Reciclagem: Califórnia contesta rótulos de embalagens plásticas

Nova lei cobra definição mais precisa sobre o que é reciclável
Embalagens de iogurte: um fosso entre o discurso e a prática da reciclagem nos EUA
Embalagens de iogurte: um fosso entre o discurso e a prática da reciclagem nos EUA

Maior PIB entre os estados dos EUA e quinta economia do mundo, a Califórnia introduzirá em 2025 uma lei já interpretada como divisor de águas na rotulagem de embalagens plásticas, aponta reportagem no site do diário New York Times. Em essência, a norma proíbe empresas de estampar símbolo de reciclagem em produtos cujos resíduos pós-consumo não são, na realidade, reciclados em larga escala no estado. Ou seja, não há impedimentos técnicos à recuperação desses rejeitos, mas, na prática, isso não ocorre de forma intensiva. O jornal exemplifica com potes e tubos de iogurte, pouches de alimentos infantis, tampas de copos de café e contêineres para retirada de comida pronta.

Sem similar no mercado norte-americano, a lei californiana foi homologada por pressão de ativistas como a engenheira química Jan Dell, dirigente da ONG Last Beach Clean Up e decidida a varrer de cena o que denomina “mito da reciclagem”. Seu esforço já foi premiado na Justiça norte-americana com a conquista de acordos para forçar companhias brand owners como Coca-Cola e Clorox a modificar alguns de seus rótulos com alusões à reciclagem. Em muitas áreas dos EUA, segundo observa o artigo no New York Times, apenas garrafas e galões plásticos estampados com os símbolos de reciclagem “1” e “2”, como vasilhames de refrigerantes e detergentes descartados, são recuperadas com assiduidade. Os demais recipientes são, em regra, desovados em aterros ou acabam poluindo o meio ambiente. A ONU, cita o jornal, estima que a humanidade produz na faixa de 400 milhões de t/a de lixo plástico.

Embora a lei californiana possa parecer uma resposta tímida a essa afronta ao bem-estar ambiental, Jan Dell a vê como um caminho mais efetivo para se reduzir a poluente incidência de refugo plástico. A propósito, a matéria do jornal mais influente do planeta menciona que 1/3 do plástico no mundo segue para embalagens e que uma multidão de brand owners hoje trombeteia que, até 2025, todas as suas embalagens serão 100% recicláveis, recuperáveis ou compostáveis. A esperança de Jan Dell é de que, sob o jugo da realidade e da lei, brand owners acabem reconhecendo que suas embalagens plásticas não correspondem na vida real aos objetivos acalentados para a proteção da natureza (reciclagem intensiva e constante) e mudem então para materiais considerados mais sustentáveis. “Quando eles enfim caírem em si e admitirem ‘oh, estamos vendendo lixo plástico’, se sentirão motivados as realizar as mudanças de materiais“, comenta Jan Dell no artigo.

A matéria do New York Times fecha ponderando que a norma sobre rotulagem na Califórnia joga luzes sobre uma questão maior: “Quando o ponto em evidência é a embalagem sustentável, o que soa mais em linha com a noção de progresso – investir para tornar o plástico mais reciclável ou nas alternativas para substituí-lo?”

Compartilhe esta notícia:
Estagnação do setor automotivo impele a componedora para novos mercados e polímeros

A CPE abre o leque

Estagnação do setor automotivo impele a componedora para novos mercados e polímeros

Deixe um comentário