Surda às imparciais Análises de Ciclo de Vida, atestando a supremacia da sustentabilidade do plástico sobre alternativas, a norte-americana Mars, astro-rei em confeitos, passou para o papel a embalagem de três de seus chocolates em barras (Mars, Snickers e Milky Way) para o mercado da Austrália e Nova Zelândia. A alegação para a troca, em coro com a ladainha da circularidade e de costas para o crivo da Ciência, é a dispensada necessidade de consumir 396 t/a de plásticos no envase daquele trio de guloseimas. Inebriada com o absinto verde da substituição sem razão, a Mars já trombeteia na mídia que ajustes pró-embalagem de papel entranhados na planta australiana em Ballarat tendem a ganhar outras fábricas suas mundo afora. É aqui que o Brasil periga entrar na roda.
Afinal, é o quinto mercado mundial de chocolates e disputado pela Mars com a manufatura local de marcas como Snickers e Milky Way. No plano geral, essa decisão da empresa nada tem de novo. Ela emula a mudança de materiais de embalagens já praticada no exterior por rivais pregadores da sustentabilidade, como a Nestlé. O fato é de que trata-se de uma traulitada e tanto nos meniscos do filme de polipropileno biorientado (BOPP). Ele tem nos confeitos em geral (barras de chocolate inclusas) uma joia de sua coroa. No Brasil, aliás, a data temática da Páscoa é vista como crucial para garantir a doçura do balanço anual de BOPP, o envoltório preferido para ovos de chocolate desde que desbancou celofane.