilionário mercado de produtos de rápi-do consumo e no qual o Brasil é vice-líder mundial, as embalagens sopradas deparam com uma reviravolta rara em seu currículo: ceder terreno a um rival, o alumínio, abso-luto no envase do desodorante aerossol, o tipo mais requintado e hoje de maior torque nas vendas – popularização resultante da economia de escala – e no qual o plástico restringe-se à injeção de tampas e itens da válvula. No frasco ele não tem assento por falta de resistência mecânica para manter a pressão interna exercida pelo gás e devido à barreira insuficiente para conter sua migração. Assim, a presença das resinas no segmento, em especial polietileno (PE), limita-se aos recipientes dos desodorantes na rabeira dos balanços e cada vez mais acuados pelo rolo compressor do aerossol: as categorias dos cremes, squeeze/pump (spray de líquido), stick e roll-on.Contra números não cabe embargo, apelação, chicana ou pedido de vistas. Entre 2012 e 2017, atesta pesquisa da consultoria Euromonitor, as vendas de desodorantes no Brasil acusam taxa de crescimento acumulado de 3%, culmi-nando em receita de R$ 9.772,1 bilhões no ano passado. Ao longo desse quinqu-ênio, registraram quedas as categorias de desodorante em cremes (-6,9%), pump (-3,6%), roll-on (-5,7%) e o tipo stick (-3,2%). Em contraste, aerossóis mostram alta de 11,8% no mesmo período, soman-do faturamento de R$ 5.874 bilhões em 2017, cifra correspondente a mais de 50% das vendas totais de desodorantes no país e, muitos degraus abaixo, o roll-on pega o segundo posto com receita de R$ 2.011,4 bilhões no ano passado. O quadro reflete a migração da preferência das pessoas, sustenta análise a pedido de Plásticos em Revista feita pela Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). “O consumidor Disputa suada à flor da pelePreferência crescente pelos aerossóis ameaça frascos plásticos no mercado bilionário dos desodorantesJulho/2018plásticos em revista25ESPECIALestá mudando para os aerossóis por ser um desodorante mais fácil de aplicar, moderno e prático para uso”, sustenta a entidade. Retomando o fio, a Euromonitor estima que o mercado nacional de desodorantes evolua com taxa de crescimento anual composto de 1,8% entre 2017 e 2022, atingindo R$10.664,7 bilhões e com declí-nio antevisto nas categorias pump (-1%), roll-on (-5,2%) e stick (-3,1%). Por seu turno, completa a consultoria, aerossol devem manter o viés de alta (4,4%) e o consumo de desodorantes em cremes, atu-al penúltima categoria em vendas (ganha apenas do tipo stick) tende a reagir (2,6%) no acumulado entre 2017 e 2022 projetado pela Euromonitor. Embora a Abihpec enxergue no desodorante um item essencial na cesta de consumo da população, suas vendas internas declinam desde 2015 com a economia no meio fio. Apenas em 2017 a receita murchou 8,1%, calcula a Euromo-nitor. Na visão da Abihpec, “em tempos de crise, as pessoas trocam as marcas mas não deixam de comprar desodorante”. A Euromonitor assina embaixo ao atribuir o recuo por três anos a fio nas vendas a uma redução no tíquete médio gasto no produ-to, efeito de intensas promoções. “O consu-midor brasileiro busca a promoção na prate-leira do desodorante”, sublinha a análise da Abihpec. “Estratégias que variam de descon-tos como ‘compre 2 e leve 1 grátis’ estão se tornando padrão na categoria, aumentan-do a competição entre empresas para reagir à queda nas vendas”, constata a entidade, antevendo continuida-de das promoções e competição de preços cada vez mais intensa. A recessão em cena até segunda ordem dá mais corda ao suor transpirado nessa disputa . A indústria de desodorantes, ob-serva a Abihpec, investe em inovação para corresponder a desejos captados no consumidor, a exemplo de produtos com atributos além da função original, caso de longa duração, clareamento de axilas, ação antibacteriana ou efeito antimanchas em roupas. Entre as categorias, a dos líderes aerossóis concentra o grosso das novidades. “Inclusive, foi registrado desde 2016 um crescimento da procura por esses desodorantes em embalagens compacta-das, de 75 ml e 90 ml, demonstrando a preferência dos compradores pela prati-cidade”, aponta a análise da associação. “Outro comportamento que chama atenção é a busca por produtos que ofereçam benefícios específicos, como antistress e redução de pelos”. Aerossol é o formato de desodorante mais importante, confirma Ana Cristina Simões, gerente de contas da consultoria Kantar Worldpanel. “O contínuo cresci-mento de suas vendas nos últimos anos decorre da expansão do número de lares compradores e do aumento de consumo por quem já utiliza o aplicador”, ela atribui. “Hoje em dia, cerca de sete a cada 10 lares brasileiros compra o tipo aerossol dentro do período de um ano. Por sua vez, os formatos roll-on e pump, Desodorantes: consumidores cobram aplicadores multifuncionais.Ana Cristina Simões: 7 a cada 10 lares brasileiros compram desodorante aerossol.Roll-on: vice-liderança nas vendas com viés de baixa.Julho/2018plásticos em revista26DESODORANTESESPECIALque já foram os mais importantes, têm perdido relevância ano a ano”. Além do mais, acentua a especialista, o desodorante aerossol ampliou sua taxa de crescimento a partir da entrada em marcas mais baratas, possibilitando seu acesso por classes mais baixas, “pois trabalham num target de preço muito agressivo”, ela completa.Ana Cristina reitera que, como deso-dorante é produto presente em quase nove a cada 10 moradias no Brasil, a engorda das suas vendas tem ocorrido, em especial, devido ao aumento do consumo pela mas-sa consolidada de usuários. “Para 2018, a previsão ainda é de crescimento, pois o segmento ampliou as vendas 6,4% em valor, considerando o ano móvel até junho último versus o mesmo período em 2017”. Para a gerente da Kantar Worldpanel, as versões mais vendidas, aerossol e roll-on, mobilizam as inovações das principais marcas. “De forma geral, os consumidores do setor de higiene e beleza andam cada vez mais exigentes quanto à diferenciação e custo/benefício dos produtos, efeito do momento econômico”, associa Ana Cristina. “Nos últimos anos, a entrega de benefícios tem sido o principal destaque no âmbito dos desodorantes e algumas marcas começam a investir em produtos com apelo de naturalidade (insumos naturais). No entanto, como a categoria é muito dinâmica, novas tendências podem surgir a qualquer momento”.Uma exemplar quebra de paradigma em desodorantes: a aposentadoria de sua imagem de cosmético unissex. Pesquisa recente da agência de inteligência de mercado Mintel sustenta que 71% dos homens preferem desodorantes concebi-dos para uso específico do genuíno sexo frágil. Dedicada a este público, a Zog não tem do que se queixar. “Desodorante é item indispensável para suprir necessidades rotineiras dos homens, seja para transpirar menos, proteger ou proporcionar con-forto ao longo do dia”, interpreta Juliana Furtado, gerente de marketing da marca. Desse modo, mesmo com o ambiente mais recessivo, eles não abrem mão de um bom desodorante”.O mostruário da Zog aloja deso-dorantes pump e roll on, quintais dos frascos plásticos. “Nossas embalagens são esportivas, lindas, econômicas e práticas, no tamanho ideal para se levar na bolsa”, frisa a executiva. “A relação custo/benefício é super positiva”. Conforme esclarece, a li-nha Zog foi inspirada pelo seletivo mercado de luxo. “Porém, sempre nos propusemos a atender homens de classe média baixa, capazes de valorizar a qualidade e o bom gosto aliadas a preços mais acessíveis e atendendo às mais diversas preferências olfativas, desde as notas mais frescas como as da linha Zog Sport às amadeiradas, como as da Zog Rodeo”, assinala Juliana. “Os consumidores consideram nossa performance excelente devido a duração superior à concorrência e por muitas vezes substituírem até colônias”. Na esfera das tendências nos hábitos de compra do seu mercado, a gerente distingue o conceito “mais por menos” como um caminho sem volta nos desodorantes. “Os consumidores querem produtos de super performance ao menor custo”, sintetiza. Antes restritos a desodorantes pre-Stick: perspectivas preocupantes a médio prazo.Zog: pump e roll-on para o nicho dos homens de classe média baixa.Silva: alta rejeição dos cremes e squeeze será o tipo mais prejudicado pelo aerossol.Julho/2018plásticos em revista27ESPECIALmium, vários argumentos para comunicar benefícios ficaram aos poucos mais acessí-veis ao longo dos anos e se disseminaram nas versões de preço menor, pondera Antonio Celso da Silva, diretor da Payot Cosméticos e da Associação Brasileira de Cosmetologia (ABC). “Por exemplo, ação perspirante, hidratação e clareador de manchas”, ele aponta. “Em suma, à ação de apenas desodorizar agregaram-se novas funções cosméticas”. Cada benefício adicionado, segue o especialista, implica maior valor agregado e encarece o produto final. “A categoria de desodorante que mais permite um preço maior é o aerossol, razão pela qual é a mais contemplada com inovações”, expõe Silva. “Já a categoria squeeze, por exemplo, possui preço muito baixo e não permite a adição de benefícios diferenciadores a um princípio ativo, pois essas matérias-primas são caras”. Silva enxerga perspectivas complica-das para os desodorantes em cremes, palco aliás de bisnagas e potes de poliolefinas. “Muitos não gostam dessa categoria, pela falta de higiene no uso e porque a maioria dos cremes não tem um atributo fundamental, o sensorial seco”. Quanto à categoria stick, o dirigente julga que, embora de largo uso internacional, ainda não caiu no gosto do brasileiro. Em para-lelo, acrescenta, o desodorante squeeze é o tipo que mais tem caído no mundo, mas continua muito demandado por aqui. “Constitui a categoria que mais vai perder mercado para o aerossol, pois seu preço tende, devido ao ganho de escala, a reduzir a ponto de aproximar-se do squeeze, porém apresentando muito mais benefícios que interessam ao consumidor”. As tendências à vista para cos-méticos como um todo valem para os desodorantes, percebe o diretor da ABC e Payot. “Cada vez mais eles incorporam benefícios que os tornam multifuncionais e o apelo amigo das natureza, relacionado a produtos ecologicamente corretos, veganos e não testados em animais, decerto contemplará o segmento dos desodorantes”, sustenta Silva.Entre as formadoras de opinião em cosméticos, a Natura firma-se entre as primeiras no país a atrelar seu engajamento na economia circular como elemento diferenciador de suas formulações e em-balagens. Atuante em diversas categorias de desodorantes, ela também pauta a escolha dos materiais utilizados no envase buscando reduzir o impacto ambiental dos produtos, salienta o gerente de sus-tentabilidade Keyvan Macedo. “A linha de desodorante pump (spray) emprega frasco com teor de 30% de material reciclado pós-consumo e sua versão refil, embalada em PET reciclado, permite ao consumidor recomprar o produto com menor custo”, ele observa. “As linhas de desodorantes em cremes e roll-on empregam frascos de PE verde (resina produzida pela Braskem pela rota alcoolquímica) e nossa série de aerossóis é disponibilizadas em versão ecocompacta, em tamanho menor e com menos material de embalagem, exibindo o mesmo rendimento perante os recipientes tradicionais no gênero”.Aerossol: categoria desponta em marcas mais baratas.Macedo: apelo sustentável distingue embalagens dos desodorantes da Natura.Next >