Moratória para reciclagem química nos EUA

Projeto de pirólise em Ohio é sustado por prefeitura até o final do ano
Moratória para reciclagem química nos EUA

Unanimidade coletiva na cadeia plástica, enaltecida como bala de prata para a recuperação de flexíveis multimaterial, a reciclagem química ainda não goza de apoio incondicional da porteira da indústria para fora. Dúvidas sobre sua real contribuição à sustentabilidade emperram sua legislação até nas menores instâncias do poder público, como demonstra nos EUA a suspensão por um ano da construção de uma planta de reciclagem por pirólise, decretada em 26 de dezembro último pelo governo municipal de Youngsville, no estado de Ohio. A moratória paralisa um investimento estimado em US$ 55 milhões, a cargo da empresa SOBE Thermal Energy Systems, para processar, de início, 88 t/dia de pneus inservíveis triturados e, mais adiante, plásticos pós-consumo e lixo eletrônico, como informa o site Inside Climate News.

O projeto da SOBE é rejeitado por grupos de cidadão e ativistas ambientais, entre eles a ONG Beyond Plastics, sem fins lucrativos e de abrangência nacional. Thomas Hetrick, presidente do conselho municipal de Youngsville, justificou a suspensão oficial da obra com a necessidade de tempo para a comunidade dirimir dúvidas e se inteirar dos possíveis impactos locais. Para elevar os decibéis políticos no entrevero, o site Inside Climate News martela um argumento dos oponentes com nuances sociais: o local da futura planta fica perto de um presídio e um dormitório de universitários e em meio a conturbada área com moradores de renda e escolaridade baixas, perfil aproveitado pelos críticos para denegrir o projeto como elitista, uma vez que eventuais problemas e efeitos negativos advindos da operação da unidade afetariam primeiro e diretamente uma população desfavorecida.

Outra querela nessa polarização estende-se à jurisprudência. O processo de pirólise, adotado em especial para polímeros de baixos teores de oxigênio, caso de poliolefinas, em particular resíduos de flexíveis laminados. A pirólise consta, em resumo, do craqueamento térmico que converte sucata plástica e seus contaminantes em matérias-primas como gás de síntese e hidrocarbonetos (óleos, ceras, gases diversos).  Conforme foi noticiado, o projeto da SOBE visa tanto prover o óleo como insumo utilizado na petroquímica para o processamento de polímeros como empregar o gás para aquecer ou resfriar residências. Os advogados da empresa reiteram que a pirólise não implica incineração. É uma visão oposta à dos críticos do empreendimento. Eles frisam que a venerada agência regulatória ambiental dos EUA, Environmental Protection Agency (EPA) descreve pirólise como uma forma de incineração e, arrematam, trata-se de tecnologia prejudicial em termos sustentáveis por ser energia intensiva e emissora de dióxido de carbono na atmosfera.

 

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