Em plena temporada de balanços em geral cinzentos na petroquímica mundial, se há alguém que não entra para o coro dos descontentes é a Borouge, joint venture em poliolefinas nos Emirados Árabes entre a Companhia Nacional de Petróleo de Abu Dhabi (Adnoc,54%) e a petroquímica austríaca Borealis (36%). O ano passado foi um passeio no parque: a Borouge embolsou lucro líquido de US$1 bilhão, margens robustas e vistosas marcas de excelência operacional e comercial, conforme trombeteia em comunicado à imprensa este conglomerado de capital aberto, fundado em 1198 e possuidor, na cidade industrial de Al Ruwais, de um dos maiores complexos industriais no gênero do planeta.
Em comemoração à performance extasiante e singular em 2023, a Borouge anunciou em fevereiro último a distribuição de US$ 1.3 bilhão em dividendos aos acionistas. Afinal, registrou no período passado receita de US$ 8.5 bilhões e Ebitda ajustado (indicador financeiro que exclui lucro e despesas não recorrentes) de US$ 2.2 bilhões. Também relatou queda em 2023 de 12% nos custos em geral perante 2022 e de 17% no custo por tonelada produzida. O lucro líquido de US$ 1 bilhão acusou o impacto do recuo de 16% nos preços médios de vendas de resinas da Borouge, reflexo da demanda mundial muito aquém no ano passado dos níveis de pico no período anterior. Segundo o release, tal declínio foi parcialmente contrabalançado pelo aumento no volume de vendas da companhia, que atingiu 5.1 milhão de toneladas em 2023. O complexo em Al Ruwais rodou então com 100% de ocupação em PE e 97% em PP, convergindo para aumento de 6% na produção total sobre o saldo de um ano antes.
A Borouge virou janeiro último festejando a conclusão de metade da construção de sua menina dos olhos. Trata-se do projeto Borouge 4, referente a um complexo industrial de 1.4 milhão de t/a de PP e PE, também em Al Ruwais. Com partida programada para 2025 e equipado com reator fase gás Borstar da acionista Borealis, ele elevará para 6.4 milhões de t/a a capacidade total de poliolefinas da companhia.