Roupa nova

De um lado, os custos e incertezas no cronograma das importações. Do outro, uma demanda por ora discreta, mas ascendente e servida apenas por materiais do exterior. Ao debruçar-se sobre essas duas variáveis, a subsidiária no país da norte-americana Kraton Polymers, produtora de elastômeros termoplásticos (TPE) estirênicos, farejou condições propícias para juntar forças com a componedora Petropol. Pelo acordo firmado, esclarece Fernando Tadiotto, diretor de comércio exterior da indústria brasileira, a Kraton lhe fornece o copolímero estireno/butileno/etileno/estireno (SBES), matéria-prima destinada à formulação, na unidade em Mauá (SP), de dois materiais de engenharia: TPE e elastômero termoplástico éter éster (TEEE).
“Essa aliança foi a forma encontrada pela Kraton para nacionalizar essas borrachas termoplásticas sem similares locais”, esclarece Tadiotto. “Essa atividade nos colocou num novo mercado pois, conforme foi acertado com a Kraton, assumimos a aditivação dos dois materiais polimerizados e os vendemos na forma de compostos sob a nossa marca Unipren”. A Kraton Polymers negou entrevista para justificar o bem casado com a Petropol e as razões para não produzir essas linhas de TPE e TEEE em seu complexo em Paulínia (SP).
Até a parceria ser alinhavada, repassa Tadiotto, a Petropol adquiria SBES da Kraton para empregá-lo como modificador de impacto em suas formulações. A possibilidade de obter elastômeros termoplásticos a partir desse material, combinado com aditivos não revelados, alargou o raio de ação da componedora, sem cobrar tecnologias ou ajustes significativos nas suas extrusoras mono ou dupla rosca. “O primeiro lote piloto foi vendido em outubro último e 2014 constitui o primeiro exercício de comercialização regular desses compostos reforçados de borrachas termoplásticas”, delimita o diretor. Tadiotto encaixa que um grade de TPE da Petropol, Unipren A, encontra-se em testes na subsidiária brasileira da Faurecia, sistemista global de autopeças. Entre os mercados na alça de mira, o executivo distingue a presença de TPE com fibra de vidro na injeção de suportes de airbags. “Queremos distância das aplicações convencionais de borrachas termoplásticas”, frisa.
Além de componedora, a Petropol atua como agente oficial de materiais nobres trazidos pela Bayer, Basf e Du Pont. Quanto a esta última bandeira, o portfólio de materiais importados inclui a especialidade Hytrel. Mas Tadiotto salienta que o material formulado e aditivado em Mauá não compete com o elastômero termoplástico da DuPont. “Nossos tipos de TEEE são especiais, em versões de compostos com fibra ou com propriedade antichamas e resistentes a altas temperaturas”, distingue o diretor. “Continuaremos, assim, a distribuir normalmente a linha Hytrel”.
Numa variante desse esquema tático, a Petropol iniciou sem alarde, desde o ano passado, o beneficiamento de uma matéria-prima que comercializa para a Basf, o poliuretano termoplástico (TPU) Elastolan. “Fornecemos o composto acrescido de fibra de vidro inserido sob a marca Thanelene, referente às nossas resinas de PU, e as vendas iniciais têm girado na faixa de 5 a 6 t/mês”, dimensiona o diretor de comércio exterior. O agronegócio é o foco do composto preto de TPU com 38% de fibra de vidro, ele indica. “É dirigido a tampas para semeadeiras”.
Assim, a atividade de prestar serviços de beneficiamento de resinas para terceiros e, em paralelo, alargar o portfólio de materiais nobres da Petropol, passou de oportunidade circunstancial a um negócio agora permanente e com cadeira cativa no planejamento da componedora paulista. O pontapé inicial foi dado em Mauá com a aditivação de poliamidas importadas para a holandesa DSM e a norte-americana Invista. “Como também competimos no mesmo segmento com os compostos de PA Nypol, concordamos em não buscar clientes na carteira dessas duas empresas”, explica Tadiotto.
Para assoviar no azul das perspectivas, a Petropol atravessa fase de expansão engatada em quinta, azeitada por investimentos totais orçados na faixa de R$7,5 milhões, inclusos construção civil, produção e laboratório. “O quadro de extrusoras passou de três para quatro este ano e mais duas máquinas alemãs Coperion devem rodar até julho de 2015”, prevê o diretor. “Com as seis linhas, nossa capacidade nominal saltará da casa de 3.000 para 5.000 t/mês, um aumento acompanhado pela ampliação de 3.500 para 7.200 m² da área fabril”.
A degringolada na produção e venda de carros acende a luz vermelha no reduto de plásticos de engenharia. A Petropol não está imune à bordoada, reconhece Tadiotto. Em reflexo condicionado, ela recorre, desde o primeiro trimestre, a uma válvula de escape da sibéria em autopeças. “Estamos setorizando cerca de 4.500 clientes cadastrados”, expõe o executivo. “Colocamos no sistema as informações sobre eles e seus mercados para assediá-los com condições capazes de facilitar o ingresso dos nossos materiais nessas empresas”. Tem sido assim, exemplifica, que a Petropol vem incrementando as vendas de poliacetal  (POM) e copolímero de acrilonitrila butadieno estireno (ABS) para injeção de medidores no setor hidráulico ou de PA para componentes de brinquedos. “Como esse pente fino na carteira ainda continua, não se pode julgar que os resultados obtidos contrabalançam a queda da demanda automotiva, mas o alívio proporcionado é considerável”, constata Tadiotto. •

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