Ecoboxes: mercado logístico ganha amplitude

Indústria emplaca 10 anos com e-commerce atiçando a injeção e reciclagem de aparas, paletes e caixas de transporte
Ecoboxes:fornecimento para centros de distribuição contrabalança estagnação do setor automotivo.
Ecoboxes:fornecimento para centros de distribuição contrabalança estagnação do setor automotivo.

Um dos raros setores empresariais que viceja no Brasil sem as muletas dos benefícios ficais é o da logística de distribuição do comércio eletrônico. Estimativa da consultoria imobiliária JLL crava que três milhões de m em novos estoques foram incorporados ao contingente nacional de galpões logísticos apenas no ano passado. O alastramento do e-commerce é um oásis sob medida para a Ecoboxes, que completa sua primeira década em 2024 como dínamo na injeção de paletes e caixas de poliolefinas para transporte e estocagem por empresas. Os armazéns e condomínios logísticos contribuíram para contrabalançar o baque sofrido pela empresa com o colapso nos últimos tempos de outro mercado reverenciado, o setor automotivo, a ponto de essa transformadora e recicladora ter logrado crescer perto de 10% nas vendas de 2023 e agora acalenta expandir acima de 20% este ano. Fruto do empreendedorismo do hoje conselheiro Cleber Mazza, a Ecoboxes transpôs para o Brasil várias facetas do modelo de produção e negócio que ele assimilou em 11 anos de carreira internacional acumulados no grupo suíço Georg Utz, suprassumo mundial em itens como contentores de separação de produtos, paletes e rolos de transporte. Na entrevista a seguir, Mazza analisa a performance da Ecoboxes em seus 10 agitados anos iniciais e acentua a fieira de investimentos em recipientes reutilizáveis pela cadeia de suprimentos que robusteceram a empresa com clientes do naipe da Amazon, Mercado Livre, Renner, C&A, Netshoes,  Raia Drogasil e Drogaria Araújo.

Cleber Mazza: aliança com israelense UBQ Materials em produtos zero carbono.
Cleber Mazza: aliança com israelense UBQ Materials em produtos zero carbono.

Nesses 10 anos a Ecoboxes introduziu soluções até então inéditas em seu ramo no Brasil?
Ente nossos pioneirismos, constam as caixas ALC (attached lid lid container ) para logística reversa com uso de lacres próprios e invioláveis. Hoje, a empresa oferece mais de 12 modelos diferentes dessa linha. Outro destaque sem similar no mercado interno foi a série de caixas Tote, utilizada na manutenção de armazém logístico SKU (Stock Keeping Unit) e em sistema semi ou 100% automáticos na separação de pedidos.

Como é a infra de produção atual?
A empresa possui mais de 15.000 m² de instalações, divididas em duas plantas em Paulínia e Valinhos, com parque de injetoras equipadas com robôs e células de manufatura automatizada. Contam ainda com sistema de rastreamento de RFID (Identificação por Radiofrequência) e aplicação de etiquetas blindadas, proporcionando maior segurança e controle de estoque. A unidade em Paulínia roda com injetoras de 200 a 3.000 toneladas, com capacidade de injeção de até 27 quilos e integradas a robôs e máquinas de gravação. Ela opera com mais de 200 moldes e sua atual capacidade produtiva de 1.000 t/mês. Em 2023, decidimos investir em três injetoras, cada uma com capacidade de 1.200 toneladas, e fechamos a compra de mais três, de 1.100 e 1.200 toneladas. Desenvolvemos seis moldes para elas começarem a concretizar em fevereiro a produção de dois novos projetos grandes. Também adquirimos mais 10 moldes para lançamentos como uma garrafeira que oferece ao cleinte uma experiência única no armazenamento de cerveja. No momento, temos condições de transformar 1.200 t/mês de PP copolímero ou PEAD, de acordo com a solicitação e necessidade dos clientes.

Por sua vez, a unidade em Valinhos está voltada para o reprocessamento de nossas aparas e de produtos acabados nossos remetidos por clientes depois de considerados inaproveitáveis. É uma atividade sustentável que também traz benefício econômico aos clientes que nos entregam esta sucata para receber caixas e paletes injetados com polímeros para segundo uso. O parque de extrusoras em Valinhos opera com capacidade atual para reciclar 25 t/mês. Nessa mesma pegada ambiental, firmamos uma aliança com a israelense UBQ Materials, dedicada a produtos zero carbono. Entre os cases de sucesso dessa parceria figuram os primeiros paletes zero carbono produzidos na América Latina, para a cliente Pepsico, e a produção de 25.000 caixas zero carbono para a Claro do Brasil, substituindo as tradicionais caixas de papelão por versões retornáveis da Ecoboxes.

Por que a Ecoboxes investiu num centro de reciclagem em Valinhos, em lugar da praxe entre transformadores de encomendar a terceiros a recuperação de aparas?
Decidimos investir na reciclagem interna para garantir a qualidade do material recuperado e, em decorrência, a qualidade do nosso produto final. Hoje temos uma planta para reciclar caixas e paletes de duração esgotada  mandados por clientes e para recupera o refugo gerado na unidade em Paulínia. Em resumo, na planta em Valinhos a sucata é moída, lavada e extrusada. Temos com os clientes um sistema de permuta de caixas usadas por novas, injetadas com o material recuperado dos produtos recebidos. Em média, a cada cinco quilos de sucata entregues, o cliente recebe um quilo de plástico contido na fabricação de novas caixas e paletes.

Poderia detalhar este esquema de dar uma caixa nova pelo recebimento de cinco imprestáveis, para utilizá-las como matéria-prima para reciclagem destinada ao reúso na linha de produção da Ecoboxes?
A prática de trocar cinco quilos de produtos usados por um quilo de novo sempre esteve incorporada à nossa filosofia de trabalho. Mas nos últimos três anos temos intensificado essa iniciativa, graças aos processos fiscais e logísticos que foram consolidados para tornar o projeto viável. Vale frisar que, com o uso de reciclado em nossa manufatura, conseguimos diminuir em até 60% a emissão de carbono.

Quais os produtos/ tecnologias marcantes na trajetória da Ecoboxes nesses 10 anos?
Destaco a influência do crescimento do serviço on-line e das lojas de e-commerce sobre a demanda por nossas soluções. Para atender às exigências do setor eletrônico, por exemplo, foram criadas caixas de separação específicas para sistemas automatizados. Elas já são fabricadas com etiquetas de código de barras ou RFID colocadas por robôs. As etiquetas são blindadas e utilizadas para gerenciar as rotas dentro da automação.

2023 marcou por inflação e juros abusivos, carestia e crédito escasso e caro. Sob esta conjuntura, como avalia o desempenho do mercado interno de caixas plásticas para transporte e armazenamento este ano versus 2022 e quais as perspectivas para 2024?
Este tema tem sido a principal influência nas tomadas de decisão durante o exercício do ano fiscal de 2023, visando viabilizar uma alavancagem contínua e preços mais competitivos. Crescemos cerca de 10% no último período, devido à situação atual do governo. Diante da queda no setor automotivo, a Ecoboxes está direcionando investimentos para o setor de logística desprovido de intervenção manual. Em suma, em 2022, tivemos novos projetos de automação no gênero e o lançamento de diversos produtos, o que nos proporcionou um resultado esperado para o período. Em 2023, no entanto, devido à inflação e juros altos, alguns clientes declinaram seus projetos. Além disso, a queda do setor automotivo nos levou a atuar fortemente no mercado de lojas online e distribuidores.

Acreditamos em mudanças positivas no mercado de concessão de crédito, com a redução das taxas de juros, em especial quanto  ao spread. Um equilíbrio mais adequado a todos os mercados, e não apenas ao financeiro, resultará em mais faturamento para os investidores e crescimento para todos os setores, no plano geral. Em 2024, esperamos que haja movimentos e projetos para disponibilizar crédito, permitindo maiores investimentos. Os planos para a Ecoboxes incluem a inauguração de outra planta de reciclagem e aumentar as vendas em 25% sobre o ano passado, mérito da retomada dos projetos presenciada desde agosto último.

Quais os tipos de indústrias que mais cobram ações sustentáveis da Ecoboxes e qual a possibilidade de ela também utilizar plástico reciclado pós-consumo (PCR) em suas caixas e paletes?
As múltis de alimentos e telefonia são as indústrias que estão utilizando produtos sustentáveis para cumprir as metas de baixo carbono. Além de aumentar a confiabilidade dos produtos reciclados, oferecemos ao mercado um material israelense que possibilita a redução do carbono na caixa ou palete fabricado. Essa alternativa tem gerado grandes contratos locais e de exportação. Ainda não utilizamos plásticos pós-consumo reciclados, pois montamos uma estrutura em que coletamos os produtos obsoletos e/ou danificados de clientes para realizar uma reciclagem mais segura. O segredo da reciclagem está na perfeita classificação dos produtos coletados. Na reciclagem do material pós-consumo, há muita contaminação.

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