Campo aberto

Fluoretação via plasma completa o cerco da Unipac às embalagens com barreira para defensivos

O aumento sistemático da área plantada e o combate numa agricultura tropical a insetos sugadores, doenças e plantas daninhas resistentes fazem a festa dos defensivos no Brasil, deixam patente o recorde de 493 registros aprovados em 2020 pelo Ministério da Agricultura e as vendas de US$ 12 bilhões nas estimativas preliminares do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Vegetal (Sindiveg). Trem-bala no sopro de recipientes para agroquímicos no país, a Unipac, transformadora controlada do Grupo Jacto, alarga a dianteira e irriga a praça com um pioneirismo: a reciclável embalagem monocamada com barreira resultante da fluoretação com plasma. “As primeiras delas ganham o mercado neste primeiro trimestre, envasando defensivos de um fabricante que nos pede confidencialidade”, atestam André Silvestre, Alexandre Gustavo Marino Piedols e Caio Vinícius Morisco Balarim, respectivamente gerente de vendas do segmento de embalagem, gerente de P&D e engenheiro de pesquisa da Unipac.

Com essa incorporação do processo de deposição química via plasma, a Unipac sobressai no ramo como a única transformadora a desdobrar um cardápio completo de soluções de barreira para o envase de defensivos agrícolas: frascos e bombonas coextrusados e, em versões monocamada, os recipientes submetidos à fluoretação convencional (com flúor) e com plasma. Silvestre, Piedols e Balarim retomam o fio assinalando que o mapeamento de oportunidades para a tecnologia de plasma foi iniciado em 2017 na Unipac. “Além de outra alternativa para quem busca embalagens com barreira, estamos trazendo ao Brasil uma das tecnologias mais limpas no gênero, aliando inovação com responsabilidade socioambiental”, acentuam os três executivos. “A Unipac domina agora a tecnologia de plasma, sem depender de terceiros para realizar este processo já homologado para o acondicionamento e transporte de produtos perigosos”.

Praxe no mercado, a Unipac estreou em embalagens de agroquímicos com barreira pela ultra frequentada via do sopro coextrusado, processo aliás realizado por completo em seu parque fabril. Consiste na produção de recipientes de duas camadas de polietileno de alta densidade (PEAD) entremeadas por uma com teor entre 2% a 5% de agente de barreira. “Em regra, trata-se de poliamida (PA) nas embalagens acima de cinco litros ou copolímero de álcool etileno vinílico (EVOH), em geral empregado nos frascos abaixo de um litro”, delimitam Silvestre, Balarim e Priedols. A propósito, eles inserem, o sopro coex sobressai no envase de produtos dependentes tanto de barreira química como a gases, a exemplo do oxigênio. Como esta embalagem alia materiais diferentes, sua reciclagem requer cuidados e procedimentos inexistentes na lida com recipientes monocamada dotados de barreira, caso dos fluoretados.

A sedução da reciclagem simplificada estende o tapete para a fluoretação convencional no envase de agroquímicos, em campo há cerca de quatro anos no Brasil, situam os três técnicos da Unipac. A empresa nada de braçada nesta raia desde 2017 e conta com fornecedor do serviço de fluoretação fora de suas instalações. “Nesse processo, as embalagens sopradas são introduzidas numa câmara e suas superfícies reagem à exposição ao flúor, criando uma camada micrométrica de barreira a solventes capazes de agredir a parede da embalagem sem tratamento”, eles sintetizam.

Agroquímicos

Embalagens: barreira em linha com sustentabilidade

Estimativas setoriais contemplam os recipientes com barreira (coextrusados e fluoretados) com cerca de 20% do volume do mercado interno de acondicionamento de defensivos, incluso no cômputo o tipo monocamada tradicional. Por sua vez, calcula-se que o modelo fluoretado responda hoje por volta de 30% do volume de embalagens com barreira. Na voz corrente em agroquímicos, o crescimento da demanda das fluoretadas será determinado pela combinação do custo com o atendimento das necessidades das formulações de defensivos a serem envasadas. Uma vez satisfeitas tais condições, a reciclabilidade pode ser um fator a mais a ser considerado na seleção da embalagem pelo fabricante de defensivos. Afinal, a reciclagem mecânica da fluoretada é bem menos complexa e onerosa que a do recipiente coex, gerando resina de boa qualidade para segundo uso. Esta pegada sustentável lastreia previsões de deslocamento das coextrusadas pelas fluoretadas nos próximos anos.

Orçado acima de R$ 8 milhões, o investimento total da Unipac para debutar na fluoretação com plasma teve um ponto-chave na importação da linha de coating da belga Delta Engineering, cuja tecnologia patenteada requer o pagamento de royalties, informam Silvestre, Priedols e Balarim. “O equipamento foi instalado no final do ano passado na filial em Limeira (SP) para trabalho com embalagens de cinco a 20 litros de defensivos”, eles esclarecem.

No jargão técnico, o processo, de baixo gasto energético e livre de solventes, é definido como deposição química assistida por plasma. Gases e vapores são excitados eletronicamente e tornam-se bastante reativos, explicam os técnicos, acrescentando que o plasma pode então ser iniciado e mantido por um campo eletromagnético. “É empregado para promover características na superfície da matéria como adesão, limpeza, ativação e formação de revestimentos funcionais”, eles exemplificam. Após o sopro, a embalagem segue a um reator formado por câmara de vácuo acoplada a um micro-ondas e que provê a energia necessária para criar o plasma. “Os gases industriais comuns utilizados, de baixo nível de periculosidade e toxidez, são aplicados em três etapas sequenciais na embalagem, em teores reduzidos e sem emissão de resíduos sólidos na embalagem em três etapas sequenciais” completam Priedols, Balarim e Silvestre.

A fluoretação via plasma gera um revestimento nanométrico (em grande parte removido na lavagem pré-reciclagem) na parede interna do recipiente soprado, compondo uma camada que diminui a permeação de solventes. Essa barreira, salientam os técnicos da Unipac, atende aos protocolos de compatibilidade química prescritos para o embalamento de defensivos. “Por termos pleno controle dessa nova tecnologia, dispensando a dependência de terceiros notada na nossa operação de fluoretação convencional, conseguimos reduzir custos, abreviar o processo e estreitar o controle de qualidade das embalagens”, eles arrematam. •

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