Para desgosto de várias correntes ativistas e brindes erguidos pelo lobby das fontes fósseis, a COP 28, conferência mundial sobre clima realizada de 12 de novembro a 30 de dezembro último em Dubai, fechou com uma declaração geral e genérica de comprometimento de governos com a transição energética. Nenhum pio foi dado sobre o estabelecimento de agendas de providências imediatas e drásticas para conter o aquecimento global, como pleiteavam os porta-vozes para questões climáticas da ONU alarmados com o calor recorde de 2023. Entre as petrolíferas formadoras internacionais de preços, a postura predominante no fórum ambientalista embarcou no estilo “uma no cravo e outra na ferradura”. Ou seja, subvencionam a reciclagem mecânica e química e, em paralelo, continuam a ampliar suas capacidades de óleo, gás e derivados. A finlandesa Neste é das raras petrolíferas a saltar fora dessa atuação ambivalente, por concentrar investimentos na transição energética. Essa conduta ganha visibilidade com a largada, ainda este ano, do empreendimento que contemplará a companhia com aquela que ela já rotula em release à praça como a maior refinaria sustentável da Europa.
Movida a investimento orçado em € 2.5 bilhões, a refinaria de óleo cru na ativa em Porvoo, cidade medieval na costa do sul da Finlândia, começa a ser submetida a uma gradual reconfiguração que a dotará até 2030 de uma capacidade instalada da ordem de 3 milhões de t/a para reciclar resíduos como os de plásticos pós-consumo em matérias primas como biodiesel, combustível renovável de aviação e insumos para a cadeia de materiais como termoplásticos. Essa metamorfose de uma refinaria de petróleo em um hub (núcleo) de soluções químicas renováveis constitui um ponto alto do compromisso da Neste de tornar toda a sua produção carbono neutro até 2035.