Nunca se viu nada igual

Pandemia tira o chão do mercado da reciclagem

Uma querela sem fim no mercado é se há ou não há relação direta entre os preços da resina virgem e do plástico pós-consumo reciclado (PCR). A pandemia não deu o parecer definitivo, mas trouxe à luz um efeito dominó: a disponibilidade insuficiente do material de primeiro uso contribuiu para a escassez do recuperado. “Entrou em cena então a lei da oferta e da procura causando repentino aumento no preço das sucatas na praça”, completa o consultor referencial Amarildo Bazan.

“O isolamento prejudicou bastante o recolhimento de PCR”, ele pondera. “As coletas seletivas praticamente pararam e as cooperativas de catadores interromperam as atividades, obrigando os cooperadores a recorrer a programas sociais, como o auxílio emergencial, para custear necessidades básicas, tal como o fizeram os catadores autônomos quando deixaram as ruas por temor de contaminação”. A carência de material ofertado também alcançou as aparas plásticas industriais, por razões à parte do cenário de PCR. “No início da pandemia, as indústrias reduziram a produção e não geraram refugo”, nota o consultor. “Do meio do surto até hoje, os sucessivos reajustes no preço da resina virgem motivaram os transformadores a reaproveitar ao máximo suas aparas, o que diminuiu o volume e a qualidade delas postos à venda, restringindo-as apenas a resíduos inservíveis ou de difícil recuperação”.

Vento a favor
Bazan descarta a possibilidade de a insuficiência de material recuperado na praça estimular a verticalização na reciclagem por transformadores que adquirem quantidades relevantes de resina para segundo uso. “Não creio nessa hipótese, pois o foco do transformador é a compra de plástico granulado, seja virgem ou reciclado originário de aparas ou pós-consumo”, ele julga. “Verticalizar na reciclagem de resíduo pós-consumo constitui um novo negócio e não o vejo como tendência, mas considero que o cenário construído este ano abre caminho para uma valorização da cadeia da reciclagem, favorecendo sua profissionalização, qualidade dos produtos e retorno compatível com os altos investimentos necessários”.

Ao lado dos preços aumentados pela oferta de material recuperado aquém da demanda, o reciclador-padrão convive com o dólar caro e baixo fôlego financeiro. Bazan julga o saldo desses pesos na balança favorável à modernização tecnológica do setor. “O cenário é muito propício para o retorno desse tipo de investimento e, por sinal, a indústria nacional de maquinário para reciclagem oferece produtos atualizados e de ótima qualidade”.

Wortex

Volta por cima a jato

Se há uma referência de recuperação em V em máquinas para plástico, a Wortex preenche com folga os requisitos com o balanço de suas linhas de reciclagem Challenger. Mesmo com a indústria de resinas recuperadas assolada por pesadelos engendrados pelo corona, à frente deles o pontual desaparecimento de sucata e seu encarecimento a tiracolo da torrente de reajustes nos preços dolarizados da resina virgem, o diretor geral Paolo De Fillipis atribui ao reconhecimento do avanço da sua tecnologia pelo mercado a súbita disparada nas vendas da Wortex este ano, arrancada que ele detalha nesta entrevista.

O setor de reciclagem foi marcado este ano pela escassez de resíduos e encarecimento do plástico reciclado pós-consumo. Como isso influiu nas vendas de suas linhas de granulação e reciclagem Challenger?
De forma positiva e negativa, vários fatores afetaram nossas vendas este ano. Para começar, mesmo antes da pandemia não havia programa a nível nacional para implantar sistemas de coleta seletiva. Se houvesse, teríamos todo o material necessário para atender a indústria de reciclagem. Outro fator a considerar no balanço: a demanda inesperada de matéria-prima virgem e reciclada, também impulsionada pela covid-19.

No início do ano, a procura por maquinário seguia normal, como em 2019. Em março, abril e maio passado, as vendas cessaram. De junho, até o momento, os pedidos de equipamentos de reciclagem da Wortex dispararam, efeito do lançamento da linha Challenger Geração II. Sua exibição estava programada para a montagem em agosto da Interplast. Com o cancelamento dessa feira imposto pelo vírus, conseguimos demonstrar a eficiência do equipamento para clientes trazidos à nossa fábrica. Com isso, dobramos as vendas em relação a em 2019 e temos entregas programadas até março de 2021.

Quais os diferenciais que tornaram a linha Challenger Geração II o carro-chefe da Wortex este ano?
As melhorias introduzidas podem ser resumidas na capacidade de processar múltiplos materiais. Por exemplo, 100% de materiais rígidos, 100% de materiais flexíveis ou uma mistura de ambos na proporção de 70% de material flexível e 30% de material rígido. Essa flexibilidade casa com o empenho dos recicladores em atender o mercado de forma urgente, em muitos casos substituindo matéria prima virgem.

Outra grande vantagem da Challenger Geração II é sua capacidade de fornecer compostos de diferentes materiais e cujo processamento se viabiliza sem mudanças no equipamento. Por exemplo, polietilenos de alta e baixa densidade, stretch, BOPP, laminados, materiais lisos ou impressos, filmes semi-aglutinados, ráfia, ABS, policarbonato ou poliestireno rígido ou expandido. PET está fora desse mix e temos máquinas especificas para sua reciclagem.

Como esses avanços foram alcançados?
Através de novos sistemas de controles eletrônicos incorporados à linha Challenger Geração II. A máquina pode ser acessada via internet, é simples de ser operada, trabalha com baixíssimo consumo de energia e um novo sistema de extrusão aprimora o monitoramento da qualidade. Sua manutenção é baixa e facilitada por se tratar de um equipamento aberto.

Braço na reciclagem
Os fabricantes de equipamentos para reciclagem atravessam o quarto trimestre com carteiras cheias, nota Paulo Francisco da Silva, presidente da requisitada consultoria Agora Vai Brasil. “A espera para receber máquina nova gira em torno de cinco a seis meses e, no caso de retrofit, há dificuldade para achar mão-de-obra e determinadas peças”.
A fase atual de alta nos preços da cadeia plástica, atesta o analista, configurou, mesmo com o câmbio indigesto, uma oportunidade para algumas recicladoras atualizarem seu ticket médio de compras de maquinário e recomporem algo das margens por tantos anos espremidas. A propósito e sem abrir nomes, Silva comenta ter caído uma ficha para um contingente de grandes usuários de resina reciclada. “São empresas que, enfim, perceberam que, para monitorar melhor os volumes e propriedades do material, precisam estender sua presença às etapas da sucata e da geração dos grãos recuperados”. Na prática, ele nota que transformadores maiores de embalagens andam propensos a se verticalizar na reciclagem. “Também estão contratando entidades técnicas para desenvolver processos e soluções para resíduos de plásticos de características complexas ou compostos, visando seu total reúso nas linhas de transformação”, argumenta Silva. “Como tratam-se de ações voltadas para materiais com especificações mais exigentes, esse movimento de transformadores não deve perturbar quem produz reciclados commodities”.
O consultor pondera que a disparada nos preços da sucata plástica industrial e pós-consumo tende a amainar com o já iniciado retorno da coleta de resíduos, o que deve levar, no entanto, bom tempo para solucionar de todo a indisponibilidade de matéria-prima para reciclagem. “A carência de resina virgem local, insolúvel desde a quarentena no início da pandemia, coincidiu depois com a flexibilização do isolamento social e o consequente tsunami das compras até então reprimidas”, ele expõe. Como se esse enrosco não bastasse, apimenta Silva, a população de liquidez ampliada pelo auxílio emergencial e a catequese da sustentabilidade arrebatando indústrias finais e consumidores também contribuíram para o estouro da demanda por reciclados a preços inchados por sua escassez.

Reajustes inéditos
“Nos últimos meses, o plástico pós-consumo subiu de maneira inédita em nossa história”, confirma Bruno Igel, CEO da Wise, sinônimo de reciclagem de primeira linha. “Em meio às diferentes características das sucatas que compramos e das regiões de onde elas vêm, notamos de julho a novembro aumentos de preço de até 100%”. O dirigente engrossa o coro dos que atribuem essa alta ao balaio de entraves puxados por indisponibilidade e encarecimento do plástico virgem, a parada na quarentena da cadeia da coleta, a procura fervente por produtos de viés sustentável e o consumo final exacerbado pelo auxílio emergencial. “Tudo isso pesou para escassear a oferta de sucata e incrementar a procura por material reciclado”.

Diante de conjuntura de instabilidade nos preços da cadeia plástica, Igel afirma aceitar mudanças expressivas na rentabilidade do seu negócio, para evitar incômodos e renegociações constantes com os clientes. “Em geral isso ocorre em contratos de longo prazo que estipulam reajustes semestrais ou anuais”, comenta. “Desse modo, diante das alterações de custos presenciadas nos últimos meses, é natural que gatilhos sejam disparados e, no caso de produtos cuja volatilidade os superou, que as renegociações entrem em cena”.

Igel acha plausível a possibilidade de transformadores que trabalhem com altas quantidades de PCR de melhor padrão ingressarem na reciclagem, seduzidos pela alternativa de reagir ao encarecimento e insuficiência do material na praça. “Mas na maior parte do mundo, por mais que se veja a entrada de alguns grandes transformadores na reciclagem, os recicladores de maior porte seguem independentes e, muitas vezes com capacidades produtivas bem superiores às dos convertedores entrantes”. Este ganho de escala e a especialização acumulada no negócio específico, sustenta Igel, devem manter a indústria de reciclagem com poucas investidas de transformadores no ramo. “Em sua maior parte, o cenário deve continuar a mostrar cada um em seu terreno”.

Braskem

Círculo virtuoso

2020 faz jus a um lugar especial na trajetória da Braskem pela economia circular. O ano marca pelo ingresso da petroquímica em duas etapas, ambas em São Paulo, da manufatura de poliolefinas pós-consumo recuperadas. Numa delas, a empresa firmou parceria com a empresa de engenharia ambiental Tecipar para a coleta urbana de lixo do qual os refugos rígidos de polietileno (PE) e polipropileno (PP) são identificados numa central de triagem e remetidos para reaproveitamento em recicladoras parceiras da Braskem. A outra investida consta do acordo firmado com a recuperadora de resíduos Valoren envolvendo R$ 67 milhões na montagem de linha apta a reciclar 14.000 t/a de poliolefinas pós- consumo de alto padrão, com partida agendada para o final de 2021.

São ações que turbinam a plataforma de desenvolvimentos de resinas recicladas pós-consumo da empresa. “No momento, nosso portfólio global de materiais reciclados alinha 10 grades de PP, quatro de polietileno linear (PEBDL) e seis de polietileno de alta densidade (PEAD)”, assinala Fabiana Quiroga, diretora de economia circular da Braskem na América do Sul. No tocante a aplicações conquistadas por esse mostruário, ela distingue entre os troféus na parede a entrada dos grades de PEBDL RCL 0C1 WE e RCL 0C1 BR em embalagem do absorvente Sempre Livre da J&J e da resina de PP homopolímero RPH 0J7 W na injeção de mobiliário da Tramontina. “Os três grades são originários de embalagens produzidas com resinas virgens da Braskem e recolhidas pós-consumo por logística reversa para posterior reciclagem”, completa Fabiana.

Foco desviado
Leandro Tanaka, diretor comercial da Raposo Plásticos, recicladora com 31 anos de milhagem, assina embaixo da visão de Igel. “Nosso mercado opera com base em escala; o volume determina a compra de insumo para a produção de reciclado”, ele sublinha. “ Quando não se tem essa demanda, os custos acabam aumentando para as indústrias”. A propósito, lembra, alguns transformadores atendidos pela Raposo se aventuraram na reciclagem. “Acabaram voltando a fabricar apenas o produto acabado, assinala Tanaka. “Essa estratégia de verticalização compromete o foco e o desenvolvimento da empresa transformadora”.

Com o mercado virado de cabeça para baixo este ano pelo corona, a estabilidade entre oferta e procura de PCR foi para o espaço e deu no que está dando, deixa claro Tanaka. “No início da pandemia, caiu a incidência de materiais pós-consumo para coleta e, com grande parte das cooperativas fechadas, um volume expressivo dessa sucata foi para os aterros”, ele resume. Em paralelo, ele insere, a oferta insatisfatória de resina virgem e a tempestade de reajustes nos seus preços impactaram bastante as cotações de PCR.

Plano de expansão
Neste seu segundo ano de ativa, a recicladora de poliolefinas Clean Plastic roda com 73% de ocupação da capacidade nominal de 1.500 t/mês. “O resultado está acima do esperado; felizmente não fomos afetados pela pandemia”, comemora o diretor industrial Jadir Voltolini Junior. “Como aumentamos o número de fornecedores de PCR, incluindo parcerias com cooperativas de coleta e depósitos de sucata, as dificuldades de operação associadas à pandemia acabaram minimizadas”. No embalo, o dirigente planeja expandir a produção no ano que vem.

A Clean Plastic já forma entre os recicladores aliados da Braskem para desenvolvimentos com PCR. Entre as aplicações de seus reciclados este ano, Voltolini distingue polietileno de alta densidade para sopro de frascos e polipropileno para injeção de itens como caixas, cadeiras, utilidades domésticas, brinquedos e peças de eletrodomésticos.

Procura-se sucata
Ricardo Guerreiro Mason, diretor da veterana recicladora Plastimil, confirma o interesse do mercado por soluções de PCR embebidas no apelo da sustentabilidade. “Esses pedidos aumentaram, mas os resíduos sumiram”, ele nota. É uma enxaqueca para uma indústria que, como frisa o dirigente, não faz produto de prateleira. “Nosso portfólio é integrado por resinas PCR desenvolvidas de forma customizada”.

O corona onerou a sucata ao forçar a diminuição da coleta e desnivelar o balanço entre oferta e demanda de resina virgem, sintetiza Mason. “Em geral, a curva de variação de preço dos resíduos é mais achatada e longa, enquanto a da resina virgem é mais agressiva, lembra um cardiograma”, ele pondera. “Com a insuficiência dela no mercado, devido ao recuo nas importações e a rápida retomada do consumo com a flexibilização do confinamento, os resíduos, também menos disponíveis, passaram a apresentar algo nunca visto: uma curva de preços mais nervosa que a da resina virgem”. Mason não compra a ideia de que essa reviravolta anime transformadores à verticalização na reciclagem. “Além de saírem do foco do seu negócio, o investimento é grande e, quando estiver consolidado, o acesso ao resíduo já terá normalizado”.

UNIGEL & INNOVA

Mistura fina e verde

“Estamos trabalhando para aumentar as aplicações e a quantidade de grades de poliestireno de alto impacto (HIPS) virgem misturado com reciclado da nossa linha Ecogel”, informa Marcelo Natal, diretor comercial para estirênicos da Unigel. No momento, assinala, os dois tipos na prateleira, ECO 8878 e 8875, já aparecem em bens duráveis injetados como utilidades domésticas, mobiliário e peças de eletroeletrônicos. Em paralelo, o executivo informa que sua empresa busca projetos de logística reversa com parceiros como recicladores, cooperativas, transformadores e brand owners. Uma recente investida nessa direção foi a adesão da Unigel ao programa de logística reversa de copos descartáveis, do qual participam a Braskem e a empresa de soluções sustentáveis Dinâmica Ambiental.
Também produtora de estireno e PS, além do polímero expandido (EPS), a Innova coleta em Manaus e arredores, onde tem planta da resina, o resíduo de HIPS pós-consumo que, aliado ao teor de virgem, resulta no grade ECO-PS®. “É o primeiro material no gênero em PS introduzido no Brasil e está completando um ano de mercado”, comemora a coordenadora de tecnologia e desenvolvimento Andréia Ossig.

A Fundação Amazonas Sustentável e a recicladora manauara Coplast são utilizadas pela Innova para a coleta, separação, limpeza e recuperação da sucata plástica. “Nossa Unidade 1, situada no Polo Industrial de Manaus, recebe este material reciclado e o incorpora a HIPS virgem, formulando a resina ECO-PS®, de propriedades mecânicas similares às do polímero de primeiro uso”, descreve Andréia.

Novos entrantes
O resíduo plástico domiciliar tem aumentado com a pandemia, constata Décio Boschetti, diretor da recicladora Sulpet. “No entanto, em virtude das conhecidas carências de logística reversa, este material nem sempre chega à indústria de reciclagem”. Neste último semestre, ele prossegue, a procura por PCR cresceu bastante, no rastro da demanda reprimida pela paralisação industrial na primeira metade do ano; encarecimento da resina virgem doméstica e a desvalorização perto de 40% do real frente ao dólar intimidando importações de termoplásticos, aliás de oferta internacional também refreada.

Os reajustes nos preços de PE e PP virgens superaram os de PET e afetaram o custo da sucata plástica na mesma proporção, julga Boschetti, que recicla os três termoplásticos. No caso de PET, ele ressalta que, na primeira quinzena de novembro, o preço da sucata superou o do poliéster reciclado. “Um efeito causado pela atuação de novos entrantes no mercado”.

Na Europa e EUA, petroquímicas investem em recicladoras de poliolefinas e transformadores de sopro montam unidades de recuperação de PET. Aqui no Brasil, o conglomerado Valgroup, trem bala da transformação de plásticos, não só produz pré-formas e garrafas como opera uma das maiores recicladoras de PET do país. Boschetti não interpreta esses movimentos como caminho sem volta. “Hoje em dia, os transformadores não utilizam plástico reciclado apenas pelo preço, mas em função do apelo sócio-ambiental e até mesmo de exigências legais”, argumenta. “Por si só, a verticalização na reciclagem não é garantia de custos menores com insumos”.

Lacuna da coleta seletiva
O Brasil reciclou 311.000 toneladas de PET em 2019, volume 12% acima do saldo de 2018 e a pandemia mantém por ora no escuro a continuidade da sequência. “Já percebemos uma retomada da atividade nos níveis do ano passado, mas é cedo para fazer prognósticos, pois temos pela frente o verão, quando em geral o aumento da reciclagem acontece”, pondera Auri Marçon, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet).

Em função do isolamento no auge da pandemia, no primeiro semestre, milhares de catadores deixaram de recolher as embalagens pós-consumo que alimentam a reciclagem. “Essa dificuldade tem a ver com a carência de robustos sistemas públicos de coleta seletiva, de evolução incipiente nesses 10 anos de implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos”, avalia Marçon. “Com isso, a ociosidade da capacidade instalada no país para reciclar PET, passou da média habitual de 30% para 50% em alguns meses”. O baque nas indústrias usuárias do poliéster recuperado só não foi maior, ressalta o dirigente, devido à retração em curso nos setores têxtil e químico. “Juntos, eles respondem por 37% do consumo de PET para segundo uso”, ele situa. Outro respiro em meio ao sufoco da falta pontual de sucata, encaixa Marçon, são os grandes estoques de garrafas coletadas habitualmente mantidos por recicladores. “É uma ação preventiva contra a histórica oscilação sazonal na disponibilidade desse material”, ele explica.

Um ponto alto da sustentabilidade de PET é o seu status de única resina recicladas de uso permitido em embalagens de alimentos, mérito da diferenciada tecnologia bottle to bottle que contempla o refugo de poliéster assim recuperado com o grau alimentício. Marçon chama a atenção para o fato de que, em função da falta de coleta no pico da pandemia, o preço da garrafa descartada aumentou a ponto de provocar uma inversão histórica. “O preço do reciclado grau alimentício chegou a ficar ligeiramente mais alto que o do PET virgem”. Trata-se de um descompasso circunstancial e fora das diretrizes convencionais usadas no comparativo de preços entre os dois materiais. “Ainda assim, situações como esta servem como teste de fogo para separarmos os brand owners comprometidos de fato com a economia circular daqueles que se baseiam apenas em custo para decidir a compra de PET reciclado grau alimentício”.

Do ponto de vista industrial, com base em sua tecnologia e capacidade instalada, o setor de PET, inclusos grades virgens e reciclados, se mantém firme na travessia da pandemia, reitera Marçon. “Até o momento, enquanto muitos materiais de embalagem causam rupturas no abastecimento, PET vem suprindo a contento os clientes”.•

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