O mundo gira e a Lusitana roda. Nos idos de 1990, a Activas subiu ao balcão dos plásticos pela porta das resinas de engenharia, um comércio movido a entregas de baixo volume de materiais de alto valor agregado e dependentes de tanto suporte técnico que , não raro, retardava e onerava o fechamento da venda a ponto de afugentar varejistas do negócio.
Apesar desses entraves, o progresso e capitalização alcançados pela empresa de Laércio Gonçalves deu na vista a ponto de, a partir de 2010, lhe terem sido franqueadas as portas para materializar aquele sonho de distribuir grades nacionais de polipropileno (PP) e polietileno (PE). Não deu outra e a Activas não demorou a atingir a estatura atual de uma das maiores distribuidoras da rede de agentes da Braskem e, na esteira, seu balanço passou ao domínio quase absoluto do negócio de resinas commodities. Mas desde a largada da recessão, ao final de 2014, a concorrência da distribuição oficial de PP e PE com a revenda autônoma, alimentada por grandes transformadores, endureceu com tanta intensidade que Gonçalves passou a considerar a estratégias de ampliar a diversidade do portfólio para minorar a excessiva dependência das poliolefinas. O primeiro movimento nesse sentido é a revitalização do negócio de especialidades plásticas, uma comercialização embebida no charme de soluções mais individualizadas e rentáveis, mas ao sabor de materiais importados e, nessas águas, do comportamento errático do câmbio e da disponibilidade de produtos cuja primazia é o mercado hoje em ebulição no I Mundo. Todos esses desafios são descortinados na entrevista de Jefferson Garbelotti, gerente da recém-criada área de plásticos especiais da Activas e egresso da operação comercial no país da norte-americana Eastman, bandeira em copoliésteres da distribuidora de Laércio Gonçalves.
Quais as ações concretas tomadas pela Activas para elevar a atual participação de 15% detida pelos plásticos de engenharia no seu faturamento?
A estratégia da Activas em ampliar a participação dos plásticos de engenharia no mercado nacional já é uma realidade devido a várias ações tomadas nos últimos meses. Uma delas é a reestruturação no organograma: segregamos a área comercial em duas gestões independentes, com o objetivo de focar e incrementar a nossa participação de mercado tanto em commodities como em plásticos especiais.
Quais as possibilidades de ampliar este ano o portfólio de plásticos especiais?
Para este ano, o foco é fortalecer a presença no mercado nacional dos materiais já existentes no mostruário. Mapeamos diversas oportunidades com novos produtos e fornecedores a serem concretizadas a partir de 2019. Estivemos em maio na feira norte-americana NPE 2018, e iniciamos negociações que, no momento, estão sob contrato de confidencialidade. E em breve, esperamos anunciar novidades ao mercado. Reitero, a propósito, que estamos direcionando para a Plásticos Especiais uma equipe focada, composta por mim, como gerente da área, uma vendedora interna, uma assistente técnica e uma equipe externa de experientes representantes comerciais.
A área de plásticos de engenharia foca apenas o Brasil ou vai montar representantes para exportar para a América do Sul?
A princípio, a intenção é fortalecer a penetração dos plásticos de engenharia somente no Brasil. Para 2019, há planos para expandir o negócio no restante da América do Sul, através de aquisições ou parcerias com empresas locais.
Como a Activas pode garantir disponibilidade de plásticos de engenharia sob demanda fervente no I Mundo, a ponto de restringir bastante a oferta a mercados emergentes?
Para não deixar o mercado desabastecido e garantir a disponibilidade de produtos a Activas tem solicitado a seus principais clientes de plásticos especiais uma previsão de compras para os próximos meses e, assim, está alinhando com seus fornecedores um planejamento de abastecimento de estoque e entregas .
Como a Activas pode garantir suprimento regular de plásticos de engenharia se, no geral, os produtores desses polímeros hoje preferem servir o varejo sem agente oficial, através de revendas sem contrato firmado de distribuição?
A Activas está trabalhando com a Ernst & Young, multinacional de auditoria e consultoria, com o objetivo de consolidar sua estrutura financeira. Dessa forma temos nos acertado com os fornecedores de materiais de engenharia, garantindo a operação de crédito internacional e, em decorrência, melhores condições comerciais para competirmos com outros canais de abastecimento. O ciclo operacional e financeiro da empresa está equilibrado e é alto o suficiente para consolidar a operação para a entrada de novos fornecedores e produtos em seu portfólio.
Activas é notória adepta de planejamentos quinquenais. Desse modo, o plano é que a área de plásticos especiais detenha qual participação nas vendas da empresa em 2023?
O planejamento para a área de plásticos especiais é crescer duplo dígito percentual ano após ano, através da consolidação dos nomes atuais em carteira e do aumento da participação da empresa no desenvolvimento de novos projetos e clientes. O objetivo é o faturamento da empresa ser repartido entre 70% para poliolefinas e 30% para Plásticos Especiais. •
