É uma questão de saber arar

Basf abastece agroveículos com os diferenciais de seus plásticos de engenharia

Nos últimos dois anos, em particular, as vendas bem mal das pernas de carros no Brasil têm obrigado os fornecedores de plásticos de engenharia a buscar alguma compensação dessa fraqueza de seu principal cliente assediando mercados onde, até então, sua circulação era discreta. Daí o interesse avivado por oportunidades embutidas no motor do PIB nacional, o agronegócio. Em seu bojo, o segmento de máquinas agrícolas compareceu em 2023 com faturamento da ordem de R$ 77,7 bilhões e uma receptividade à evolução tecnológica com oportunidades que enchem os olhos das fontes de polímeros nobres beneficiados. Bússola global em materiais como poliamidas (PA) 6 e 6.6, a Basf tem cadeira cativa e milhagem de voo premium na prospecção dessas aplicações no Brasil, como demonstra nesta entrevista Fernando Antonio Ribeiro, gerente senior de desenvolvimento técnico para plásticos de engenharia e poliuretano termoplástico da empresa na América do Sul.

Fernando Antonio Ribeiro: vocação de plásticos de engenharia para peças estruturais de máquinas agrícolas.
Fernando Antonio Ribeiro: vocação de plásticos de engenharia para peças estruturais de máquinas agrícolas.

No plano geral, em quais das principais peças originais de implementos agrícolas o emprego de compostos de engenharia, como PA 6 e 6.6, já se acha consolidado no Brasil?

A utilização de plásticos de engenharia em aplicações no segmento agro tem mostrado sinais de crescimento no Mercosul, principalmente nos últimos três anos. É possível destacar desde os consagrados “fingers” (conhecidos como dedos molinetes) de colheitadeiras, passando por componentes de pulverizadores até discos de semeadeiras e sistemas de fixação de sementes.

Com quais materiais os compostos de engenharia disputam espaço em peças de reposição para implementos agrícolas e quais os seus diferenciais perante esses concorrentes?

A maior parte das aplicações em equipamentos e implementos ainda é baseada em soluções tradicionais, envolvendo metais, em especial aço. Romper paradigmas e comprovar potenciais vantagens a partir da substituição de metais por plásticos de engenharia seguem como desafios importante para nosso setor. Em função do perfil amplo de propriedades mecânicas, químicas, térmicas e estabilidade frente às intempéries, as poliamidas (PA 6.6, PA 6), polibutileno tereftalato (PBT), poliacetal (POM) e até mesmo poliftalamida (PPA) disputam espaço nas aplicações estruturais e dependentes de performance e durabilidade em serviços superiores. Vale destacar o crescimento da manufatura aditiva em peças de reposição, com componentes impressos em 3D via modelagem por deposição fundida (FDM e sinterização a laser seletivo (SLS), entre outras técnicas.

No Brasil, quais os mais recentes desenvolvimentos da Basf para introduzir materiais nobres em peças para implementos agrícolas?

Entre as características fundamentais para desvendar aplicações em implementos agrícolas aos plásticos de engenharia, destacam-se a rigidez estrutural e a resistência química, a impacto, fadiga e à corrosão e abrasão. No setor agro precisamos agregar valor tanto para o fabricante do implemento como para o produtor rural. Dessa forma, o sucesso não depende apenas em reduzir custo ou lead time do componente original para o sistemista OEM, mas de como podemos facilitar a revisão do equipamento no campo ao simplificar sua montagem/desmontagem o que reduz o custo e tempo de manutenção. Nesse contexto, avançamos em projetos de componentes estruturais ou submetidos a esforços dinâmicos envolvendo substituição de metal por materiais das linhas Ultramid PA 6.6/GF25-60 (grades A218 V25, A3WG10 CR, A3WG12 HP), Ultradur PBT/GF30-50 (grades B4300G6 e B4040G10), Ultramid Advanced PPA/GF35 (grade ADV T1000HG7) e Ultraform POM de altíssima resistência ao impacto (grade N2640).

Quais peças de implementos agrícolas hoje produzidas no Brasil com outros materiais e que a Basf considera com mais chances de serem embolsadas em breve por seus compostos de engenharia?

Quando o desafio relaciona-se à substituição de metais, em regra requer um trabalho nosso de engenharia em parceria com cliente para redesign e validação de conceitos (simulações digitais) e protótipos, uma empreitada de médio prazo, pelo menos. De qualquer forma, ainda há oportunidades para otimização de performance de componentes principalmente em sistema de pulverização e semeadeiras com as famílias de compostos já mencionadas, além do espaço percebido em recipientes coex de agroquímicos para as séries Ultramid PA6/GF 30-50 (grades B3EG6 e B3WG10), PA 6.6/GF30 (grade A218 V30) e Ultramid PA 6 High Performance. •

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