“Estamos passando pela maior crise hidroviária dos últimos 120 anos”, atesta CEO da Packseven

Navios com contêineres não saem nem chegam a Manaus desde o início de outubro
Seca no Amazonas: abalo sísmico na logística de suprimento e entregas para transformadores na Zona Franca.
Seca no Amazonas: abalo sísmico na logística de suprimento e entregas para transformadores na Zona Franca.

Bem pior do que o esperado, a seca sazonal reduziu a níveis mínimos os rios no Amazonas, um flagelo para o polo de Manaus dependente de logística 95% fluvial. Desde o começo de outubro, cargueiros com contêineres não entram nem partem do porto local e não se sabe quando a malha de rios retornará à navegabilidade. Em épocas normais, 15.000 contêiners circulam por ali por mês. A situação encurrala os transformadores de plástico na Zona Franca e, entre eles desponta o contingente de produtores de flexíveis como sacos e sacolas, shrink e, liderança nacional, de stretch. E stretch, por sinal, é uma das especialidades da Packseven, transformadora top há 27 anos na ativa e cuja produção se divide entre a sede no interior paulista e a filial amazonense. Nesta entrevista, o CEO Kléber Ávila comenta os prejuízos e alterações causadas pela seca em sua fábrica na Zona Franca.

Kléber Ávila: a prioridade para a Packseven é honrar todos os contratos de entrega de produtos.
Kléber Ávila: a prioridade para a Packseven é honrar todos os contratos de entrega de produtos.

A piora das mudanças climáticas aumenta o risco de agravamento e maior duração das sazonais secas no Amazonas, como mostra a calamidade deste ano. Esta ameaça imprevisível pode levar transformadores a rever ou suspender planos de investir em novas plantas na Zona Franca?
Não, pois não acreditamos que essa seca sazonal irá se repetir com frequência. Apesar de todas as dificuldades no local, acreditamos que os incentivos ficais da Zona Franca ainda as superam.

A seca atual complicou e encareceu o suprimento de matérias-primas para plantas de transformação na Zona Franca, assim como dificultou e onerou os custos e a logística de entregas dos seus produtos ao restante do Brasil. Esta adversidade tira ou não a vantagem econômica proporcionada pelos incentivos do polo de Manaus?
Estamos passando pela maior crise hidroviária dos últimos 120 anos e, portanto, a resposta é sim. Ela impactará diretamente nos custos de toda a operação, mas acreditamos que iremos recuperar isso no primeiro trimestre de 2024. Produzir na Zona Franca ainda permanece a melhor opção para os produtos commodities.

Outubro é período vital para transformadores atenderem indústrias finais dependentes das vendas de fim de ano. A seca está inviabilizando o cumprimento à risca dos cronogramas de entregas pelas fábricas da Zona Franca a clientes no Sudeste/Sul?
Como esperávamos vendas fortes no último trimestre, em função da sazonalidade e, dada a percepção de clientes extremamente baixa, entramos nessa situação de seca com estoques mais altos do que em anos anteriores. Por termos adotado algumas estratégias de contingência, seguimos relativamente tranquilos para enfrentar esse período. Vale ressaltar, contudo, que também contamos com a produção na planta da Packseven em Mogi Guaçu SP). Em relação aos prejuízos, eles ainda não se materializaram e estamos trabalhando fortemente para que não ocorram.

Uma saída para transformadores nessa situação é transferir (parcial ou totalmente) a produção de Manaus para outras de suas fábricas no restante do Brasil. Mas se isso for feito como fica a rentabilidade obtida da produção incentivada na Zona Franca? Ou mais importante que o lucro é fidelizar o cliente?
Isso está acontecendo conosco, com um pequeno percentual e, é claro, sempre com o objetivo de fidelizar os clientes e cuidar da nossa parceria. O lucro agora não é algo que está em pauta, o que queremos é honrar todos os nossos contratos de entrega.

Está aberta a hipótese de futuras secas de maior intensidade no Amazonas daqui por diante. Quais medidas preventivas a Packseven deve adotar  caso essa calamidade  volte a ocorrer, para atenuar ou zerar seu impacto sobre o suprimento de matérias-primas para a planta na Zona Franca e suas  entregas?
Infelizmente, todos os anos já nos preparamos para este período de seca na região norte. O que faremos com mais intensidade é o nivelamento ainda mais alto dos estoques de resinas. Estamos estabelecidos em Manaus e convivemos com esses problemas desde sempre, por isso também já temos estratégias pré-estabelecidas em manutenções dos estoques.

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