Se fosse fácil não teria graça

Como a Eco Inova abre caminho em mercados complicados
Fernando de Noronha: vigas plásticas abolem madeira nos decks.

“Não geramos passivos ambientais e nossos produtos de reciclado pós-consumo são comparados a madeira, concreto, aço e fibra, confirmando-se adequados às aplicações solicitadas com base em quesitos como permeabilidade, condução elétrica, deformação, dureza e resistência”. Maurício Groke justifica assim o potencial vislumbrado para a sua transformadora Eco Inova, produtora de componentes para os setores viário e de distribuição de energia em Jaguariúna, no interior paulista. Se o governo cumprisse suas promessas de obras, pondera o dirigente até aliviado na entrevista a seguir, a capacidade da empresa seria atropelada. Mesmo assim, ele assevera sem soltar números, a demanda tem crescido sem alarido e intocada até agora pela crise.

PR – Quando partiu a empresa e qual a atual capacidade instalada?
Groke – A operação foi iniciada há cerca de cinco anos. Tenho um sócio atualmente. Nossa capacidade de processamento é de aproximadamente 350 t/mês. O volume é transformado em cruzetas, dormentes e suportes de placa.Compramos de recicladores as resinas recuperadas, oriundas de pós-consumo de embalagens e outros resíduos. Não necessitamos de matéria-prima granulada, pois a empregamos moída em extrusoras adequadas ao processo de “intrusão” em fôrmas e na extrusão de perfis.

PR – A empresa afirma em site fornecer dormentes, placas de sinalização, cruzetas e madeiras decorativas. Como reparte o faturamento entre esses produtos?
Groke – No momento, a produção se divide entre 90% para cruzetas e 10% para calços e suportes de placas. Descontinuamos as madeiras plásticas decorativas por não serem competitivas no Brasil. Quanto aos dormentes, temos vários aplicados em ferrovias, mas a regulamentação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) não está fechada e o movimento deu uma parada. Mas temos projetos em andamento para exportar dormentes e para os trilhos do metrô de São Paulo. Em vigas plásticas, fizemos com elas a estruturação dos decks do parque de Fernando de Noronha e, em parceria com o Departamento de Estrada e Rodagem (DER) e o Instituo de Pesquisas Tecnológicas (IPT), trocamos o tablado de vigas de madeira na reforma dos 100 anos da ponte pênsil de São Vicente. No plano geral, fabricamos peças reguladas pela ABNT, estruturadas em aço e fibra de vidro para clientes como concessionárias de serviços, operadores de ferrovias e rodovias e empresas de distribuição de energia.

PR – Qual a sua visão das perspectivas para a Eco Inova considerando sua dependência parcial de verbas públicas e de diversas operadores de ferrovias de grande porte acumulando prejuízos?
Groke – O potencial é muito grande. Apesar da pressão dos materiais concorrentes, temos atributos que se mostram competitivos ao extremo a médio e longo prazo, a exemplo da ação de sustentabilidade no uso de resíduos pós consumo, reciclabilidade quase que sem limite, durabilidade , performance, custo/beneficio. Em relação às verbas do governo, bem, se os Planos de Aceleração do Crescimento (PACs) saíssem como foram proclamados, estaríamos com uma demanda sem precedentes e impossível de atender. Mas foi melhor assim; nosso produto ganhou tempo para maturar no mercado e tornar seus atributos mais conhecidos pelos clientes. A propósito, o setor de distribuição de energia não está em crise. Vejo essas empresas capitalizadas ou se capitalizando à sombra do preço atual da eletricidade e dos financiamentos obtidos a juros baixíssimos! Elas ainda têm metas de desempenho a cumprir, dependendo, para tanto, de muito investimento nas redes distribuidoras existentes. O setor ferroviário anda mesmo devagar, mas atuamos aí num nicho específico e praticamente sem concorrência.

PR – Como avalia o efeito da recessão sobre seu suprimento de matéria-prima em 2015 e quais as perspectivas para este ano?
Groke – Não tivemos impacto na demanda; estamos crescendo. Há muita matéria-prima disponível, embora ainda tenhamos o desafio de acessá-la mais rápida e economicamente. É o que estamos fazendo ao promover a integração da cadeia e o desenvolvimento de novos materiais e aplicações. Neste último ponto, fechamos parceria com múlti mantida em sigilo a pedido. Também estamos trabalhando em exportações. •

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