BOPET com pegada renovável

Terphane vai lançar filme biorientado de poliéster combinado com biopolímero
BOPET com pegada renovável

Mesmo sem data definida para a entrada em produção comercial, o biopolímero PEF criado pela norte-americana Origin Materials, com base em ácido furandicarboxílico, já tem uma parcela da sua futura produção anual reservada para a Terphane, fera em filmes biorientados de PET (BOPET) com plantas nos EUA (matriz) e Brasil. O forte da plataforma da Origin são os chamados materiais carbono negativo, atributo embebido em fontes renováveis que laçou a Terphane devido à esmagadora pressão hoje exercida por brand owners de alimentos sobre os laminados flexíveis (nicho do qual BOPET participa) para se credenciarem como embalagens sustentáveis e devotas da economia circular. A parceria firmada com a Origin e as possibilidades entrevistas para o biopolímero PEF em filmes são assinaladas na entrevista a seguir de Marcos Vieira, diretor global de P&D e de vendas para o mercado norte-americano da Terphane.

Marcos Vieira da Terphane
Marcos Vieira: PEF supera com folga os índices de barreira ao oxigênio e umidade de PET.

Quais os atrativos em combinar teores de PEF com PET em filmes biorientados para embalagens flexíveis laminadas de alimentos?
O desenvolvimento desse filme será fundamental para nossos esforços em atender a essa nova demanda global por soluções de embalagens flexíveis sustentáveis. Resistente, leve e reciclável, o filme de PEF possui todas as propriedades tradicionais de um filme PET comum, caso da transparência. Além disso, o biopolímero oferece excelente resistência térmica e desempenho de barreira superior ao PET, prolongando assim a vida útil dos produtos embalados. Vale frisar, a propósito, a origem de PEF em fonte renovável, ou seja, está inserido num conceito de economia circular e, no caso, o principal benefício é a pegada de carbono bem reduzida e o potencial para degradação. O filme biorientado de PET e PEF é especialmente indicado para produtos sensíveis, como shakes de proteína e chás.

Em quais propriedades específicas PEF supera PET convencional em filmes biorientados para laminados de alimentos?
PEF tem 10 vezes maior barreira a oxigênio e ao dióxido de carbono, barreira à umidade três vezes maior, além de temperatura de transição vítrea (Tg) 12ºC maior que o PET, proporcionando maior resistência a processos térmicos como envase a quente (hot filling); maior tensão superficial, provendo assim melhor adesão e maiores forças de laminação e resistência ao impacto e ao rasgo superior aos indicadores de PET. Em contrapartida, no quesito de alongamento PEF, perde para a resina de poliéster.

Por ser biopolímero, PEF prima por baixa escala, muito inferior às de resinas petroquímicas convencionais. Devido a esta oferta restrita, ele estaria destinado apenas a laminados flexíveis mais nobres, fora do consumo de massa?

O novo material já foi testado em várias concentrações por laboratórios internacionais. Eles confirmaram que PEF não causa perturbação no r-PET resultante até altas doses. Assim que PEF estiver disponível em escala industrial, o objetivo é reciclar filmes finos, filmes PEF, filmes misturados PET+PEF e/ou filmes coextrudados PET/PEF. Esta iniciativa está alinhada com a plataforma de sustentabilidade da Terphane e ela inclui a linha Ecophane® de filmes PET PCR (poliéster reciclado pós-consumo). A escala de produção do PEF deve aumentar consideravelmente à medida em que as plantas da Origin e sua parceira Avantium entrarem em operação (nota: na Holanda e EUA).

BOPET integra laminados flexíveis multimaterial, à base de PE ou PP. Para viabilizar a reciclagem mecânica desses elementos é preciso delaminá-los ou aditivar agente compatibilizante, duas vias que complicam e encarecem a reciclagem. O uso de PEF em blend com PET no filme biorientado diminui essas dificuldades e/ou os gastos no processo?
O uso do PEF em filmes de PET não piora o processo de reciclagem mecânica. Apesar disso o filme PEF puro, devido a sua barreira  ao oxigênio 10 vezes superior á do PET, pode substituir laminados que usam copolímero de eteno e álcool vinílico (EVOH) ou outros materiais de barreira nas estruturas, facilitando a implementação de estruturas monomaterial

A plataforma de biomateriais Origin também inclui PET derivado de resíduos de madeira. Como a Terphane avalia a possibilidade de produzir filmes biorientados com este biopolímero substituindo PET tradicional?
A Terphane pretende utilizar PET de fonte renovável em substituição ao do tipo derivado de fonte fóssil tão logo ele esteja disponível e com custo sustentável.

A operação brasileira da Terphane deverá participar dos desenvolvimentos de filmes biorientados de PET e PEF? E como se dará essa participação?
Sim, ambas as plantas da empresa (EUA e Brasil)  estão envolvidas no desenvolvimento de filmes com PEF destinados a todos os mercados onde a Terphane atua. Além das aplicações ja citadas, há oportunidades na substituição de outros materiais de barreira, como a folha de aluminio e o já mencionado EVOH. Os filmes de PEF e PEF/PET podem ser metalizados com aluminio ou óxido de alumínio ou revestidos com camadas seláveis, entre outras opções.

Flexíveis laminados com BOPET são embalagens pós-consumo indicadas para reciclagem química, sem necessidade de delaminar ou aditivar com compatibilizante. A combinação de PEF com PET no filme biorientado altera em algo essa vocação do laminado para a reciclagem química?
Existem ganhos em propriedades, sobretudo barreira a oxigênio, sem efeito prejudicial na reciclagem química ou mecânica, além de redução significativa na pegada de carbono.

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