Tupperware corre risco de quebra

Pedra angular de UDs de plástico fracassa em se ajustar ao consumidor de hoje em dia
Tupperware
Tupperware: distanciamento fatal do público jovem.

Se não conseguir acesso imediato a linhas de crédito palatáveis, a norte-americana Tupperware, marco zero das UDs de plástico, alertou a Bolsa de Nova York para risco iminente de falência. Aos 77 anos e com nome feito como capítulo-chave da história do plástico mundial, a Tupperware admitiu, em comunicado reproduzido em 11 de abril pela imprensa de economia na & negócios, alimentar dúvidas sobre sua capacidade de continuar operando. Analistas de plantão palpitam que a empresa deveria ter revisto sua estratégia 10 anos atrás, uma reação que agora não gera sequer um respiro no balanço, caso de medidas como uma aproximação do público jovem, comercializando UDs em varejistas (venda física e on line) prezadas por esta faixa etária nos EUA, como a Target. Ainda no tocante a consumidores na flor da idade, a Tupperware sentiu na carne e bolso a aversão ambientalista a plásticos (material responsável pela sua trajetória) retratada em comportamentos desse público como substituir vasilhames de plástico por papel contendo cera de abelha como solução para manter o frescor de alimentos em casa. Outro tiro n’água: o lançamento de um grill para churrasco que funciona no micro-ondas, relata a BBC News.  Por esses e outros percalços, a Tupperware confirmou em março à praça ter decapitado 18% de sua força de trabalho em 2022.

Recordar é viver. No livro “Plastic -The Making of a Synthetic Century” (Plástico- a construção de um século sintético, em tradução livre ), o jornalista Stephen Fenichell narra a saga da Tupperware, desde sua constituição, nos anos 1940 , por Earl Tupper, então com 35 anos, ex engenheiro da DuPont frustrado com as limitações dos artefatos plásticos disponíveis para facilitar a vida de usuários fora do setor militar. Os primeiros sinais de que ele prometia bombar vieram com o modesto sucesso desfrutado em 1945 na marinha norte-americana por suas máscaras de gás e partes de lanternas de sinalização, ambos os produtos em PE. Até o evento Tupperware, explica Fenichell, as cozinhas nos EUA, disponham apenas de frágeis contêineres de vidro e cerâmica, de baixa vedação. As UDs injetadas com PE da Tupperware, com a diferenciadora marca da empresa estampada, revolucionaram o universo doméstico com produtos de toque suave e indestrutíveis, como atestou um manicômio que por eles substituiu copos e jarros de alumínio que os internados tinham o hábito de mascar até a deformação total. À entrada dos anos 50, desenvolvimentos da empresa como vasilhas, aparadores de copos e pratos com cobertura para proteger manteiga eram prezados por estetas da alta roda acadêmica e midiática pelo seu design utilitário. Em 1954, a Tupperware faturou US$ 25 milhões e seu afortunado fundador montou então suntuosa sede na Flórida e tratava a rede de revendedores com mimos de cair o queixo, ao estilo dos bônus faraônicos com que Eike Batista afagava aduladores na diretoria do seu finado Grupo X. Foi quando o sucesso subiu à cabeça de Earl Tupper e, inebriado, ele deu de bancar uma penca de festas de clima sex, nas quais presenteava à larga o mulherio com estolas, Cadillacs, braceletes de diamantes etc. Em 1958 vendeu a Tupperware por US$ 10 milhões à companhia Rexall Drugs e tirou visto de cidadão da Costa Rica, paraíso fiscal para onde se mudou e sossegou o facho.

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