A toque de caixa

Tetra Pak se alinha com rapidez ao futuro cada vez mais próximo do varejo de alimentos

Caixas cartonadas são uma das poucas galinhas dos ovos de ouro restantes para polietileno de alta densidade (PEBD), no sentido de um frondoso pomar até hoje não assaltado por resinas concorrentes. Sinônimo dessa embalagem multicamada e multimaterial, líder no Brasil no envase de alimentos líquidos como leite e sucos, a Tetra Pak corre para se amoldar a um mercado para sempre transfigurado pela pandemia. Os tremores de terra alinham crescimento das compras por canais digitais, o florescimento do serviço de delivery na garupa das restrições impostas pela quarentena a estabelecimentos físicos e, por fim, os reflexos dessas reviravoltas no desenvolvimento das embalagens, mudanças apimentadas ainda pela distribuição mais segura e monitorada de alimentos desde a industrialização à sua oferta. Nesta entrevista, Cassio Simões, diretor de vendas da Tetra Pak Brasil expõe os novos divisores de águas e a capacidade camaleônica da caixa cartonada de absorvê-los.

Cassio Simoes diretor tetra pak
Simões: alimento rastreado da produção ao PDV através da embalagem da Tetra Pak.

Impulsionadas pela quarentena, as compras de alimentos em plataformas digitais ganharam de vez a classe C, motor do consumo brasileiro. Como essa mudança pode influir nos critérios de desenvolvimento de embalagens de alimentos de agora em diante?
Em 2018, a Tetra Pak publicou o estudo “Tetra Pak Index: Supermercado Online”. Ele apontava o aumento do comércio de alimentos e bebidas em plataformas digitais e seu impacto no desenvolvimento de embalagens. Ainda que a projeção de crescimento do supermercado online precise ser revista à luz do momento atual, as conclusões do estudo se mantêm. Entre seus achados, prevía-se a importância das embalagens dentro de uma cadeia logística com maior participação do comércio online, o que implica mais etapas no processo de distribuição do produto e, portanto, a arquitetura de uma logística mais agressiva. Já se desenhava então uma tendência a partir de agora fundamental, relativa à resistência da embalagem entregue em domicílio pelo varejista. Precisa ser robusta e forte o suficiente para chegar em perfeito estado à mesa do consumidor. Neste ponto, as caixas cartonadas são aliadas importantes por serem resistentes, estáveis, leves e eficientes na ocupação de espaço.

Em paralelo, outra tendência surge com força: as embalagens conectadas, equipadas com códigos únicos de identificação. Permitem novos formatos de interação com o público e a rastreabilidade do alimento envasado ao longo do seu ciclo de vida. Com o consumidor ávido por informações sobre a origem do produto em suas mãos, as embalagens conectadas podem suprir uma necessidade e abrir um novo canal de comunicação e interação entre consumidores e marcas.

A Tetra Pak já transpôs estes conceitos para a prática?
Temos ações neste sentido. Em parceria com clientes, usamos uma das laterais da embalagem comercializadas no varejo e apresentamos campanhas com focos diversos. Por exemplo, como a caixinha longa vida pode proteger o alimento e dispensar a adição de conservantes, ou então, para comunicar a  importância da reciclagem da embalagem pós-consumo, contribuindo com quem atua na coleta seletiva. Além disso, dispomos de tecnologia para rastrear o produto desde a manufatura ao varejo usando a embalagem como meio de informação. Ou seja, além de proteger o alimento, a embalagem passa a desempenhar um trabalho de inteligência, fornecendo insights importantes sobre o produto, a exemplo de tempo e condições de produção; desempenho no ponto de venda (PDV), locais de maior consumo etc.

A quarentena tem favorecido a compra de alimentos em embalagens como as econômicas e multipack, em detrimento de recipientes menores ou de consumo individual. Superada a pandemia, essa preferência do consumidor empobrecido pela recessão tende a arrefecer ou fortalecer?
Temos notado uma diminuição dos pedidos de embalagens individuais e uma saída maior de produtos em embalagens de um litro (family pack/tamanho família), mas isso está bastante atrelado ao consumo das famílias dentro de casa. Caso as medidas de distanciamento se prolonguem, mesmo que com alguma flexibilização, o consumo doméstico continuará um fator importante na compra em diferentes mercados do mundo. Na China, por exemplo, onde as medidas de distanciamento já foram flexibilizadas, o consumo de alimentos e bebidas em embalagens family pack permanece. Muitas famílias seguem dando preferência à alimentação no lar e isso deverá ser observado em outros países, Brasil incluso, uma vez flexibilizadas as medidas de distanciamento.
 
Quais as oportunidades e inspirações que enxerga para o desenvolvimento de embalagens de alimentos destinados ao florescente canal de delivery?
No geral, as embalagens precisarão ser mais fortes e robustas para dar conta de uma cadeia logística extensa e mais agressiva. Ou seja, ser estável, leve e ocupar menos espaço na cadeia de distribuição passam a ser características fundamentais para as embalagens de alimentos e bebidas. Neste cenário, embalagens que atendam a estes requisitos e que comumente são associadas a determinados tipos de produtos poderão ganhar novas categorias. Mesmo antes da pandemia, já trabalhávamos em parceria com diferentes clientes para o desenvolvimento de mais tipos de formulação – além de soluções de envase, oferecemos soluções de processamento de alimentos e bebidas. Como resultado do trabalho realizado com diversas marcas, nos últimos meses fizemos lançamentos de produtos em embalagens cartonadas, como novos tipos de bebidas vegetais, cold brews (cafés gelados) e de um desenvolvimento pioneiro no Brasil: uma bebida láctea fermentada similar a um iogurte, mas dispensa refrigeração. Todos esses alimentos estão disponíveis em redes de varejo e, por serem comercializados em embalagens que oferecem enormes vantagens logísticas, podem ter um desempenho melhor que produtos similares em outros tipos de apresentações.

Embalagens da Tetra Pak duelam com stand up pouches e frascos plásticos. Hoje em dia, com indústrias alimentícias enxugando custos e com demanda abalada pelo consumidor retraído e fixado em preço, quais os argumentos da Tetra Pak para sensibilizar um fabricante de alimentos indeciso entre sua caixa e uma alternativa 100% de plástico?
A embalagem cartonada permanece uma das melhores opções sob o ponto de vista logístico, fator preponderante num cenário de forte avanço do supermercado online e desafios maiores na cadeia de distribuição dos produtos. Além disso, por contar com seis camadas de proteção que impedem o contato do alimento com o ar, luz e umidade, nossas embalagens eliminam a necessidade de conservantes na formulação do alimento. Outro ponto importante: mantendo-se um cenário de distanciamento social – mesmo que flexibilizado – e a manutenção do consumo dentro do lar, as famílias darão preferência a produtos de prazo de validade superior, outra vantagem para o recipiente cartonado. Por causa das seis camadas, nossas embalagens preservam a qualidade e os nutrientes do alimento por mais tempo. •

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