Os pulos do gato

Pet food inspira novas sacadas em BOPP e BOPET

Se há um caminho sem volta aberto pela pandemia, é o home office ou, numa atenuante, o modelo de trabalho híbrido. Para o já hiper paparicado mercado pet, o tempo maior de convívio em casa do tutor com o bicho de estimação prenuncia um consumo de rações e snacks mais intenso que na era pré-corona do batente em tempo integral no escritório. Essa mudança de hábitos é um deleite para as embalagens flexíveis, reinantes em petiscos, rações secas e semiúmidas e de olho estendido para o nicho das úmidas, onde transita a lata. Nos bastidores dos substratos, toda essa excitação se reflete na febre de melhorias em curso nos filmes biorientados de polipropileno (BOPP) e poliéster (BOPP), ambos com cadeiras cativas em laminados top, para alimentação animal fora da categoria mais popular.
“Os requisitos de laminados para pet food não raro superam os níveis de especificação de muitos alimentos industrializados”, constata Aldo Mortara, diretor comercial da produtora de BOPP Vitopel. “Os aromas intensos em pet food demandam alta barreira ao oxigênio para a embalagem e, no caso de sacos de 10 a 15 quilos de rações, são imprescindíveis as resistências de selagem e ao impacto altíssimas”. O cenário desvenda duas rotas para BOPP mostrar serviço, aponta Mortara. “A primeira é o uso de BOPP mate com impressão reversa como camada externa do laminado, com seu aspecto acetinado realçando a decoração, e a segunda trilha é a da barreira ao vapor d’água proporcionada por este filme, fundamental para preservar a textura do alimento envasado”. Amarrando as pontas, o diretor enaltece a superioridade da estabilidade térmica e e dimensional do BOPP mate da Vitopel para suportar a formatação dos sacos de pet food sem detrimento da produtividade do processo e das características ópticas. “Este filme também tem sido adotado em laminados para pouches de snacks, inclusos os do tipo stand up (SUP), preservando a crocância com sua barreira à umidade”.

Radici

Zona de conforto para poliamidas

O setor automotivo é o senhor dos anéis das poliamidas (PA) 6 e 6.6 da subsidiária brasileira da italiana Radici Plastics. O uso do pólímero nobre como barreira para flexíveis de alimentos representa 9% da receita da empresa, situa a diretora geral Jane Campos. Apesar desse percentual mirrado, o segmento segue a salvo da sofrência da economia que, junto com a falta global de componentes, mói este ano a produção nacional de carros. José Ricardo Silva, responsável pelo marketing não automotivo da Radici, enaltece os predicados mecânicos, químicos, ópticos e térmicos do portfólio Radilon de grades para embalagens dependentes de barreira, como rações, e que hoje inclui dois tipos de homopolímero de PA 6 e quatro de copolímero de PA 6.6. Entre estes últimos, Silva distingue a recente chegada à praça do grade CS38LX NW. “Com índice de 3,8 de viscosidade, seu desempenho na extrusão do filme é aprimorado pelo fato de incorporar lubrificante e nucleante na polimerização”.

O culto aos status premium e superpremium efetuado por fabricantes de rações e petiscos tem efeito dominó nas suas embalagens. Um dos caminhos aventados nesse sentido é a incorporação de auxiliares soft touch (toque suave) a substratos dos laminados, caso já bem sucedido em BOPET da produtora Terphane detalhado mais à frente. “Ainda não temos um grade comercial de BOPP que alie soft touch com alta resistência térmica na face mate para evitar transtornos no processo de embalar pet food”, reconhece Mortara. “Produtores de aditivos para BOPP andam enfronhados nessa pesquisa e uma solução é esperada para breve”.

Numa soma dos ímãs da sustentabilidade e premiunização, a Terphane também introduziu em laminados para rações o seu filme biorientado contendo teores de poliéster pós-consumo reciclado. Mortara não enxerga por ora essa possibilidade no âmbito de BOPP, por restrições de escala e custos altos frente às alternativas de PP virgem. O diretor da Vitopel reconhece o uso disseminado de BOPET em laminados para pet food por agregar custo competitivo, barreira ao oxigênio e resistência mecânica e térmica. No entanto, levanta, BOPET coexiste nessas composições com substratos quimicamente incompatíveis com ele, caso dos filmes de polietileno (PE), dificultando e onerando assim a reciclagem mecânica do laminado pós-consumo. Este flanco aberto em BOPET, ele deixa claro, hoje innspira a cadeia de PP a pesquisar grades de maior resistência térmica e convertedores de bolsas e SUP a modernizar suas linhas, rumo a laminados monomaterial com viabilidade econômica e reciclagem simplificada.

UBE

Poliamidas de estimação

Formadora de opinião em poliamidas (PA) para flexíveis de alimentos, a japonesa UBE já espreita mercados como pet food com o recente grade 1022FDR4. “Consta de um homopolímero de PA 6 desenhado para filme biorientado (BOPA) apto a suportar o processo de esterilização inerente a embalagens retort”, assinala Edgar Veloso, supervisor de vendas da empresa na América Latina. No embalo, ele insere também dispor de outra resina, sob o codinome 1024FD50, também resistente à esterilização e de barreira ao oxigênio superior à encontrada nos tipos convencionais de PA 6. De acordo com Carlos Catarozzo, diretor da UBE Latin America, os flexíveis reinantes no empacotamento de pet food são bags e pouches nas versões esterilizáveis (retort) e com janelas para visualização do conteúdo. Nesse contexto, ele afirma, o portfólio de PA da UBE se impõe com soluções que conferem preservação do sabor, aroma e crocância com transparência (trunfo para pouches com janela) e resistência à punctura e ao impacto elevadas.

Primor no acabamento
A possibilidade de agregar teor de resina pós-consumo reciclada à composição de BOPP já entrou em gestação na Polo Films, viga mestra na produção da película biorientada. “Estamos em tratativas iniciais sobre esse estudo com nosso time de P&D, pois contaminantes na embalagem, advindos do reciclado, podem afetar o apurado paladar e olfato de cães e gatos”, observa o diretor comercial Luciano Ost. Assim, para a teoria bater à porta da prática, ele evidencia, cumpre desenvolver um fornecedor de PP reciclado de rígido controle de substâncias infectantes em seu processo.

A Polo estende o tapete para laminados de pet food com um esquadrão de filmes termosseláveis ou não em espessuras de 15 A 150 micra. “Sobressaem em propriedades ópticas como brilho e transparência, barreira (ao oxigênio e vapor d’água) ampliadora da vida de prateleira e, combinados com os demais substratos no laminado, cumprem os requisitos de selagem na presença de contaminantes como óleos nas rações úmidas e pó nas secas”, descreve o expert. Fora do cercado dos filmes transparentes, Ost ressalta os atributos de sua linha de BOPP mate não termossoldável e com tratamento para impressão e/ou laminação. “Proporciona o primor no acabamento prezado para embalagens de pet food premium e tem ótima performance em linhas de envase vertical”. O diretor adianta que o esmero cobrado por marcas de pet food no posicionamento das embalagens nas gôndolas, motiva a Polo a desenvolver um tipo de BOPP com maior coeficiente de atrito (COF).

Activas

O negócio é fazer a diferença

Trem expresso da distribuição de polímeros, a Activas engrossou este ano seu poder de fogo com a constituição de uma divisão focada em plásticos de engenharia e especialidades. Entre as estrelas deste portfólio, sobressaem para flexíveis desenhados para pet food os homo e copolímeros de poliamida 6 (PA 6) de uma nova bandeira da varejista, a chinesa JHS. “Trata-se de um mercado dominado por grades muito similares entre si e nós queremos abrir espaço para soluções de cunho mais nobre a custo competitivo”, estabelece Aurelio Mosca, um dos gestores da nova divisão da empresa. Conforme assinala, as poliamidas da JHS já estão homologadas por brand owners múltis de alimentos em geral, mérito de atributos como transparência, flexibilidade e resistência ao rasgo conferidas ao filme. No tocante ao embalamento de nutrientes e snacks para cães e gatos, Mosca ressalta os atrativos do baixo custo, solidez à luz e barreira para o acondicionamento de pet food, em particular dos tipos gordurosos, acenado por PA 6 homopolímero.

Divisores de águas
“Existe um tipo de interação e concorrência entre BOPP e BOPET”, observa André Gani, diretor comercial e de marketing da Terphane. “Em regra, porém, eles são utilizados em aplicações distintas e BOPET em geral ganha a preferência quando é necessária uma barreira mais elevada”.

A Terphane estabeleceu dois divisores de águas para BOPET ao inovar laminados para pet food com um filme munido do diferenciador toque suave (soft touch) e outro com teor de poliéster reciclado grau alimentício em mistura com PET virgem. O primeiro grade, assinala Gani, constou de uma película mate com auxiliar soft touch aprovada para o laminado de um saco da ração Natural da fabricante Guabi Nutrição Animal. “A embalagem com acabamento fosco alusivo a produtos premium ganhou o mercado no primeiro semestre e a solução soft touch também garantiu resistência térmica na área da solda e barreira a gases e gorduras”, destaca o diretor. Quanto ao filme com presença de PET pós-consumo reciclado, Gani ressalta seu ineditismo global, sua aprovação para contato com alimentos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária e a auréola de sustentabilidade com que a película da Terphane ornou a imagem da ração Fórmula Natural, marca da Adimax, ao integrar sua embalagem. “Tanto no caso deste filme como no do soft touch, o acréscimo no custo total da solução – a soma de produto e embalagem – é marginal perante os benefícios conferidos às rações”, argumenta Gani. “Entre esses efeitos positivos, consta a identificação do conteúdo com a categoria premium e da embalagem como aliada da sustentabilidade”.

ExxonMobil

Polietileno animal

Rações secas, com menos de 20% de umidade, estão entre os alimentos mais cortejados por laminados 100% de polietileno (PE), substituindo as tradicionais embalagens de vários polímeros ao prover as mesmas propriedades e a vantagem da reciclagem simplificada. Pilar global em polietileno linear metalocênico (PEBLm), a norte-americana ExxonMobil já assedia o setor sul-americano de pet food com um combo da série de resinas Exceed XP. “O excelente desempenho mecânico do tipo XP 8656 proporciona pacotes atraentes no ponto de venda, pois menos sujeitos a rugas e dobras causadas no trajeto da fábrica ao comprador”, atesta Santiago Laverde, líder do segmento de embalagens pet para a região. “Por sua vez, o grade Exceed 1012 confere melhor hermeticidade, hot tack e menor temperatura inicial de selagem para otimizar a formatação, envase e selagem na linha do fabricante da ração”, completa o executivo.

Gani também observa que, ao lado das características técnicas, o desempenho em termos de maquinabilidade, printabilidade e estabilidade nos processos de conversão e envase limpa a pista para BOPET avançar em big bags para rações secas. “É o campo para nosso filme Terphane 10.91, cuja alto COF garante o empilhamento, distribuição e exposição desses sacos nos pontos de venda”, indica o diretor.

Outra frente para BOPET apalpada pela Terphane é a da migração já em curso da lata tradicional para laminados flexíveis no acondicionamento de rações úmidas. “Dispomos de filmes como o tipo RT (retortable) que suportam o stress do processo de conversão, envase e esterilização do alimento e sua embalagem no sistema de autoclave”, acena Gani.

Compartilhe esta notícia:
Estagnação do setor automotivo impele a componedora para novos mercados e polímeros

A CPE abre o leque

Estagnação do setor automotivo impele a componedora para novos mercados e polímeros

Deixe um comentário