Este filme não queima

Por que a estrela da SR Embalagens sobe há 40 anos

Delegado em Barretos, no interior paulista, Sergio Carneiro não vacilou em montar no cavalo arreado que passava à sua frente em 1979. Em bate-papo com a cúpula do frigorífico local Anglo (hoje da JBS), soube da dificuldade para acertar o suprimento de embalagens plásticas. Logo a seguir, em viagem à capital, pingou na mesa de um jantar com amigos a notícia de uma indústria de flexíveis à venda. Carneiro juntou os pontos e, mesmo cru no ramo, tal como sua esposa, a professora Rosa, passou nos cobres um herdado laranjal para comprar a Rami Plásticos. Renomeada SR Embalagens, sua capacidade aproximada de 15 t/mês de bobinas e sacos lisos e impressos de polietileno (PE) foi trazida a Barretos. 40 anos depois, a sacada do delegado cintila nas vestes do grupo gerido por sua família e com receita da ordem de R$300 milhões, proveniente de embalagens mono e multicamada, e com braço na reciclagem a cargo da controlada Barreflex.

Na selfie atual, a empresa possui cinco fábricas. “As embalagens são produzidas na matriz em Barretos e na filial em Três Rios, totalizando capacidade de 2.600 t/mês de flexíveis”, delimita o CEO Sérgio Murad Carneiro Filho. Por sua vez, as três unidades de reciclagem da Barreflex, na ativa em Barretos, Três Rios e Sumaré (SP), somam potencial para moer e regranular polímeros na faixa de 1.000 t/mês, completa o dirigente.

Ex-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (Abief),Carneiro Filho conhece as facetas do seu hiper concorrido setor de trás para a frente e, com base nessa bagagem, ele atribui a cinco turbinas a decolagem do seu grupo. O pontapé inicial cabe à interação de três delas: a formalidade do negócio, governança corporativa e o atendimento customizado a clientes, a tiracolo de aprimoramentos contínuos no controle de qualidade e desenvolvimento de soluções. “A empresa sempre operou com o mesmo CNP 100% limpo e passa há 12 anos por auditorias independentes, o que facilita a conquista de clientes”, assinala o CEO. No embalo, ele cita a valorização do quadro de pessoal, visível em práticas como o plano de remuneração variável, avaliações regulares de desempenho com reflexos na folha salarial e remanejamento de cargos e programas para a retenção de novos talentos vislumbrados em estagiários e trainees. Carneiro Filho fecha os aditivos do motor da SR com a gestão informatizada ao extremo. “Lançamos em março último o Projeto SAP, contemplando a implantação até 2020 da mais nova versão do sistema integrado de gestão empresarial ERP”, adianta o dirigente.

Rosa Carneiro e Sergio Carneiro Filho: expansão do grupo ditada pela informatização, governança corporativa e tecnologia em dia.

Tem mais: Carneiro Filho explica que um naco de 75% do faturamento da companhia é revertido anualmente em investimento na renovação e/ou expansão do parque fabril instalado em imóveis próprios. Perto de 20% desse montante, ele reparte, é aplicado na atualização e manutenções preditiva e preventiva dos equipamentos. Por sinal, encaixa o CEO, a automação e digitalização já se entranharam no grosso das etapas dos processos. “A maioria das linhas de grande porte, em especial coextrusoras e impressoras gearless, já contam com monitoramento da operação e assistência técnica com acesso remoto pela internet e o fluxo de material já está informatizado de ponta a ponta, com codificação de cada bobina dos processos intermediários e rastreamento virtual de todos os produtos acabados em estoque”, ele descreve.

Seja em flexíveis ou na reciclagem, o grupo operou com 80% de ocupação em sua capacidade instalada sob a economia nada memorável em 2018. Na esfera das embalagens, as entrelinhas do faturamento arredondado em R$ 300 milhões trazem à tona diversas mudanças-chave no consumo doméstico de flexíveis. Numa segmentação da receita por categorias de produtos, Carneiro Filho atribui participação de 90% para filmes e 10% para sacos. “O aumento da automação em linhas de empacotamento incrementou a produção de filmes para este processo, em detrimento dos sacos“, interpreta o presidente da SR. A mesma justificativa, ele encaixa, norteia a divisão da receita do ano passado em 70% para filmes coextrusados e 30% para os tipos monocamada. Carneiro Filho também cinde o faturamento em frações de 60% para filmes impressos e de 40% para liso. “É um efeito do acompanhamento da evolução dos mercados consumidores pelos brand owners e um reflexo da estratégia de agregar valor praticada por eles”. O CEO fecha o exercício de categorização atribuindo 80% do resultado a embalagens alimentícias (bebidas inclusas) e 20% a nichos pulverizados como produtos higiênicos e para construção civil. “É uma divisão coerente com a nossa especialização”, constata Carneiro Filho.

Tudo caminha para uma interação crescente da SR com a Barreflex. Carneiro Filho rememora que,10 anos atrás, em respeito às boas práticas de fabricação, a separação física da produção de embalagens de alimentos do tratamento das aparas geradas em linha motivou o ingresso no negócio independente de reciclagem. “Estimulados também pela receptividade à ideia dada por outras fontes de aparas, construímos então uma unidade exclusiva para reciclagem e daí a atividade desdobrou-se naturalmente para a prestação de serviços e hoje, apesar de ainda não contar com linha de lavagem, a Barreflex já atende pedidos de recuperação de polímeros pós-consumo e produz compostos com reciclado”, observa o dirigente. Hoje em dia, ele estabelece, a Barreflex atua de forma independente do negócio de embalagens. “Além de trabalhar com nossos resíduos, ela compra aparas e vende reciclados, transacionando inclusive com concorrentes da SR”. Por sinal, ele acrescenta, o culto ao desenvolvimento sustentável tem bafejado desenvolvimentos de embalagens da SR com formulações baseadas em reciclados da Barreflex. Entre os planos imediatos para a recicladora, Carneiro Filho destaca a aquisição de outra linha de moagem e, arisco por ora a pormenores, ele acena para breve com uma parceria em torno de nova tecnologia de tratamento de aparas e uma ação para fortalecer a captação de refugo pós-consumo.

A aversão da economia circular a embalagens flexíveis (ver seção Especial), em razão de sua coleta trabalhosa e reciclagem mais complexa, é alvo de uma visão ambivalente de Carneiro Filho. De um lado, deixa claro, a ojeriza preocupa por embutir risco para o negócio de embalagens, embora filmes monomaterial, de reciclagem facilitada, predominem no mix da SR. Do outro, ele vibra com a percepção de oportunidades. Fala por si a bem sucedida introdução da linha Eco-Filmes, integrada por películas geradas por formulações com teores de resinas recicladas. “E já está em marcha a oferta de uma série de produtos com opções de matérias-primas em harmonia com o meio ambiente, como biopolímeros e polietileno derivado do etanol extraído da cana-de-açúcar”, completa o CEO da SR.•

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