Qual a expectativa da Arburg em relação à intenção do governo de reduzir a alíquota de importação para bens de capital?
O governo manifestou a intenção de reduzir a alíquota para bens de capital e, até o momento, a formalizou apenas para alguns tipos de maquinário. Injetoras ainda não foram beneficiadas, mas é enorme o potencial de renovação do seu parque no país. Numa projeção conservadora, estima-se em torno de 12 anos a média de idade das injetoras em atividade no Brasil. Uma redução de impostos para quem queira renovar sua fábrica seria muito bem vinda e, nessa trilha, a demanda por todos os tipos de máquinas da Arburg seria impulsionada. As linhas hidráulicas porque, além de uso mais comum por aqui, oferecem significativa vantagem de precisão, performance e economia com o sistema hidráulico servo controlado. Por sua vez, as injetoras elétricas contam, além do trunfo dos acionamentos diretos, com a grande economia energética gerada pela tecnologia KERS (Kinectic Energy Recovery System). Já os modelos híbridos garantem a aplicações em expansão no país, a exemplo de embalagens, altíssima performance dinâmica com os acionamentos híbridos.
Qual a visão da Arburg em relação ao mercado brasileiro para suas injetoras nos próximos anos?
O pior da crise que se prolongou nos últimos anos já ficou para trás e o mercado retomará a demanda observada em 2012 e 2013 até 2023. Seria uma década para recuperação dos níveis pré-crise, porém com mudanças interessantes no perfil da necessidade dos clientes. A tendência de adotar moldes maiores para conquistar mais produtividade a menor custo é uma delas, razão pela qual injetoras acima de 200 toneladas terão presença cada vez mais relevante. Em termos de volume, as linhas hidráulicas manterão o predomínio nos pedidos, mas com frações crescentes das versões elétricas e híbridas no mix de vendas.
Quais tecnologias de injeção da Arburg ainda pouco difundidas no Brasil têm chances de deslanchar aqui nos próximos anos?
A demanda por projetos turn key envolvendo avanços como os de automação, robótica e controle de qualidade decerto tomará impulso. Mais do que a introdução de uma tecnologia específica, o conceito de produção integrada com foco em produtividade através de maquinário atualizado e uso do que há de melhor no mundo será imprescindível para a indústria do plástico competir num mercado globalizado. Recente estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) centrado em 24 setores locais situou a transformação do plástico entre os menos preparados para a concorrência internacional. É uma posição em grande parte atribuída à baixa utilização de recursos tecnológicos ligados à Indústria 4.0.
Diversas tecnologias da Arburg são utilizadas há anos na Alemanha e ainda não desembarcaram, no Brasil. O que retarda a chegada delas?
Em primeiro lugar, pesa o fato de o Brasil ter historicamente optado por um modelo protecionista de desenvolvimento industrial, mediante altas tarifas de importação. Isso desestimula o investimento em tecnologias e produtividade, pois sua oferta fica restrita a poucos participantes que detêm um mercado doméstico cativo. Em contrapartida, o mercado global restringe a entrada de produtos industrializados do Brasil, o que reduz de forma drástica sua escala de produção e envolvimento no intercâmbio tecnológico. Todos os países bem sucedidos no desenvolvimento industrial olharam o mundo como um mercado potencial. No Brasil temos dificuldade para adquirir tecnologias de ponta por causa de altos impostos, baixa oferta de capital para investimento e falta de mão de obra qualificada, sem falar na insegurança instaurada pela instabilidade econômica. Mas somos otimistas. O transformador brasileiro busca cada vez mais soluções para aumentar a produtividade. Com um pouco de ajuda da politica econômica na direção certa o Brasil terá tudo para encurtar sua defasagem tecnológica. •