O mercado é cara a cara

Teletrabalho não enterra as feiras presenciais do plástico
Cássio Luís Saltori
Cássio Luís Saltori

O risco de contaminação instaurado pela pandemia pôs em recesso uma infinidade de atividades presenciais, em particular as caracterizadas por grandes aglomerações de público, como as feiras do plástico. É um problema passageiro, mas sua solução, a vacinação em massa, deve levar algum tempo para ser consumada. Em reação a esse estado de coisas, nos adaptamos ao trabalho cotidiano com ferramentas digitais como home office e vídeo conferências.

Apesar dessa bem sucedida adequação às pressas, acredito que o relacionamento social não se basta com a comunicação virtual. O ser humano é incompatível com uma existência isolada, como ilustra o choque do corona no ensino escolar. Mesmo com as ciber maravilhas, constatam-se imensas frustrações, pois nada substitui a pedagogia presencial, atestada por pontos como a própria figura do professor, o momento da dúvida e a socialização entre alunos. Daí porque, quando estivermos aptos a voltar a montar eventos, a oportunidade de deparar com algo singular nos fará sair de casa.

Nestes tempos de covid 19, a necessidade da sobrevivência, de darmos as mãos em meio às incertezas e dificuldades, estreitou ainda mais os relacionamentos entre cliente e fornecedor, mérito dos providenciais recursos digitais. Mas reitero que sua eficiência não joga uma pá de cal no futuro de feiras setoriais, como a do plástico. Elas não escaparão de ajustes em função de custos , regras sanitárias e de conduta, mas permanecerão fundamentais para a indústria. Ver, ouvir e tocar são sensações caras às pessoas e tão cedo não serão preenchidas pela visita digital.

Antes da pandemia, vigorava entre fabricantes de máquinas para plástico a praxe mundial de levar visitantes nas feiras para ver com exclusividade equipamentos inovadores nas plantas das empresas. Com isso, cultivavam o relacionamento com clientes e faziam apresentações das novidades impossíveis de serem realizadas nos estandes. Nenhum aplicativo ou vídeo enterra esse procedimento, hoje suspenso pelo vírus, mas sua retomada é certa quando a vida voltar ao normal. Do ponto de vista técnico, um open house é o melhor local para apresentações de tecnologias e inovações, o contato olho no olho com o cliente é mais direto e o tempo disponível para atendê-lo é maior que num estande. Aproveitando a deixa, foi também de olho nesse convívio presencial e para adequar nossa estrutura ao crescimento da operação que a filial da minha empresa, a fabricante austríaca de injetoras, robôs e periféricos Wittmann Battenfeld, acaba de passar para instalações maiores em Vinhedo, interior paulista. Entre suas atrações para serem curtidas ao vivo, constam uma área para treinos do chão de fábrica em tecnologias como as de automação e um show room com as linhas completas de equipamentos, todos por sinal altamente digitalizados.

Em paralelo, o futuro dos webinars, em alta sob a pandemia, está assegurado como ferramenta acessível de trabalho e divulgação, atuando em linha com os imprescindíveis open houses e feiras presenciais. Não há vírus que derrube a expressão ver para crer. •

Cássio Luís Saltori é diretor geral da Witmann Battenfeld do Brasil.

Compartilhe esta notícia:
O gatilho da discórdia

O gatilho da discórdia

Excedente global de resinas acentua choque de interesses entre petroquímica e transformação no Brasil

Deixe um comentário