“Na vida real, a estratégia em curso da transição da energia fóssil para a limpa está falhando na maioria das frentes de atuação e a ‘fantasia’ da saída de cena do petróleo e gás deve ser abandonada enquanto a sua demanda continuar a crescer”. Noticiada no site da consultoria Icis, essa ducha de água gelada nos sonhos do radicalismo verde foi despejada em 18 de março, em congresso de energia nos EUA, na apresentação de Amin Nasser, CEO da saudita Aramco, conglomerado petrolífero e petroquímico de cacife global. A visão de Nasser, por sinal, endossa recente pronunciamento de impacto de Darren Woods, CEO da norte-americana ExxonMobil, ao sustentar na mídia que, na prática, ninguém topa pagar o preço caro da transição energética.
Nasser reiterou seu ponto de vista conclamando por uma revisão dos esforços globais para corresponder às condições climáticas e dos custos salgados das opções de energia verde. Também defendeu um reexame das necessidades sustentáveis do mundo subdesenvolvido e propôs a realização de cálculos pragmáticos do potencial existente para se baixar emissões liberadas pelos tradicionais hidrocarbonetos e aumentar a eficiência das soluções de baixo carbono. “Novas tecnologias e fontes de energia só ganharão o mercado quando dispuserem de viabilidade comercial e infraestrutura adequada”, condicionou Nasser, lembrando que combustíveis fósseis/hidrocarbonetos prosseguem respondendo por 80% do mix de alternativas de energia no planeta. “Embora o mundo tenha investido US$ 9.5 trilhões em transição energética nas duas últimas décadas, o consumo do gás natural saltou cerca de 70% no mesmo período”, ele comparou. “Infelizmente, o movimento rumo às fontes renováveis não coloca essas informações ao alcance dos consumidores finais, focando quase com exclusividade nas alternativas para substituir hidrocarbonetos e bem mais em fontes de emissão que nas iniciativas para diminuir a emissão de gases poluentes”.