Glitter de plástico sofre ofensiva ambientalista
“Que tal brilhar de glitter biodegradável no Carnaval? Adoro uma purpurina! Exagero mesmo no brilho do Carnaval! Mas, recentemente, a ciência descobriu que o glitter é uma das coisas mais tóxicas aos seres humanos e ao meio ambiente – e não dá mais para brincar de consciência tranquila sabendo disso, né? Isso ocorre porque o glitter, na verdade, é um microplástico. E plásticos cortados de forma tão pequenina acabam escoando na água do banho, chegando ao nosso sistema aquífero e indo morrer na praia. Nos oceanos, os peixes confundem o produto com comida – já que ele tem o mesmo tamanho e forma de seus alimentos habituais. Ingerem-no e se intoxicam. E a gente, por nossa vez, adora comer um peixinho cheio de plástico, não é mesmo?”
Este texto da blogueira Nana Queiroz, postado em 6 de fevereiro último no site Metrópoles, reverbera um movimento internacional de revisão ecoxiita na composição de cosméticos, em busca de alternativas aos microplásticos. A pretexto de contribuição para proteger o ecossistema, o uso do material na fabricação de produtos de higiene & beleza já foi vetado este ano no Reino Unido e, nessa mesma trilha, brotam no exterior eventos como um seminário técnico marcado para maio próximo em Barcelona sobre o futuro das formulações de cosméticos (veja o documento).
Entre os microplásticos, o glitter literalmente cintila como bola da vez. A mídia abre espaço para cientista neozelandesa Trisia Farrely, professora universitária de antropologia ambiental, clamar pelo banimento do glitter base PET por alternativas de fontes renováveis. A escora do megafone de Trisia é seu estudo, repleto de análises de toxicologistas e endocrinologistas. “Cresce a quantidade de indícios sugerindo que toxinas liberadas por poluentes como microplásticos em ambientes aquáticos podem se acumular na cadeia alimentar com risco de disruptura do sistema endócrino da fauna marinha e de pessoas que ingerem essas espécies”, ela declarou em 5 de fevereiro à imprensa internacional. A cientista reconhece que os glitters são uma parte ínfima do verdadeiro problema que são os microplásticos. Mas sua intenção, ao propor o veto ao glitter convencional , é acentuar a sensibilização da sociedade e da indústria, já iniciada por membros da comunidade científica, para a produção e consumo ambientalmente responsáveis e para os danos à natureza causados pelos microplásticos.
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