O vento sempre volta

Porque as compras de equipamentos não podem ser represadas

À primeira vista, a combinação de demanda prostrada com capacidade ociosa na indústria corrói feito ácido sulfúrico a predisposição de quem vende máquinas para a transformação de plástico. Nas entrelinhas, porém, o quadro estimula a procura por tecnologias que diferenciem a qualidade e ponham os custos de produção abaixo da concorrência. É por esta via que Alfredo Schabel Fuentes, diretor geral do escritório comercial no país da alemã Arburg, quintessência global em injetoras, explica por que suas vendas escaparam da queda livre sob as incertezas conjunturais no primeiro semestre. “O movimento se manteve no patamar do mesmo período em 2018”, constata.

No mapa de vendas brasileiras da Arburg, o carro-chefe é a linha de injetoras hidráulicas e multiuso All Rounder S. “Elas se diferenciam por avanços como o fechamento hidráulico por pistão, economia energética garantida por servomotor e a injeção com posicionamento preciso da rosca, por meio de servoválvula que regula ativamente o eixo de injeção”, expõe o executivo, ressaltando ainda conveniência do sistema Selogica de controle do processo, de interface amigável e programação ultra fácil.

Fuentes engrossa o coro dos que prevêm para o segundo semestre uma adrenalina no ambiente de negócios, a tiracolo da aprovação da reforma da Previdência. “Esperamos com isso um aumento nas vendas com entrega das máquinas no início de 2020”. Fora do plano imediato, ele já torce pela aprovação do acordo de livre comércio Mercosul – União Europeia, estimulando a modernização do parque brasileiro de injetoras. “É caminho sem volta: quem não acompanhar a evolução tecnológica será suplantado com rapidez por concorrentes daqui ou até mesmo estrangeiros”.

Outro sinal animador é emitido por Paulo Carmo, gerente da unidade de negócios de embalagens no Brasil da canadense Husky, trem bala em injetoras de pré-formas e tampas “Recebemos no primeiro semestre muito mais consultas e projetos do que em 2018 e, com base nesse interesse e no desenrolar das discussões político-econômicas, deveremos ter um segundo semestre bastante ativo”. Em paralelo, Carmo chama atenção para a maior procura por máquinas fora da esfera das grandes tiragens, focadas em produtos mais especializados. “É o caso de sistemas com moldes de 48 cavidades e, eventualmente, de 72”, ambos atendidos pelas nossas máquinas HyPET e HyCAP de 225 e 300 toneladas”.

Materiais de Construção

O crescimento está em casa

“Em setembro e outubro de 2018 fizemos o planejamento do mercado em 2019 soba expectativa de uma condição política e econômica mais estável”, conta Henio De Nicola, diretor geral da subsidiária brasileira do grupo mexicano Mexichem, nº1 na América Latina em materiais de construção como tubos de PVC. “Mantemos então a expectativa em torno de 2,5% a 2,8% para o mercado da construção civil e de 3,5% a 4,5% para o varejo”. O dirigente reitera a meta para sua empresa de crescer este ano de 3,5 a 5 vezes o avanço do PIB da construção civil. “Nesse sentido, o desempenho no primeiro semestre, superior ao do mesmos seis meses um ano antes, comprova estarmos cumprindo o objetivo com alguma folga”.

Na esfera de produtos prediais, como tubos plásticos, Henio De Nicola avalia que a comercialização no primeiro semestre seguiu algo mais ativa do que o mesmo período em 2018. “Sentimos uma movimentação melhor, embora pequena, na evolução da construção civil e aumentamos nossa penetração no varejo, além de estarmos presentes no segmento de reformas de médio porte”. Com base nesses dados, ele conclui, “estamos um pouco melhores do que em 2018,com especial crescimento de vendas da linha Super CPVC de tubos e conexões para condução de água quente e fria”.

A margem das variáveis conjunturais, Carmo percebe os transformadores de sua carteira sequiosos por soluções para incrementar a eficiência e podar gastos. Daí a receptividade desfrutada no Brasil pelas injetoras de pré-formas da série HyPETHPP5 e os modelos da linha HyCAP 4.0 para tampas, especifica o gerente.

A construção civil no acostamento traduz ociosidade na capacidade nacional de tubos e perfis, configurando uma oportunidade para as ofertas de tecnologias para melhorar a rentabilidade dos transformadores, acredita Miguel Lopez, gerente regional de vendas da divisão de embalagens da battenfeld-cincinnatti, grife austríaca de extrusoras. Com um mostruário estrelado por máquinas como as linhas mono rosca e dupla rosca integrantes das séries solEx e conEX, Lopez se empenha em sensibilizar o segmento brasileiro de tubos para sistemas aprimorados de esfriamento, motores de maior economia energética e tecnologias para poupar matéria-prima, a exemplo de sistemas de alimentação gravimétrica e de medição de espessuras.

Nº1 em sopradoras nacionais por extrusão contínua e para trabalho com pré-formas, a Pavan Zanetti sente o mercado retraído desde a greve dos caminhoneiros, no primeiro semestre de 2018. Para o diretor comercial Newton Zanetti, os redutos de sopro menos afetados pela crise na primeira metade do ano foram os de produtos de limpeza doméstica e água mineral. “Estão sempre comprando equipamentos, seja para aumentar a produção, seja para melhorar a produtividade, uma vez que suas embalagens têm alto custo em relação ao conteúdo envasado”. Tais exigências, ele complementa, são preenchidas por linhas da Pavan Zanetti como as da série Petmatic, a sopradora híbrida BMT5.6D/H e máquinas de curso longo como a BMT 14.0D/H. Para reforçar este cerco, Newton acena com a introdução neste semestre da série de sopradoras elétricas, a ser aberta pelo modelo EBM PRO para 20 litros.

O mercado arisco à compra de máquinas na primeira metade do ano não esfriou a confiança em dias melhores mantida por Luiz Fernando do Valle Sverzut, diretor da Hece, ás nacional em termoformadoras e linhas de corte solda de flexíveis. Entre as referências animadoras, ele menciona a procura crescente por termoformadoras para embalagens de alimentos prontos e porções individuais e, na esfera das linhas de corte e solda, modelos para a produção de pouches. Sverzut também destaca o interesse crescente por máquinas para produzir sacos de lixo, motivação para a Hece ter desenvolvido a linha Hámper, para sacos com fita de fechamento, e Hamper, para sacos em rolinho. “O otimismo com o novo governo não perde força desde o segundo trimestre, mas o avanço na aprovação da reforma da Previdência e as intenção de realizar outras fundamentam nossas boas expectativas para a metade final do ano”, observa o diretor.

Indústria Automobilística

A salvo do ponto morto

“Pelo andar da carruagem, caminha para concretizar-se a previsão da produção automotiva para este ano assinada pela Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotivos (Anfavea). Afinal, o primeiro semestre fechou com a marca de 1,47 milhão de autoveículos leves e pesados produzidos versus 1,43 milhão no exercício precedente, fundamentando a projeção da entidade de acumular em dezembro a produção de 3.140 milhões de unidades, acima das 2.880 milhões montadas no exercício precedente. No pano de fundo, a indústria automobilística deve continuar a echar mais uma vez o exercício anual com ociosidade alarmante em sua estimada capacidade instalada de 5 milhões de veículos.

No plano macro, as avarias causadas pela crise são generalizadas na transformação do plástico, mas, no plano micro, há bolsões de saúde. Ricardo Minematsu, diretor da fabricante de monoextrusoras de filmes Minematsu, forma entre quem prospecta oportunidades em nichos. “Temos conseguido vender equipamentos para segmentos usuários de flexíveis como o agronegócio, embalagens de autopeças e mesmo para clientes em ascensão por estarem em regiões pouco industrializadas”. O movimento tem estimulado a Minematsu a incrementar suas linhas, a exemplo de recente extrusora automatizada da alimentação à saída do filme, nota o diretor.

Por conferir economia de energia e aumento da produtividade e qualidade final, periféricos são pouco sensíveis a solavancos da economia, raciocina Ricardo Prado Santos, vice-presidente da italiana Piovan na América do Sul e maior fabricante desses equipamentos auxiliares no Brasil. “Em termos de pedidos, o primeiro semestre teve um incremento considerável frente ao ano anterior, efeito também da procura pelo nossos sistemas dry cooler Aryacool, por soluções especiais em sistemas de refrigeração industriais e pelos equipamentos de transporte e dosagem para a indústria alimentícia, montadas no exterior pela empresa Penta, controlada da Piovan”. Prado encaixa que seu campeão de vendas no primeiro semestre foi desenvolvido no Brasil: o dosador gravimétrico MDW 150. Para a metade final de 2019, o dirigente adianta estar entalhada a introdução de TMW9, termorregulador de 9 kW. “Ele sobressai pela maior capacidade de refrigeração e custo interessante”, acena Prado.

Com pouco mais de dois anos de ativa na montagem de periféricos, a Vizuri já levita ao sabor de um movimento fora do quadrado em seu ramo. “Nossas vendas no primeiro semestre aumentaram 35% perante os mesmos seis meses no ano passado”, exulta o sócio executivo Marcel Brito, atribuindo o salto ao desenvolvimento de soluções, em serviços e equipamentos, para o chão de fábrica. Como referência, ele distingue a procura pela linha Smart de sistemas de desumidificação contínua. “Foi o retorno do investimento feito em tecnologias de aquecimento e regeneração de menor consumo energético e no desenvolvimento de um sistema inteligente para aprimorar a secagem, qualificando assim a Vizuri entre os principais fornecedores locais desses equipamentos para segmentos como os de injeção de plásticos de engenharia, injeção e extrusão de PET e extrusão de fios e cabos”. Para os seis meses finais de 2019, Brito crê em mais otimismo na praça, movido pela aprovação da reforma da Previdência e o esforço para racionalizar o cipoal tributário. “O cenário delineia grandes possibilidades de efetivarmos projetos até aqui engavetados pelos clientes”. •

Compartilhe esta notícia:

Deixe um comentário