Ou tem boi na linha ou os párocos da economia circular pregam para as paredes. Patrocinada pela fundação australiana Minderoo a segunda edição do levantamento anual Index of Plastic Waste Makers (Índice dos Geradores de Sucata Plástica, em tradução livre) põe o dedo na ferida: em 2021, atesta o estudo, o volume global de plásticos de uso único consumidos e descartados aumentou 6 milhões de toneladas em relação ao registrado em 2019. Andrew AO, CEO da Minderoo, não aguentou o tranco e rasgou o mimimi na mídia especializada. “As petroquímicas adeptas da fonte fóssil não estão atacando o problema dos plásticos. Ocorre o oposto: estão produzindo um material ameaçador para a humanidade e o planeta. Se você é investidor em plástico virgem, suas mãos estão sujas e você está perpetuando a crise. É tempo de mudar”.
Enquanto a fundação Minderoo ladra, passa a caravana dos investimentos em curso na petroquímica global, todos submissos à rota das fontes não renováveis. Fala por si o terceiro ciclo em curso de expansão na capacidade mundial de PE, a resina mais consumida no planeta e 2/3 dos volumes com ela produzidos seguem para os plásticos de uso único excomungados pela Minderoo. A consultoria Icis anota um arrastão de projetos internacionais de crackers de eteno, todos escalados para vir à tona em quatro anos pelas mãos de grupos que se apresentam como sustentáveis de fé e carteirinha. Nos EUA, Chevron Phillips e QatarEnergy, montam cracker de 2,08 milhões de t/a e, no Qatar, implantam outro de 1,8 milhão de t/a. No Canadá, Dow levanta cracker de 1,8 milhões de t/a. Pelo radar da Icis, o único cracker na Europa, hoje atolada em colapso energético, será o de 1,45 milhão de t/a de eteno programado para a Bélgica pela Ineos. A Arábia Saudita sediará o cracker de 1,65 milhão de t/a da Saudi Aramco e TotalEnergies. A Icis fecha por enquanto seu mapeamento com tacadas em curso no Leste Asiático: Sinopec e Saudi Aramco ativarão na China um cracker de 1,5 milhão de t/a de eteno e a S-Oil (subsidiária da Saudi Aramco) planeja partir outro de 1,8 milhão de t/a. na Coreia do Sul. A ira da fundação Minderoo aparenta também não causar remorso em vivente algum no cercado de PE. Na rabeira de 2021, partiu Nos EUA a planta da poliolefina regida pela Gulf Coast Growth Ventures (ExxonMobil e Sabic). Na metade final do ano passado, entrou em cena no país a planta de PE da Shell e para 2023 espera-se o funcionamento de fábricas da mesma poliolefina da Bayport Polymers, no Texas, e da Nova Chemicals (Advanced Sclairtech 2), no Canadá.