México ganha liderança em exportações para os EUA

China perde pole com barreiras levantadas por Trump e Biden
México ganha liderança em exportações para os EUA

A expressão “20 anos depois” já intitulou uma batelada de textos das mais diversas conotações. Mas mesmo vista hoje como típico lugar comum, ela vez em quando bota a cabeça para fora sem fazer feio. Pois acaba de pintar uma dessas oportunidades no comércio internacional: 20 anos depois de liderar as exportações de produtos em geral para os EUA, a mais opulenta economia do planeta, a China foi destronada em 2023 pelo México. Varredura do governo de Washington reproduzida por sites como os do New York Times e agências noticiosas Bloomberg, Asia Nikkei e Vao, atesta que os EUA importaram do México US$ 475.6 bilhões em bens em geral em 2023 ou 5% acima do saldo anterior. Por sua vez, as importações norte-americanas da China somaram US$ 427.2 bilhões ou 20% abaixo do resultado precedente.

O balanço relativo a 11 meses de 2023 contempla o México, um mercado aberto e em febril industrialização, com fatia de 15% do total de exportações de bens para os EUA, enquanto a China registrou participação de 13,9%. Em 2017, a mesma fatia era de 21% mas entrou em gradativa queda vigente há anos, deflagrada por Trump com barreiras tarifárias e regulatórias, depois acentuadas por Joe Biden nos incentivos à produção local prescritos na lei Inflation Reduction Act.

Questionado a respeito pelo site Voa, Jeff Schott, membro do Peterson Institute for International Economics, comentou ser tão relevante quanto à análise do confronto dos volumes exportados se dispor de esclarecimentos a fundo sobre o perfil dos exportadores para os EUA. Trata-se de análise inexistente na praça, ele ressalta, e sua serventia é exemplificada pelo surto de subsidiárias de empresas chinesas com plantas que migraram da China para o México para atender clientes dos EUA sem a instabilidade política e econômica hoje instaurada pelo governo de Pequim e substituindo assim, o modelo de política global de suprimentos, que fez as glórias da China entre 1993 e 2021, pela estratégia denominada nearshoring, de remanejamento de ativos, projetados ou já instalados em território chinês, para locais mais próximos, estáveis e aliados dos EUA. Na mesma toada, Niels Graham, diretor associado do GeoEconomics Center, alertou em depoimento ao site Voa para a prática mexicana de “maquilar” componentes básicos vindos da China para remetê-los aos EUA, como partes integrantes de produtos acabados ali finalizados – outra brecha desse fluxo comercial ainda não radiografada pelo governo norte-americano.

A vibração em curso na manufatura nearshoring, captada na indústria plástica, e no setor de serviços, em particular no turismo, impulsiona o salto de 3,1% aferido em 2023 no PIB mexicano pelo Instituto Nacional de Estatística e Geografia (Inegi), conforme relatado no site da consultoria Icis. Enrique Quintana, diretor do diário El Financiero, comentou para o mesmo portal que o PIB do México deve continuar a surpreender este ano, pois o nearshoring, tendência ainda está no estágio inicial, deve continuar a atrair investimentos diretos e abrir empregos de remuneração decente na economia formal.

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