Iogurtes são um dos raros redutos de embalagens descartáveis em que a liderança de poliestireno (PS), em especial no nicho de copos e potes termoformados, resiste incólume à ofensiva de polipropileno (PP) e e polietileno de alta densidade (PEAD). Ainda assim, a liderança do polímero estirênico nada tem de tranquila, pois a demanda do lácteo está em queda desde a primeira onda da pandemia. Pesquisa da Nielsen divulgada na mídia situa o volume de vendas internas de iogurte em 692,8 toneladas no ano passado, contra 751 em 2021 e 792,1 toneladas em 2020, quando o indicador saltou bonito perante as 740,7 toneladas em 2019, último período antes do infestamento da covid-19.
A queda das vendas em 2022 decorre da combinação da subida ao redor de 20% no preço do leite e de notórias mazelas da economia, tipo perda do poder aquisitivo movida pela inflação, juros nas alturas e inadimplência recorde das famílias. A incógnita no ar é se os programas assistenciais de distribuição de renda pelo governo às camadas mais pobres surtirão este ano uma virada nas vendas dos iogurtes, inclusive reduzindo o hábito de compra movida a marcas de menor preço.
No passado, por sinal, o iogurte marcou como alimento supérfluo cuja entrada nos orçamentos domésticos simbolizava melhora de renda da população. De 2008 a 2012, por exemplo, dados do Ministério da Agricultura dimensionavam em 8,6% a subida na renda média dos brasileiros e, entre os sinais de vacas gordas, as vendas internas de iogurte pularam então 3% em volume – fecharam 11 anos atrás na faixa de 592 toneladas na varredura da consultoria Datamark. Por tabela, os iogurtes (todos os tipos) absorveram então 15.406 toneladas de PS; 2.553 de PP e 9.959 de PEAD. Em 2014, quando as vendas de iogurtes emplacaram 615.000 toneladas, o derivado lácteo pegou perto de 10% do mercado interno de PS e os recipientes termoformados mobilizavam então 63% das embalagens do alimento.