O novo (e nada bem-vindo) normal para PE na China

Demanda e spreads da resina entraram no modo queda livre
PEBDL: declínio mais drástico entre as importações chinesas de PE
PEBDL: declínio mais drástico entre as importações chinesas de PE

Maior exportador de produtos transformados e entre os principais fornecedores de resinas importadas para o Brasil, a China hoje sente na carne um desalento familiar ao Egito Antigo, Reino Unido e Pérsia: uma vez engatados no declínio, os impérios não conseguem, por infortúnios internos e externos, voltar aos anos dourados. Entre os efeitos colaterais da via crucis chinesa para a petroquímica mundial, acentua-se a perenidade do mega excedente global de poliolefinas, das quais PE é o caso mais gritante.  O blogueiro John Richardson projeta no portal icis que a demanda da China para PEBD fecha este ano em 5,7 milhões de toneladas contra 6,2 milhões no pandêmico 2020. Em PEAD, a procura atingiu 18,3 milhões de toneladas em 2020 e deve acumular até dezembro próximo 15,4 milhões de toneladas. O único respiro, bem de leve, acontece em PEBDL: a demanda em 2020 somou 15 milhões de toneladas e Richardson prevê 15,4 milhões para o exercício corrente. A consultoria Icis antevê 0,4% de aumento da demanda de PE na China em 2023, resultando em 39,9 milhões de toneladas versus o saldo de 2022, de 38,5 milhões. Por seu turno, as importações de PEBD para a China devem totalizar este ano 2,7 milhões de toneladas perante 3,3 milhões em 2020, confronta Harrison. Em PEBDL, ele vislumbra 4,5 milhões de toneladas desembarcadas em portos chineses em 2023, volume 50% abaixo das importações em 2020. Em PEAD, o analista situa em 6,6 milhões de toneladas os desembarques três anos atrás, devendo acumular 4,9 milhões durante 2023.

Por trás dos números pulsa uma incógnita local e um enrosco mundial. O ponto de interrogação emana do deserto de dados oficiais de Pequim sobre capacidade e produção de qualquer monômero ou polímero específicos na China. O que se sabe na praça é que, em meio à presente hiper oferta global, prossegue com vigor a expansão no país das capacidades de resinas como PE, PP e PVC. Fora o avanço da autonomia do país na produção petroquímica, esses investimentos na China, aliados ao enfraquecimento da sua economia, estouro da bolha imobiliária, dívidas públicas e crise demográfica (baixa natalidade x envelhecimento da população) significam duas coisas. No plano geral, a piora sem fim previsto do mega excedente global de PE. Em segundo lugar, ocorre que grande parte das remessas de PE antes internadas na China agora deve caçar no planeta opções de desova (Brasil entre elas) para tentar aliviar as perdas com esse cliente top. Para salgar ainda mais a ferida, a rentabilidade de PE na China perambula pela rua da amargura. Calçado nas planilhas da Icis, John Harrison informa que, confrontados os custos CFR da nafta do Japão com preços chineses CFR de PE, os spreads (diferença entre preço de venda da resina e o custo de matéria-prima) aferidos de US$ 312/t entre 6 de janeiro a 23 de junho deste ano caíram a US$ 280/t no período de 7 de julho a 13 de outubro último. É o menor patamar no gênero registrado no histórico compilado pela Icis desde 1993.

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