Aqui não tem ficha suja

Aqui não tem ficha suja

Um maná dos céus para frascos de polietileno (PE) e PET, a indústria de produtos de limpeza doméstica se safa relativamente ilesa das turbulências em tempos de contração do PIB. A seu favor pesa a inclinação do brasileiro em manter a casa  asseada. Em vez de parar de comprar, em momentos recessivos pessoas migram para artigos populares e cortam apenas aqueles de alto valor agregado, como o alvejante sem cloro, analisa Maria Eugenia Saldanha, presidente executiva da Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins (Abipla). A elasticidade do crescimento desse setor se mantém, por mais de uma década, na casa de dois a três pontos percentuais acima do PIB, levando o faturamento para além de R$ 15,5 bilhões.
Outra razão para a continuidade da expansão dessa indústria é o número de domicílios, que permanece aumentando Brasil afora, considera a dirigente. “O governo suspendeu o programa ‘Minha Casa Melhor’ devido à inadimplência, mas ‘Minha Casa, Minha Vida’ continua”, ela sublinha. Contudo, como a expressiva evolução da receita da indústria está relacionada, entre outros fatores, à demanda por itens sofisticados, no exercício atual essa taxa de crescimento tende a ser menor.
Por sinal, o setor está sentindo na pele a pressão dos custos de produção. Matérias-primas, para embalagens inclusive, já estão mais caras porque seus preços comoditizados sofrem influência direta do dólar, coloca Eugênia. A inflação nos serviços também elevou o custo com mão de obra, pois as fábricas possuem diversas áreas terceirizadas, como segurança e alimentação e, para complicar o cenário, o governo anunciou reajuste de peso nas tarifas de energia elétrica. Mas o maior medo da indústria de artigos de limpeza, segundo Maria Eugenia, é do rodízio. “Plantas operam em vários turnos e, se houver intermitência no suprimento de eletricidade, o nível de produção será prejudicado”, ela constata.
Outro ponto de atenção, mas que ainda não causou estrago significativo no setor, é a crise hídrica no Sudeste. Apesar de utilizar considerável volume de água em suas operações, as indústria tem reduzido sua dependência da rede pública. Hoje, alerta a presidente executiva da Abipla, o grande problema está no uso final dos produtos. “Temos dados que demonstram que a média, por residência, de cinco cargas semanais de lavagem de roupa caiu para três, com tendência para chegar a duas”, ela assinala.
Todos esses fatores convergem em um ponto crucial para fabricantes de produtos de limpeza doméstica. Trata-se do aperto das margens, historicamente muito curtas e, portanto, não há espaço para manobra de desafogo. A opção do consumidor por uma ou outra marca, em grande parte, está calcada no preço e qualquer mudança brusca de valores tem potencial para fazer um estrago na gôndola, percebe Maria Eugenia.
Do lado positivo, a desaceleração econômica não vai anular os ganhos da indústria com a penetração de diversos artigos premium em classes mais baixas. “Tira limo e desengordurantes, itens de para limpeza específica, podem perder um pouco de espaço, mas detergente líquido para roupas, por exemplo, continua avançando”, compara a porta-voz. O tira limo, por sinal, ganha relevo na crise hídrica por substituir a água na limpeza dos interstícios de azulejos. Por sua vez, facilitadores de passar roupa contribuem para a economia de energia por encurtarem essa tarefa doméstica. Desodorizador de ambiente é outra categoria que conquistou lares de baixa renda e não vai ser dispensada. No máximo, julga Maria Eugenia, será substituída. “Em vez de comprar a versão com disparo automático cronometrado, a dona de casa usará aerossol”, ela confia.
A batalha campal da Abipla é fazer produtos de limpeza concentrados deslancharem. A primeira barreira é a falta de entendimento do consumidor. “Ele precisa perceber, algo que ainda não ocorre, que um frasco menor, com menos conteúdo, tem o mesmo efeito dos grandes volumes”, pontua Maria Eugenia. Enquanto as pessoas não notarem essa diferença,  vão continuar pensando que o concentrado é mais caro. Mas a indústria necessita fazer sua parte e seguir critérios sérios de fabricação. “Há artigos que se dizem concentrados, mas não são”, lamenta a dirigente. “Precisamos estabelecer parâmetros para que qualquer empresa possa produzir o concentrado, do ponto de vista de formulação e desenvolvimento tecnológico, e para que o produto traga de fato ganhos ambientais”, ela acrescenta. Nesse aspecto, conscientização é essencial, pois se o consumidor não utilizar corretamente o detergente, sabão ou amaciante concentrado haverá um efeito inverso. “Vai parecer que não funciona e até ocasionar em gasto maior de água”.
De forma a solucionar esses reveses, a Abipla contratou a consultoria Environmental Resources Management (ERM) para fazer um estudo sobre potenciais benefícios dos produtos concentrados no flanco da sustentabilidade. Para se ter uma ideia, prossegue Maria Eugenia, um amaciante concentrado poderia gerar economia de água da produção ao uso, se aplicado da maneira certa, de 77%. Já um detergente líquido para roupas tem potencial para redução de 45%. “Há ganho também de embalagem, pois utiliza-se menos produto para o mesmo número de lavagens. Ou seja, são menos frascos e menor emissão de CO2”, ela destaca.
Em contraste, essa incompreensão sobre economia doméstica não está por trás do avanço lento das embalagens tamanho família. “Essa questão está relacionada aos hábitos e à falta de lugar para armazenamento em casa”, justifica Maria Eugenia. Nos últimos anos, houve aumento da frequência de compras durante o mês. “Com a inflação sob controle, preços não costumavam variar demais, por isso os lares não precisavam se abastecer de uma só vez”, ela esclarece. Como há dispersão de idas ao ponto de venda e muitos núcleos familiares são pequenos, os frascos comuns permanecem sendo os mais vendidos.
A informalidade no reduto de limpeza doméstica é algo que ainda tira o sono dos dirigentes e empresas sérias do setor. A medição que a Abipla faz para analisar o índice de participação de produtos fora dos padrões é a venda porta a porta. “Em 2007, quando começamos a fazer esse acompanhamento, a fatia detida por esse canal estava em 1%. Agora está em 3%”, alerta Maria Eugenia. A atual conjuntura econômica, aliás, é favorável ao avanço da prática. “Em épocas de recessão, na hora que o cinto aperta, o uso de produto informal pode aumentar, sim”, assevera. Para piorar, há sites na internet e revistas que ensinam receitas para produção caseira e matéria-prima, como corantes, aromatizantes e soda cáustica, é vendida livremente. “Pequenas fábricas se originaram assim”, ela encaixa. Há, além do mais, um mercado paralelo de embalagens usadas de marcas renomadas. “Por isso preconizamos sempre a destruição dos frascos”, conclui a porta-voz.

O premium está no básico

Artigos de primeira necessidade têm mais anticorpos para resistir à crise

Donas de casa, atestam pesquisas no ponto venda, não compram água sanitária nos supermercados. Elas vão atrás de Cândida. Trata-se de um daqueles raros casos em que a marca vira sinônimo de categoria de produto. Por trás desse ativo fixo da  limpeza  doméstica sai bem na selfie a Indústrias Anhembi, na ativa desde 1947, quando inaugurou sua primeira fábrica em São Caetano do Sul (SP). Verticalizada nas embalagens, a empresa  possui glóbulos azuis de sobra para crescer mesmo em fases de anemia da demanda, sob contágio de crises na economia. “Nosso portfólio é majoritariamente composto por itens básicos e possui alta penetração nos lares brasileiros”, informa a diretoria do grupo por sua assessoria de comunicação.
Água sanitária e alvejante com cloro, por sinal, apresentam índice de inserção superior a 90% nas residências, ressalta a Anhembi, citando dados da consultoria Kantar Worldpanel. “Pesquisas com donas de casa revelam que, na percepção delas, para limpar de verdade é preciso usar água sanitária”, insere a cúpula da Anhembi, detentora das marcas Qboa, líder nacional, e Super Cândida, uma das mais reconhecidas no estado de São Paulo. Amaciantes, também parte do mostruário da empresa, conquistaram igual taxa de penetração na casa dos 90% ao deixarem de ser item supérfluo na rotina de lavagem de roupas.
Outra categoria com crescimento garantido é a de limpadores, seja do tipo multiuso ou desengordurante. “Eles são usados em diversas ocasiões e o apelo de praticidade faz com que estejam sempre presentes na lista de compras”, considera a diretoria da Anhembi. Pela varredura da Kantar, a penetração desse artigo bateu 70% em lares brasileiros. Dentro de seu mostruário, deixa claro o comando da Anhembi, o único produto que pode sofrer o baque da atual recessão e inflação ultra fora da meta chama-se alvejante sem cloro. “Trata-se de linha relativamente nova, com oito anos de mercado, e o consumidor ainda tem muitas dúvidas com relação a seu uso”, alegam os porta-vozes da Anhembi. Apesar disso, o produto tem avançado e já existem cerca de 20 marcas disponíveis na praça, estimulando a concorrência e proporcionando custo-benefício mais atraente.
Em grande parte, a competitividade da Anhembi está calcada na verticalização do sopro de suas embalagens, requisito por ela taxado como primordial para fabricantes de produtos finais atuantes em mercados de grandes volumes. Assim, defende a empresa, é possível diminuir custos e melhorar margens, em regra curtíssimas, no reduto de limpeza doméstica. Essa estratégia também assegura a qualidade do produto final. “É um desafio contínuo para ser competitivo num setor de inúmeras marcas e alta incidência de informalidade”, atesta a empresa. O grupo sopra internamente 92% de seus frascos e, nos últimos três anos, investiu R$ 8 milhões nessa operação. Por priorizar a integração de sopro e envase, a Anhembi opta por não injetar suas tampas.
Outra tática da empresa para lapidar custos (e angústias) foi diminuir a dependência de suas plantas, hoje em Osasco (SP) e Simões Filho (BA), das concessionárias de água locais. A unidade paulista, que detém a maior parte da produção total, conta com poços artesianos. “Isso garantiu que nossas atividades continuassem de forma normal e nossos consumidores não sofressem nenhuma alteração de preços em decorrência da crise hídrica no Sudeste”, acentua a diretoria do grupo. Além disso, a Anhembi instalou cisternas para captar água de chuva, posteriormente usada para lavagem de refeitórios e banheiros. Água proveniente das concessionárias é apenas aquela destinada ao consumo humano.
Apesar de empresa tradicional no ramo, a Anhembi se abre a inovações e investe de maneira constante em pesquisa e tecnologia. Segundo a diretoria, é fundamental acompanhar as necessidades dos consumidores, seja em lançamento de produto, adaptação de embalagens ou mesmo na escolha de uma cor de tampa. “Todos os elementos devem atender às novas gerações, mas é importante não perder os traços, identidade e qualidade percebida por esse consumidor. É um processo constante de rejuvenescimento”.
Um dos itens mais inovadores do portfólio, julga a diretoria da Anhembi, é seu alvejante com detergente. Esse bem casado é indicado como ideal para limpeza geral, combinando a eficiência bactericida da água sanitária à espuma desengordurante de um detergente. Atributos pioneiros no gênero também figuram nas tampas dos produtos clorados. O grupo acrescentou bicos dosadores às embalagens de 1l, 2l e 5l de água sanitária e alvejantes e colocou lacres visando a segurança do consumidor. “O índice de falsificação das marcas é muito alto e o lacre é uma forma de garantir qualidade e procedência”, justifica a diretoria. Para os frascos de 1l, a Anhembi ainda adotou rótulo metalizado, buscando destaque no ponto de venda. Outra mostra de inovação: a reformulação da linha de amaciantes e, para tanto, a Anhembi considerou a opinião de consumidores. Eles sugeriram desde formatos de embalagens e fragrâncias a tipos de rótulos e tampas. Além de aprimorar a formulação, julga a diretoria, os frascos se modernizaram e as tampas ganharam um toque de delicadeza, transmitindo sentimento de cuidado.
A Igaratiba acumula milhagem platinum em embalagens para a indústria de limpeza doméstica. Valter Quintino, gerente comercial da transformadora paulista pondera que, embora produtos concentrados apresentem elevadas taxas de crescimento, esta é a primeira categoria a ser afetada em tempos de recessão. “Os concentrados rendem mais e, por isso, são mais caros na gôndola”, ele argumenta. Em sintonia fina com o ponto de vista de Maria Eugenia Saldanha, presidente executiva da Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins (Abipla), Quintino enxerga o consumidor ainda sem compreender  por completo os benefícios dessa linha, justificativa para ele  não fazer o cálculo correto da vantagem de adquirir o concentrado. “Em anos de dificuldade econômica, a população volta-se para itens populares em busca de preço baixo”, defende o gerente. Com isso, água sanitária, detergentes e desinfetantes, artigos de primeira necessidade e mais baratos, tendem a ser menos abalroados pelo corte na carne do orçamento doméstico.
Redução de custo é um mantra dos fabricantes de produtos de limpeza e respingos desse credo sobre o plástico, ilustra Quintino, são a caça à diminuição de uso de material em frascos e tampas e o emprego de conteúdo reciclado. No primeiro aspecto, tampas, em especial de água sanitária, distingue o executivo,  já abraçaram o modelo short, mais curto, um legado dos redutos de refrigerantes e água mineral. Por seu turno, “a resina reciclada é atraente devido ao preço e ao seu reflexo no marketing sustentável do setor”, associa Quintino. Na Igaratiba, também atuante na produção de recipientes para cosméticos, plástico recuperado ainda não tem participação muito grande, mas é visto como tendência em ascensão, ele admite.
No âmbito do fornecimento de material de qualidade, julga Quirino, a cadeia de PET pós-consumo está anos luz à frente da de recuperação de polietileno de alta densidade (PEAD). “O suprimento de PET reciclado é organizado, os produtos são rastreáveis e temos garantia de estabilidade de processo. PEAD ainda não chegou a esse estágio”. Quintino, aliás, atribui essa disparidade à barreira de entrada de novas empresas no ramo da reciclagem. “PET reciclado exige maquinário avançado e, portanto, mais caro. Já no ramo de PEAD recuperado há muita informalidade”, observa.
O reduto de limpeza doméstica, inclusive, não pode se dar ao luxo de comprometer uma embalagem por conta de matéria-prima inadequada. “O desempenho do frasco é pré-requisito”, alerta Quintino. Visual também não é o que agrega valor. “Nesse segmento, a embalagem é relativamente básica e não há muita variação de cores”, observa. Para de fato se ter um produto mais requintado, comenta,  empresas hoje buscam incorporar o fator segurança. “Clientes têm nos pedido tampas com lacre ou childproof (à prova de criança)”, encaixa o gerente. “Pesquisas atestam disposição do público de pagar mais caro se estiver seguro que não houve adulteração no conteúdo”.
Na esfera da produção, ele reconhece que o sopro in house é forte na indústria brasileira de produtos de limpeza, por ser um modelo operacional bastante competitivo. “Não fazemos esse tipo de operação devido ao nosso perfil de negócios, mas não por não acreditarmos que o modelo in house seja rentável”, ele sublinha. Na prateleira de PET,  Quintino distingue a participação de poliéster no envase de artigos de limpeza no plano geral. “PET domina em detergentes para louça devido à produção em grande escala”, comenta.
Utilidades domésticas (UD) também integram  o universo coberto pela Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins (Abipla), como prova seu monitoramento anual das vendas de esponjas sintéticas, panos de limpeza e vassouras.
Embora fora do escrutínio da Abipla, as lixeiras  injetadas constituem um ponto alto das UDs associadas ao conceito de limpeza. Joia da coroa desse segmento,a catarinense Plasvale enxerga a demanda  a anos luz do ponto de saturação. “Os resultados justificam a decisão de continuarmos a investir em lixeiras”, assinala Darlene Gomes, diretora comercial e de marketing da Plasvale. “Ainda temos muito a criar nesse reduto e planejamos expandir a linha nos próximos anos com base na oferta de produtos de qualidade e funcionalidade asseguradas e que não são os mais caros da praça ”.
O combustível dessa estratégia, ela delineia, é a receptividade do consumidor a produtos passíveis de facilitar as tarefas de limpar. “No passado”, ilustra Darlene, “tínhamos não mais que dois modelos no catálogo de lixeiras e hoje são mais de 10 tipos para armazenar e organizar o lixo”. No âmbito das lixeiras comuns, os modelos preto e branco são o carro-chefe do balanço, enquanto no segmento seletivo, das chamadas lixeiras ecológicas, o movimento é regido pelas versões verde, azul, amarelo e vermelho, distingue Darlene. “As lixeiras estão em alta, em especial as de consumo coletivo”, ela constata. “Antes restrita ao topo da pirâmide, a preocupação com a sustentabilidade cobre hoje todos os consumidores; virou moda ser ecologicamente correto. Quanto à lixeira em si, não existe material substituto do plástico para confeccionar esse tipo de UD reunindo todos os atributos desejados pelo público: preço, funcionalidade e design”.

Sala vip das embalagens

Os equipamentos que secam custos e enceram a produtividade

Enraizada na pole position da montagem de injetoras no país, a Romi elege as máquinas precisas da série EN como as mais procuradas do seu mostruário para tampas de produtos de limpeza. William dos Reis, diretor da unidade de negócios de máquinas para plásticos, atribui essa supremacia à adoção da tecnologia “Stop and Go”, usuária de servo motores. “Resulta em baixo consumo energético e alta precisão e velocidade no processo, além de primar pela simultaneidade de movimentos, produção de paredes mais finais e mínimo desvio padrão do volume injetado de matéria-prima”, expõe Reis. Quanto às boas novas no pipeline, o dirigente informa rumar para expansão a série EN, de forma a cobrir aplicações referentes a forças de fechamento de 80 a 1.500 toneladas, “agregando simultaneidade de movimentos para modelos acima de 600 toneladas”, ele distingue.

Sopradoras
O braço da Romi estende-se por sopradoras por extrusão contínua e de pré-formas. Para o envase de produtos de limpeza em frascos opacos de polietileno de alta densidade (PEAD), Reis ressalta a demanda acesa pela sopradora C5TS, fundamentada numa trindade de predicados: versatilidade, produtividade e economia de energia. “Dispõe de programador de parison de 512 pontos para conferir perfeição à distribuição do material no frasco, reduzindo peso e aumentando sua qualidade”, assinala Reis. Na trincheira das embalagens de poliéster para o setor de limpeza , o diretor iça do catálogo dois modelos de sopradoras: PET 230, para  frascos duplos de até  três litros, e PET 425, para frascos quádruplos de até 2,5 litros, esta dotada de servo motores e apta a prover até 5.000 unidades/h.
Do observatório da Pavan Zanetti, puro sangue nacional em sopradoras, o diretor Newton Zanetti enxerga na indústria de frascos de artigos de limpeza o maior setor que atende. “O custo da embalagem, de importância vital em alguns produtos, tem determinado a troca de sopradoras velhas,improdutivas e intensivas no consumo de energia”, ele interpreta. A Pavan assedia esse reduto com equipamentos menores e médios, de maior capacidade em termos de cavidades, da série Bimatic.  Por exemplo, ele aponta,  o modelo automatizado BMT 10.0D/H possui capacidade de sopro de até 10 litros, mas é muito empregado nesse setor para produzir frascos de 500 ml a 5 litros. “É o caso da embalagem de PEAD para  2 litros com alça, gerada em quatro cavidades por estação de sopro”, distingue Newton. O  cerco de Bimatic a esse mercado acaba de apertar com a estreia da sopradora híbrida DEMO BMT5.6D/H, cujo primeiro modelo foi reservado para a mineira Repet, também atuante em embalagens de PE como as destinadas a detergentes e amaciantes. “Seus acionamentos elétricos nos deslocamentos dos carros porta-moldes reduzem o consumo energético e a poluição por óleo hidráulico, diminuindo assim o volume usado na máquina e o risco de vazamentos”, acentua o diretor.  Na raia dos frascos transparentes, a Pavan repagina seu mostruário para o setor de limpeza doméstica com um modelo especial da máquina PET 4C/2L sistema 5000, voltado para embalagens ovaladas de dois litros com largura de até 120 mm em três cavidades, especifica Newton Zanetti.

Extrusoras
Quintal de filmes monocamada, sacos de lixo são sinônimo de polietileno de alta densidade e, em volume, a maior vertente de flexíveis no bojo de produtos plásticos para limpeza. Por tabela, constituem prato de resistência para extrusoras blown. “Resina 100% reciclada e espessuras de 20 a 160 micra dominam os sacos de lixo”, identifica Luis Carlos Rulli, diretor comercial da Rulli Standard, petardo nacional nessas máquinas. Ele indica para o segmento a sua extrusora EF-2.1/2”, a tiracolo da economia energética e produtividade ofertadas, com ponto alto no perfeito dimensionamento da rosca de extrusão e do desenho da espiral do cabeçote. “O  desenho de geometria de rosca leva essa máquina a superar em qualidade a concorrência”, sublinha o diretor.
Bem na selfie de sua vitrine, a Minematsu desfila autonomia para produzir extrusoras adequadas a todas as medidas e padrões para sacos de lixo. Os modelos MG 60 e MG 75 são os mais vendidos para essa aplicação, distingue o diretor Ricardo Minematsu, frisando que todas as linhas do seu mostruário marcam pela excelência para trabalhar com reciclado. Em relação à espessura, ele concorda com a percepção de Luis Carlos Rulli quanto à variação de medidas na praça, ao largo dos indicadores da norma técnica formalizada para sacos de lixo. “É um mercado caracterizado por extrusoras muito antigas e aquém da qualidade  requisitada para a embalagem, razão pela qual muitos transformadores procuram atualizar sua operção trocando a extrusora ou peças como cabeçote giratório, anel de ar, rosca e cilindros”, comenta Ricardo Minematsu. Entre os diferenciais de suas máquinas, ele destaca  o desgaste do conjunto de rosca e cilindro como inferior ao de marcas concorrentes. “Isso decorre de fabricarmos extrusoras de maior diâmetro de rosca e velocidade menor e de oferecermos cilindros importados capazes também de diminuir essa deterioração”, justifica.

Um balde de soluções

Homopolímeros convencionais dominam a injeção de polipropileno (PP) em utensílios domésticos (UDs) de limpeza, a exemplo de vassouras. “Já produtos de maior capacidade volumétrica, como baldes e lixeiras, são redutos de copolímeros heterofásicos de alto teor de eteno”, indicam Nicolai Duboc, Luciano Spaziani Camargo e Marcelo Cruz Carbonaro, respectivamente engenheiro de aplicação e desenvolvimento de mercado de PP, líder de segmento com foco no varejo de PP e líder do segmento de tampas da Braskem, única produtora  da resina no país. Para UDs  de cunho sofisticado e de realce nas propriedades óticas, eles inserem, cabe a oferta de homopolímeros clarificados e copolímeros random. Outra pedida para mercados mais seletivos, distinguem os executivos, é a família de grades Prisma, talhada para injeção de UDs mais espessas e de maior transparência. No fecho, o trio carrega nas tintas dos préstimos da série Maxio, a cargo de tipos de PP cujo chamariz é o bem casado da economia deenergia com produtividade nos ciclos de injeção.

Pisando macio

“Polietileno de alta densidade (PEAD) lidera entre materiais no setor de limpeza e seu consumo nele cresceu 3% em 2014”, situa Paulo Pupo Gonçalves, líder de segmento de polietilenos da Braskem. “Apesar do impacto da crise hídrica na demanda de  produtos de limpeza, da busca pela redução de peso dos frascos e da competição com outras resinas, projetamos aumento do consumo de PEAD nessa indústria no exercício atual”. A propósito, destaca, as embalagens de amaciantes e água sanitária lideraram, no passado, os índices de expansão da resina no compartimento da limpeza doméstica. Das estrelas do portfólio, Pupo fisga o grade HS5502XP, mérito da resistência química, alta fluidez, produtividade em linha e rigidez adequada para garantir empilhamento dos frascos sem aumentar seu peso. O executivo recomenda a resina, em particular, para recipientes soprados de 500ml a 2 litros, encaminhados ao envase de tensoativos tipo limpadores multiuso, detergentes, alvejantes e amaciantes.

O quente do transparente

Detergentes permanecem a locomotiva do crescimento de PET  em frascos de produtos de limpeza, enxerga Theresa Christina Lopes de Moraes, gerente comercial para o poliéster da M&G Polímeros Brasil. Sem abrir volumes, ela formula o combustível dessa escalada de PET com os predicados da transparência, resistência, leveza proporcionada à embalagem e mesmo a redução de mão de obra na transformação e envase. A M&G contribui para viabilizar esse avanço com a excelência embutida no desempenho de seus grades Clear tuff MAX e Turbo, distingue a executiva. Em paralelo, assinala, a presença encorpada de PET em produtos de limpeza decorre também do terreno surrupiado de outros materiais e do emprego do poliéster reciclado. “Os fabricantes de produto de limpeza recorrem ao reciclado movidos pelos ganhos em sua imagem institucional e pela preocupação ambiental de dar um destino correto às suas embalagens de primeiro uso”, sintetiza Theresa.

Demanda ensaboada

No varal dos produtos de limpeza,  sabão em pó são um pitéu para filmes de polietileno laminados, em pé de guerra com a tradicional embalagem cartonada. O pé de apoio da película está na leveza, resistência, impermeabilidade, impressão e adequação ao empacotamento automático proporcionadas. Isolada na produção nacional do polímero, a Braskem irriga essa horta com polietilenos de baixa densidade linear (PEBDL) base buteno, hexeno, octeno e metaloceno. Ponto alto do mix é o grade metalocênico Flexus 9212 P, distinguem Renato Di Thommazo e Fábio Agnelli, respectivamente gerente de conta e engenheiro de aplicação de PE do grupo. Ambos enaltecem as propriedades ópticas e mecânicas do material, em especial soldabilidade e a estabilidade de COF (medida do deslizamento do filme na linha de envase).
Outra faceta de PE no setor de limpeza aflora em sacos de lixo, praia da resina de alta densidade (PEAD) sem ou em blend com outras famílias do polímero, estas em menor teor na mistura, esclarece Cristiane Abou Gebran Borsatto, gerente de conta de PE do grupo petroquímico. “Cobrimos a demanda desses filmes ofertando PEAD mono e bimodal e, investida mais recente, PE Verde (derivado de eteno base etanol)”. Saco de lixo é referência de embalagem commodity provida por um universo pulverizado de fornecedores em guerra de preços e cujas vítimas invariáveis são a espessura e aditivação anti UV da película, à margem da norma técnica vigente para a embalagem. Apesar desse rolo preto, Cristiane não vê aumento de PE reciclado na produção de sacos de lixo. As transformadoras Embalixo e Extrusa não responderam ao pedido e entrevista.

Cromex passa as cores a limpo

Sob a escora de um laboratório com musculatura para criar 200 formulações mensais, a Cromex forma opinião em concentrados de cores e efeitos especiais para embalagens de produtos de limpeza. Nesta entrevista, a gerente de vendas Elisangela Melo radiografa a ânsia do setor por inovações em masters e as tendências em progresso no visual dos frascos e utilidades domésticas (UDs) de limpeza. Procuradas por Plásticos em Revista, as componedoras Cromaster, Ampacet, Engeflex e Cristalmaster não quiseram falar.

PR – Quais as cores para frascos de artigos de limpeza mais demandadas em 2014?
Elisangela – A partir das solicitações recebidas pela Cromex, destaca-se um aumento de demanda para a cor branca, em especial para desengordurantes e desinfetantes. Também notamos a linha de água sanitária, onde nosso branco azulado (BA 784) teve um desempenho superior. Trata-se de categoria de produto dependente de boa cobertura devido ao conteúdo envasado (cloro ativo) e o master BA 784 conferiu aspecto mais “limpo” às embalagens. Em tampas, reinaram com força  os azuis e laranjas.

PR – Amaciantes estimularam desenvolvimentos?  
Elisangela – Ainda em 2014, ganhou visibilidade em amaciantes a migração para frascos transparentes,  utilizando como cor somente o líquido acondicionado. Em amaciantes concentrados, ganhou corpo a tendência dos rótulos sleeve termoencolhiveis  cobrindo toda a embalagem. No mostruário da Cromex, as  principais cores para recipientes de amaciantes foram os azuis, verdes e amarelos. Entre eles, sobressai o  master azul AZ 11763, mais forte que as tonalidades antigas e convencionais, dotado  de intenso efeito perolizado, distinguindo a embalagem na gôndola onde também figuram amaciantes populares em embalagem transparente. Já em produtos de limpeza multiuso, mantiveram-se no ano passado cores consagradas tipo azuis e verdes e marcou presença o clássico master branco azulado lançado pela Cromex. Mas o mesmo segmento acolheu novas cores mais vivas e vibrantes, como verdes fluorescentes, prata, laranjas e rosa magenta. Em tampas de detergentes, continuou o reinado absoluto do azul tradicional, servido pela Cromex com o master AZ 20878.  Algumas categorias do setor de limpeza vêm caindo no gosto da brasileira, a exemplo dos produtos de pré-lavagem ou  tira manchas em pó (O2). São campos dos consolidados masters rosas fluorescentes.  Esses segmentos, aliás,  ganharam extensão de marca ou até mais concorrentes (com ou sem cloro) com novos produtos apresentados em frascos brancos, verdes, laranjas e vermelhos.

PR – Quais tipos de masters a Cromex introduz este ano para frascos de produtos de limpeza e UDs nessa categoria?   
Elisangela – Desenvolvemos algumas cores translúcidas de modo a facilitar a visualização do nível do conteúdo na embalagem soprada. Para UDs, entram no portfólio mais tipos de verdes e azuis claros, uma tendência nesse mercado.

PR – O setor de produtos de limpeza caracteriza-se pela economia de escala e guerra de preços. Como avalia a demanda por masters sob encomenda ou os concentrados de pronta entrega tem domínio esmagador em todo mercado?   
Elisangela – As linhas tradicionais de limpadores multiuso, desinfetantes, água sanitária e alvejantes utilizam, em especial, branco e azul, preferência justificada pelo diferencial de custo em relações às cores especiais e ao conservadorismo de fabricantes  frente a mudanças na apresentação de produtos consagrados pelo consumidor. Por sua vez, linhas de produtos de limpeza de maior valor agregado utilizam cores diferenciadoras nas gôndolas, como os efeitos fluorescente e perolizados, tendência em vigor nos  lançamentos nessa categoria em 2014.

PR – Quais as principais mudanças nos últimos anos em masters destinados a produtos de limpeza no Brasil? 
Elisangela – Percebemos maior abertura das marcas tradicionais quanto a ousar com novas tonalidades e intensidades. Prova disso é a entrada de laranjas, vermelhos, pratas, rosas fluorescentes ou perolizados nas embalagens, apesar das cores tradicionais neste segmento serem branco, azuis e  verdes. Em paralelo, é patente a migração em alguns frascos do tradicional PEAD para PET. •

 

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