Na torcida pela virada

Apesar dos juros bancários e incerteza política, a indústria eletroeletrônica confia em tela quente este ano. Para alegria dos plásticos de engenharia.
Na torcida pela virada

Inflação nanica, retomada esboçada desde o quarto trimestre de 2017 e o clássico otimismo unânime nas previsões de ano novo injetaram sangue bom num altar da devoção dos plásticos de engenharia: a indústria de eletroeletrônicos, egressa da recessão com segmentos combalidos como as linhas branca e marrom, que fecharam o último balanço com faturamento abaixo do de 2013. O pensamento positivo para 2018 ainda impera no setor, mas sua resistência já é testada desde o primeiro trimestre, pela revisão para baixo da projeção original de avanço de 3% do PIB e pelo entupimento no tubo de oxigênio do comércio de bens duráveis: as linhas de financiamento. Em declínio desde o final de 2016, a taxa Selic hoje é de 6,5%, o menor índice desde sua criação, enquanto os bancos cobram, em média, mais de 330% ao ano do tomador de crédito.

O retrospecto da indústria eletroeletrônica anima seu anseio de voar alto. Na lupa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sua produção cresceu 6% em 2017, reação ao recuo de -10% em 2016 e o mérito cabe, em especial, ao desempenho dos segmento de informática e telecom, ambos bafejados pela liberação de contas inativas do FGTS em clima de inflação domada. Varreduras setoriais retratam assim os principais mercados em 2017 desses redutos: desktops, 1.237 milhões de unidades vendidas; notebooks, 3.450 milhões; tablets, 3.794 milhões e celulares, 47.701 milhões.

Radiografia da consultoria GFK fatia o mercado geral de bens duráveis, visto em reativação desde junho de 2016, em cinco categorias: linha marrom, branca, portáteis, telefonia e informática. Elas somaram faturamento de R$100,7 bilhões em 2017, cifra 11% acima das vendas de 2016 e do saldo de R$ 89,3 milhões em 2013. Outra variável agridoce flagrada pela consultoria: as vendas de eletrodomésticos para cozinha mantêm viés de alta, pois a população está comendo mais em casa. Sinal de poder aquisitivo restrito e relutância em assumir compromissos financeiros num cenário com 13,7 milhões de desempregados e o menor número (32,9 milhões) de trabalhadores com carteira assinada desde 2012.

Apesar da incerteza no ar, a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletroeletrônica (Abinee) mantém de pé sua previsão para este ano: produção e faturamento (R$136 bilhões em 2017) devem crescer na faixa de 7%, com ocupação da ordem de 80% da capacidade instalada. As vendas da categoria telecom, distingue a entidade, tendem a aumentar 7% este ano (+ 8% em 2017); 6% nas de informática (+10% em 2017) e 12%, mesmo grau de expansão obtido em 2017, no movimento de utensílios domésticos.

Tutiplast: a demanda reprimida começa a reagir

Com faturamento da ordem de R$ 90 milhões e 83 injetoras, a Tutiplast firmou-se em 24 anos de ativa, sob a regência do fundador Cláudio Antonio Barrella, como dínamo em peças injetadas do Polo Industrial de Manaus, maior reduto no país do setor eletroeletrônico. Eleito empresário do ano (2018) pela Federação de Indústrias do Estado do Amazonas e presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico de Manaus, Barrella comenta nesta entrevista os sinais de moderada recuperação na indústria eletroeletrônica, mal refeita de cerca de três anos de demanda engessada pela crise.

PR – Quais os setores de eletroeletrônicos que mostram com mais intensidade a recuperação de suas vendas, através da sua demanda de peças técnicas para a transformação no polo de Manaus e, em particular, para a Tutiplast?
Barrella – O setor de eletroeletrônicos que demonstrou maior intensidade de recuperação de vendas foi o setor de Power que fabricamos aqui para smartphones. Também tivemos um impulso muito grande na esfera de máquinas de cartões de crédito. Esses dois segmentos foram os que mais impeliram o mercado de transformação e, em particular, a Tutiplas. No mais, observo que a demanda por componentes para condicionadores de ar está crescendo em nível bem razoável.

PR – Como avalia a produção e vendas dos transformadores de peças técnicas do polo de Manaus em 2017 versus 2016 e quais as expectativas para este ano?
Barrella – Em 2017, a produção e vendas de peças transformadas superou 2016 em torno de 10%, e minha perspectiva para este ano é de subida no mesmo patamar. Afinal, o histórico assinala que, em períodos como atual, ocorre aumento de produtividade e volume de produção por ser ano de Copa do Mundo e de eleições Como convivemos com demanda reprimida em 2016, a retomada iniciada em 2017 tem nos proporcionado esse crescimento. Calculo que houve um aumento de 10% em 2017 e teremos em 2018 um nível similar ou até maior de expansão, a depender do cenário político.

PR – Quais os investimentos em máquinas, periféricos e infra de desenvolvimentos realizados para a Tutiplast desfrutar, a partir deste ano, a melhora da demanda de peças injetadas para eletroeletrônicos?
Barrella – Temos investido muito forte em máquinas e equipamentos auxiliares. Adquirimos injetoras elétricas, visando economia de energia e ganho de produtividade. Também estamos padronizando alguns periféricos, para facilitar a parte de operação e manutenção. Recursos também seguem para a infraestrutura, automação e capacitação de pessoal. Hoje em dia, a Tutiplast produz cerca de 700 t/mês de peças técnicas.

PR – Qual a peça injetada mais vendida por sua empresa este ano para a indústria eletroeletrônica?
Barrella – São os componentes de máquinas de cartão de crédito, por tratar-se de um mercado que se moderniza e temos aqui em Manaus uma empresa altamente técnica e eficiente que está impulsionando essa tendência. Graças a Deus, nós a temos como parceiros.

PR – É consenso entre representações de eletroeletrônicos que as vendas de TV crescerão de forma exponencial este ano, estimuladas pela Copa na Rússia e pelo desligamento do sinal analógico em 1.300 municípios. Em contraponto, o consumidor ainda inclina-se por refrear compras pelo cartão de crédito sob juros bancários altíssimos e retomada morna da economia. Como avalia as condições reais para produção e vendas de TVs este ano?
Barrella – Há uma demanda reprimida. Nesses últimos dois anos caiu bastante o nível de consumo, mas eu acredito que não vá subir com intensidade anormal, digamos na faixa de 40%, certo? Acho que pode chegar no máximo a cerca de 25% no aumento da produção. Pode até ser que chegue a 40%, mas isso não significa que as vendas vão aumentar no mesmo ritmo, porque o nível de competição é muito grande. Todas as empresas, portanto, vão querer rodar com a máxima capacidade possível para vender, mas isso não quer dizer que o mercado vá adquirir todos os televisores produzidos.

O salto de dois dígitos previstos para a categoria de utensílios domésticos traduz um voto de confiança na procura por um produto específico. Até em Brasília se sabe que a venda de TV não só aumenta em ano de Copa como o torneio inverte a sazonalidade tradicional nesse comércio, com o grosso do movimento realizado até o pontapé inicial em 14 de junho e botando a metade final do ano em segundo plano, mesmo com Black Friday e Natal. No tarô da consultoria GFK, as vendas de televisores devem engordar 22% no período atual e, desse indicador, oito pontos percentuais são atribuídos à Copa na Rússia. No ano passado, crava a consultoria, foram faturados no país em torno de 10,4 milhões de aparelhos ou 25% acima da receita de 2016. É patente a tendência por televisores de telas maiores, de melhor definição e, nas pegadas dos smartphones, conectados à internet, redes sociais e aplicativos de streaming. Outro estímulo às compras de TV digital virá do desligamento do sinal analógico no país este ano. A incidência de televisores de tubo ainda é alta no país, aponta a GFK, colocando os aparelhos com telas de até 32 polegadas como a porta de entrada no universo digital para o consumidor-padrão obrigado pelo desligamento gradual do sinal analógico a aposentar sua TV obsoleta. “Conforme estimativa com base no ano passado, 46,5 milhões de TV ainda são de tubo, o que equivale a cerca de 44,5% do total de televisores no país e a Copa pode representar um impulso ainda maior para essa necessidade de compra”, pressupõe Lourival Kiçula, presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros). “Ao lado da troca do sinal analógico pelo digital, o varejo considera esse dado como grande oportunidade de conversão de venda para as primeiras telas ‘finas” em geral de 32, 40 e 48 polegadas, um efetivo equivalente a 80% do mercado”. Mas isso não significa que a TV de tubo será varrida de cena. “Elas poderão continuar funcionando, principalmente para o público de baixa renda que terá dificuldade de trocar de aparelho e utilizará conversor para assistir no seu antigo televisor”.
Kiçula considera que o mercado brasileiro de TVs muda de patamar a cada quatro anos e a perspectiva da Eletros é de 12,5 milhões de aparelhos digitais vendidos este ano, volume 10% acima do registrado pela entidade em 2017. O dirigente repisa que a Copa e o fim do sinal analógico são os principais motivadores, tendo na retaguarda a influência da reativação da disponibilidade de crédito. “Uma redução do spread bancário decerto poderia dar um impulso ainda maior a esse desempenho” , ele admite, em alusão aos juros exorbitantes sapecados em quem cogite comprar a crédito.

Junto com as calorias agregadas ao volume de vendas, a Copa da Rússia salpica um açúcar refinado nas margens de lucro dos fabricantes de TVs. “A intenção do brasileiro é substituir aparelhos menores pelos de tela maior, ainda mais quando os grandes jogos de futebol se aproximam, e os fabricantes querem ajudar o consumidor a fazer a melhor escolha”, pondera Kiçula. É uma pista livre, ele deixa claro, para a popularização das TVs 4K, que entregam imagens com resolução quatro vezes superior à do aparelho Full HD, embora seu custo ainda seja alto para o grosso da população. Na calculadora da GFK, o atual preço médio da TV 4K ronda a marca de R$ 3.400. Em contrapartida, na cabeça de muito torcedor ver todos os lances da Copa com máxima qualidade de imagem e som na caixa não tem preço.

PAM Plásticos: cautela com cenário volátil

As marcas LG, Samsung, Fujitsu e Whirlpool exprimem, por si mesmas, o reconhecimento ao grau de perfeição alcançado pela PAM Plásticos na injeção de peças técnicas para joias da coroa do Polo Industrial de Manaus. Com gabinetes para TVs e monitores na linha de frente do portfólio e investimos contínuos na produção e gestão, Luiz Antonio Pastore, presidente dessa transformadora com 36 anos de estrada, apalpa com prudência nesta entrevista as perspectivas de fornecimento de componentes para eletroeletrônicos até dezembro.

PR – É consenso entre representações de eletroeletrônicos que as vendas de TV crescerão de forma exponencial este ano, estimuladas pela Copa na Rússia e pelo desligamento do sinal analógico em 1.300 municípios. Em contraponto, o consumidor ainda inclina-se por refrear compras pelo cartão de crédito sob juros bancários altíssimos e retomada morna da economia. Como avalia as condições reais para produção e vendas de TVs este ano?
Pastore – Minha expectativa inicial era de um aumento, conservador, de 20%, na produção anual dos aparelhos. Não quero dizer que a venda acompanhe este número, desconheço os estoques do varejo. Devido aos acontecimentos políticos no começo do ano, mais as incertezas por vir, estamos trabalhando com um numero parecido com 2017. O dólar atual indica a grande volatilidade que enfrentaremos até dezembro. Em consequência, não se tem visão firme para sustentar afirmações de que a recessão acabou.

PR – Quais os investimentos da PAM para melhor atender a demanda de peças para TVs em Manaus este ano?
Pastore – Sempre mantemos uma renovação mínima do parque de injeção, hoje com 60 equipamentos hidráulicos de 40 a 2.100 toneladas, dos quais 40 com força de fechamento acima de 800 toneladas. Ano passado recebemos sete máquinas da Haitian, três delas de 1.500 toneladas e quatro de 350 toneladas. São linhas equipadas com robôs da Witmann Battenfeld. Em outras áreas investimos muito na monitorização de processos, MRP corporativo (planejamento computacional de suprimento de materiais, produtividade das máquinas, RH e recursos financeiros), novos servidores, infraestrutura e pessoal em geral. Há bom tempo contamos com recursos de automação onde é possível na linha de produção. Robôs nas injetoras, dispositivos de montagem em célula e todos os periféricos necessários para secagem, controle de câmara quente e sequencial de injeção de até 72 zonas. Sempre integrando a operação a um sistema supervisório (captura por sensores de dados do processo para armazenagem em banco de dados), mirando o conceito da fábrica 4.0. Todas as utilidades da planta (energia, águas industrial e gelada, vapor, ar comprimido) são controladas por este mesmo sistema e todas as máquinas são monitoradas 24 horas por câmeras de vídeo.

PR – Como avalia suas vendas de peças técnicas ao polo de Manaus em 2017 versus 2016 e quais as expectativas para este ano?
Pastore – Tivemos um crescimento de 20% no ano passado sobre 2016, um período muito ruim. O aumento de pedidos não faz parte do planejamento da PAM para este ano. Estamos trabalhando com os números de 2017, sem considerar uma recuperação. Mas, se ela vier, estamos preparados.

PR – Qual peça injetada tende a ser a mais vendida pela PAM para eletroeletrônicos este ano?
Pastore – A produção é muito variada, temos mais de 250 produtos no mix. Em materiais, poliestireno (PS) domina a produção, incide em torno de 40% do nosso consumo. Em seguida, vem o copolímero de acrilonitrila butadieno estireno (ABS). Fornecemos, por exemplo peças finas de policarbonato (PC)/ABS com fibra de vidro, peças de PS, ABS e polipropileno (PP) para ar condicionado, peças traseiras de TV em ABS e PS. Uma referência de peça super leve e fina entregue pela PAM é o frontal de TVs LED, pesando em média 100 gramas e cujos moldes, a depender das polegadas do modelo de televisor, requerem injetoras de 1.000 a 2.100 toneladas.

Tecnologia em alta definição

As resinas e auxiliares que empoderam as peças técnicas

Tecnologia  em alta definiçãoMal voltou das férias e ligou o monitor, Murilo Feltran, gerente de marketing de materiais de performance da Basf no país, deparou em março com consultas sobre cotações e disponibilidade de materiais em quantidade suficiente para convencê-lo do fim da calmaria em desenvolvimentos para o setor eletroeletrônico. “A busca envolveu não só poliamidas (PA), mas polibutileno tereftalato (PBT)”, ele nota.

Até assumir o controle oficial da planta de compostos de PA da Rhodia/Solvay no ABC paulista, o que se aguarda para o segundo semestre, a subsidiária brasileira da Basf segue no papel estrito de importadora no mercado interno de plásticos de engenharia, com soluções trazidas das unidades internacionais do conglomerado alemão. Neste compartimento, Feltran distingue o grade de PA semicristalina Ultramid Vision, dirigida a componentes semi ou 100% transparentes em ambientes de trabalho com desafios químicos. De alta resistência térmica, à flamabilidade, radiação UV e a risco, o lançamento compete em peças de controle visual com policarbonato (PC), copolímero de estireno acrilonitrila (SAN) e poliamidas amorfas em aplicações na esfera de controle visual e iluminação, especifica Feltran. Outro as na manga do mix de PA é Ultramid B27 HM01. Feltran recomenda o material classe V0 da norma UL 94 para fios e cabos elétricos. O rol de novidades prossegue com a linha de poliftalamidas (PPA) Ultramid Advanced N. “É destinada a peças submetidas a ambientes de umidade e temperatura elevadas, como engrenagens e mecanismos de acionamento interno de fornos e fogões”, ele exemplifica, enaltecendo ainda a estabilidade dimensional e resistência à abrasão e ao desgaste por fricção dessa nova linha da Basf.

No balcão de poliamidas, Feltran destaca o ibope em peças para eletroeletrônicos desfrutado pelas séries Ultramid A3X e A3U, ambas aditivados com retardante à chama. “A linha A3U permite trabalho com cores claras e um ponto alto da outra série é o grade A3 X2G5, composto de PA 6.6 com 25% de fibra de vidro contendo retardante de chama não halogenado”, aponta o especialista.

PPS autoextingível
Componentes para lavadoras puxam, no Brasil, a demanda de compostos de PA da Radici para componentes injetados de eletroeletrônicos, delimita Luis Baruque, gerente comercial da subsidiária da indústria italiana com planta componedora em Araçariguama, interior paulista. Na esteira, ele elege os compostos de PA 6 e 6.6 com fibra de vidro como suas especialidades mais procuradas para uso em eletroeletrônicos. “Podem ser injetados em diversas cores, dispensando acabamento posterior, e impressionam pela resistência mecânica, química e térmica”, sintetiza o expert.

Entre as sacadas egressas do pipeline da matriz da Radici, Baruque se aferra às credenciais da série de sulfeto de p-fenileno (PPS) Raditeck P. “Complementa nosso mostruário de materiais resistentes a altas temperaturas, além de ser autoextinguível e não absorver umidade”, ele descreve, acenando ainda para eletroeletrônicos com as possibilidades de Radistrong, série de PA 6 ou 6.6 com fibra longa de vidro, como serial killer de metais em peças técnicas.

Procura por antichama
Com cadeira cativa em lavadoras, fogões e ventiladores, nas vestes de fornecedora de compostos de PA e poliacetal (POM), a componedora Krisoll condiciona a reação da demanda à disponibilidade de crédito na praça para o consumidor de eletrodomésticos. “Esse segmento também é afetado por mecanismos de financiamento popular,ccomo se viu no passado recente”, pondera Alexandre Pastro Alves, sócio e diretor de marketing da empresa.
Com capacidade instalada da ordem de 9.600 t/a em Mauá, Grande São Paulo, a Krisoll teve seu perfil repaginado nos últimos dois anos mediante a aquisição de extrusoras e ênfase na qualificação de pessoal, expõe o também sócio e diretor de vendas Aurélio Mosca. Em decorrência da procura mais intensa por compostos de baixa ou zero propagação de chama, Pastro e Mosca salientam o desenvolvimento de uma família de materiais sob medida para bater com esses anseios dos transformadores de peças técnicas. Daí porque, hoje em dia, compostos de PA 6 com fibra de vidro e aditivação antichama são o carro chefe da Krisoll para a injeção de itens de eletroeletrônicos, indica Pastro.

A componedora norte-americana RTP tem em eletroeletrônicos um mercado-chave para suas especialidades. Nos EUA, a propósito, a empresa destacou-se no plano recente por conseguir deslocar PC/ABS por um composto de PC da série RTP 300 no escuro gabinete de LifeSafer Interlock, um bafômetro eletrônico concebido para o próprio motorista checar a graduação alcoólica antes ou enquanto dirige. No Brasil, os materiais importados da matriz mais requeridos para peças de eletroeletrônicos são compostos de ABS para marcação a laser e de PP com reforço de fibra de vidro longa, para substituir PA, indica João Fernando Pinheiro, diretor da RTP para a América do Sul. Entre as novidades na vitrine, ele chama a atenção para o blend PA/ABS com melhores propriedades ópticas a custo mais competitivo.

Capacidade ampliada
Com 20 anos de milhagem acumulada no Polo industrial de Manaus, a Colortech da Amazônia captou a emanação de bons fluidos sobre sua carteira a partir do primeiro trimestre. “Percebemos leve aquecimento no recebimento de pedidos, a maior parte para o segmento de ar condicionado, seguido por TV, duas rodas, embalagens de alimentos e material escolar”, alinha o diretor industrial e comercial Dival Rebelatto Junior. À espera dessa virada, ele conta, a Colortech investiu, no plano recente, em duas injetoras de masters e em periféricos como um alimentador lateral para compostos com carga mineral. Em relação a seus campeões de vendas para o setor eletroeletrônico nesta fase de discreta reação da demanda, Rabelatto destaca polímeros com carga para componentes de ar condicionado, PC/ ABC colorido classe V0 para peças de máquinas de cartão de crédito e master preto para gabinetes de TV.

Concentrados preto, grafite e cinza, inclusive com variantes de efeito metálico, são as especialidades da Cromaster mais procurados para componentes de eletroeletrônicos. “Atuamos mais no mercado de reposição e percebemos a recuperação da demanda ainda tímida se comparada à carteira de pedidos de 2013”, observa José Fernandes, sócio e diretor comercial da componedora há 19 anos em cena e cuja capacidade na zona oeste paulistana foi recentemente ampliada em 30%.

Vermelho retrô
A linha branca e eletroportáteis regem o movimento de especialidades da Aditive para peças de eletroeletrônicos, delimita o presidente da componedora João Ortiz Guerreiro. “São aparelhos onde os aditivos contribuem não só para o apelo visual, mas para o plástico corresponder às condições de manuseio e locomoção”, assinala. Para fechar essas lacunas, ele segue, a Aditive comparece com a linha Masterfil Antichama e a de compostos condutivos. Esta última abrange soluções para poliolefinas e poliestireno de alto impacto. “Além da resistividade permanente, nossos compostos condutivos diferem dos antiestáticos convencionais pela rapidez superior na dissipação das cargas elétricas, em escalas de 10³ Ohms a 104 Ohms”, distingue Ortiz, elegendo como seu campeão de vendas para o setor eletroeletrônico o grade Masterfil Antichama PP M9089, com atrativos como a facilidade de fluxo e conformação.

Os eletroportáteis também magnetizam o olhar da Cromex. “Tem crescido a procura por cores intensas,como vermelho, branco, preto e prata, para aparelhos como liquidificadores e batedeiras”, atesta Roberto Herrero Lopes, coordenador do labotatório de cores da componedora nacional. “Nossos masters de maior saída para componentes de eletroeletrônicos são os brancos tonalizados, mas merece registro o aumento da procura pela tonalidade vermelho, em sintonia com os eletrodomésticos seguidores do estilo retrô”.
Wagner Catrasta, gerente comercial da Termocolor, virou a página do primeiro trimestre assoberbado com o acúmulo de projetos remetidos pelo setor eletroeletrônico visando a modernização do design e a melhora da performance dos plásticos em peças técnicas dos aparelhos. “As soluções que mais vendemos para este mercado são aditivos antiestáticos, retardantes de chama e estabilizantes a UV”, alinha o executivo.

Na mesma trilha, Marcelo Santana, gerente comercial da Dry Color, lista masters de aditivos como antichama, anti UV, branqueadores e concentrados de alto poder tintorial como suas especialidades mais requeridas para injeção de componentes de eletroeletrônicos. “A linha branca foi o segmento que puxou esse movimento no primeiro trimestre”, ele assinala.
O chamariz temático da Copa na Rússia e a esperança de que a tímida reativação da economia ricocheteiem nas vendas de TVs e refrigeradores pavimentam as expectativas alimentadas para este ano por Kesser Marques, gerente comercial para materiais de performance da operação no país da componedora norte-americana A.Schulman. “Mesmo com inflação baixa, os consumidores não estão assumindo dívidas a longo prazo, mas torço pelo incremento nas vendas no segundo semestre”, coloca o executivo, destacando do seu mostruário as especialidades com cores e aditivação antichama e UV e blends que favorecem a leveza dos aparelhos. No embalo, ele informa a aquisição de mais uma extrusora para a planta da Schulman em Sumaré, interior paulista, e com partida agendada para o final do ano. “Vai dobrar a atual capacidade instalada para beneficiamento e possibilitará a produção de compostos de PP com talco e fibra, de PA com reforço e tipos coloridos de ABS”, adianta Marques. •

 

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