O nível educacional do Brasil segue eternizado na rabeira dos rankings internacionais e, nessa esteira, uma fratura exposta é a nossa “geração nem nem” (nem estuda nem trabalha; 36% dos jovens). Pois bem, os EUA podem estar em outra galáxia na qualificação da mão de obra, com dinheiro grosso inundando em todas as esferas do ensino. Mas a realidade surpreende ao nivelar por igual um país emergente com um da elite mundial ao apontar uma bomba relógio em RH largada nas manufaturas como a da transformação de plástico. O pino da granada é puxado por Paul Steck, presidente da Exothermic Molding, em artigo publicado em 22 de maio na edição impressa do jornal norte-americano Plástics News.
Intitulado em tradução livre, “Como a retirada dos boomers (nascidos entre 1945 e 1984) impacta nosso negócio?”, o artigo abre relatando que a escalada de aposentadorias desses veteranos resultou num gap de conhecimentos no ambiente fabril, preenchido apenas de modo parcial por ferramentas tipo impressão 3 C e computer aided design (CAD). Neste ínterim, as novas gerações nos EUA (tal como no Brasil) repudiam a ideia de fazer carreira na manufatura, embora sejam aquinhoadas com acessíveis cursos escolares embebidos em engenharia. A estratégia tem negado fogo, comenta Steck, resultando em operadores com habilidades menos abrangentes que o pessoal aposentado e em talentos com aversão “a sujar a mão na graxa” em encargos nas áreas de metalurgia de moldes, ajustes em CNC e monitoramento dows equipamentos. Steck desenha o drama estimando, com base em fontes setoriais, a disponibilidade de 3,5 milhões de vagas para gente qualificada no chão de fábrica americano em 2025 e, pelo andar da carruagem atual, ele calcula que apenas 1,5 milhão desses postos acabarão preenchidos a contento.
Steck reconhece o fiasco resultante de uma alternativa tentada na manufatura dos EUA: contratar como consultores os boomers aposentados para repassarem o legado de seu know-how aos escassos jovens entrantes. O fracasso é explicado pelo desinteresse das novas gerações em ouvir quem tem de 70 anos em diante. Para o articulista, o impacto desse vácuo em RH na manufatura interferirá, a curto ou longo prazo, na sobrevida da atividade transformadora (todos os tipos de manufatura). A via de elevar salários, efeito da escassez de interessados, também se mostra infrutífera para laçar jovens para o chão de fábrica nos EUA, insere Steck. O artigo fecha enfatizando a urgência de soluções e, mantido o rame-rame atual, o autor considera pedra cantada a ativação de um processo de desindustrialização no país, a começar pelas indústrias transformadoras menores.