Não há crise que barre a tecnologia e o mercado é como a Mãe Natureza: não perdoa quem não evolui. Wilson Carnevalli Filho, diretor da Carnevalli, presencia o cumprimento dessa lei da selva no cotidiano da demanda de suas extrusoras blown e flexográficas. Nesta entrevista, ele expõe e justifica a continuidade da procura, alheia à crise desde 2015, por suas máquinas de ponta.
1O mercado brasileiro patina há quatro anos. Como explica o aumento da demanda interna por suas coextrusoras e flexográficas de maior capacidade e sofisticação?
Em primeiro lugar, porque junto com uma crise vem a necessidade de baixar custos e o investimento muitas vezes ajuda nesse ponto. Um equipamento novo proporciona reduções nos custos de produção como a diminuição do consumo de energia, um dos gastos de maiores reajustes ao longo desses últimos anos. Por seu turno, o aumento da capacidade gerado pela linha nova converge para dispensa de máquinas defasadas e possibilita o emprego de menos mão de obra ou até igual, mas com maior produtividade e qualidade do produto final, entre outras compensações. Além disso, o Brasil é bem grande e muitos Estados e municípios ainda acusam crescimento em ritmo lento pois carentes de produtos e serviços que, aos poucos, passam a ser fornecidos localmente .
2Quais as referências em sua carteira da procura por coextrusoras e flexográficas mais produtivas e avançadas?
Aqui no Brasil as coextrusoras de três camadas são as mais vendidas. Chegamos a produzir modelos de até 3.000 mm de largura útil e produção de 600-700 kg/h para filmes técnicos, laminação e shrink. Ainda nessa largura temos condições de montar equipamentos com até três bobinas de um metro de cada lado. Hoje o recurso mais procurado em coextrusoras sofisticadas são os sistemas de controle e correção de espessura automáticos. No plano geral, filmes multicamada com barreiras continuam com demanda intensa, razão pela qual já estamos com coextrusoras de nove camadas no portfólio. Quanto a filmes não dependentes de alta barreira, a grande maioria da produção concentra-se em estruturas de três e, no máximo, cinco camadas, sempre visando o preceito da sustentabilidade de que menos é mais. Afinal, coextrusoras de cinco camadas fornecem filmes mais finos, aliando menos volume de matéria-prima e gasto energético com mais produção.
A liderança nas vendas das máquinas de três camadas é seguida de perto pelas versões de cinco, pois são as de melhor custo-benefício e facilidade de operação. Hoje em dia, mais de 40% das nossas vendas são para o exterior e, no caso dos filmes, o movimento é dominado por coextrusoras de médio porte e monoextrusoras multiuso, provendo desde sacolas e sacos de lixo a shrink.
Nas flexográficas, nosso destaque são as impressoras de oito cores Amazon HT, com troca on board de anilox e camisas porta clichê. A série se diferencia pela rápida troca de set-up, pois possui o mesmo sistema de troca de camisas, tanto anilox como porta clichê, das máquinas gearless. Outro ponto alto é a linha Amazon de até 10 cores e velocidade máxima de 300 m/min, dedicada a sacarias, em especial de ráfia, também munida de troca on board de camisas.
3Quais os próximos passos em termos de incremento da automação e informatização que cogita implantar em suas coextrusoras e flexográficas até o final de 2019?
Os próximos passos são em direção a indústria 4.0. Todas as nossas máquinas estão sendo preparadas para receber software de planejamento e inclusão no conceito da fábrica inteligente. Assim, será possível medir e apontar indicadores mais apurados como produtividade versus consumo de energia, produtividade por turno de trabalho, índice de aparas geradas no processo, a quantidade de paradas ocorridas durante um pedido, capacidade do recurso máquina e do recurso mão de obra. Tudo isso em tempo real via web . •