Europa: inflação e oferta de alimentos devem piorar em 2023
Embalagens de alimentos são, de longe, o maior mercado para o setor plástico e, no âmbito das resinas, a veia jugular do balanço de polietilenos, o polímero mais consumido no planeta. Pois indicadores alarmantes da inflação que come solta na Europa, com altos poderes de irradiação internacional, estão deixando a petroquímica com respiração em suspenso, erosão nas margens e postergação de fábricas recém-concluídas, a exemplo do adiamento do quarto trimestre deste ano para a primeira metade de 2023 da entrada em cena de uma planta de 450.000 t/a de polietileno linear via gás da Nova Chemicals no Canadá.
Colhidos por Paul Hodges, blogueiro do portal Icis, os sintomas de hiperinflação a caminho da Europa alinham o reajuste de 19% nos preços dos pães em 2021; pulo de 16% nos preços dos alimentos apenas em setembro passado; aumento da ordem de 40% nos custos de energia e, no Reino Unido, que importa metade dos alimentos ali consumidos, a inflação salgou os preços em 27,8% também em setembro.
O ovo da serpente da inflação europeia atende por gás natural, combustível administrado como arma por Putin na guerra contra a Ucrânia. Os reajustes nos alimentos são corolário da alta estratosférica do gás natural, insumo-chave da amônia imprescindível para a composição de fertilizantes nitrogenados, quadro que prenuncia cortes na agricultura mundial em razão do peso incrementado dos fertilizantes nos custos de cultivo.
A encrenca engrossa com Putin baixando o fluxo de vários gasodutos para a Europa; as notícias de estouros e vazamentos suspeitos do gasoduto Nord Strom e a tensão gerada no velho continente em relação à disponibilidade de gás suficiente para aquecer a população aquecida e evitar racionamentos e paradas de indústrias. Richardson comenta que, até o momento, a Europa e o mundo em geral consomem alimentos colhidos na safra passada.
Esgotada esta via de suprimento, dificilmente situações de escassez de comida serão evitadas devido à escalada dos preço do gás natural, fertilizantes e trigo, agrocommodity que têm na Rússia e Ucrânia seus maiores exportadores. Por essas e outras, o analista do ICIS considera inevitáveis mais rodadas de reajustes nos preços do alimentos no ano que vem, acentunado a incidência da parcela considerada faminta da população mundial. No caso do I Mundo, ele arremata, urge reduzir em 25% o total atual do volume de alimentos desperdiçados, pois o quanto menos se descartar, mais haverá para comer.
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