Fundo Geribá compra Polo Films

Em tupi-guarani, geribá significa coqueiro e, nos guias de turismo, badalada praia do balneário de Búzios. Fica a cargo do leitor as ilações entre as duas definições e uma transação transcorrida sem estardalhaço num nicho-chave de flexíveis no Brasil: o fundo privado Geribá Investimentos comprou da Unigel a transformadora Polo Films, estrela guia nacional em polipropileno biorientado (BOPP). Com essa aquisição, oficializada em novembro último, a Unigel ratificou sua estratégia de desvencilhar-se de negócios fora de sua vocação e não integrados em sua cadeia de matérias-primas para saldar seus compromissos financeiros.

Assim, no âmbito das resinas, a Unigel comparece agora  com acrílicos, estireno e poliestireno e despede-se de vez, com a partida da Polo, dos transformados plásticos, compartimento no qual também despontou no passado em tubos vinílicos e garrafas de PET. Pelas informações disponíveis nas mídias sociais, a Polo também marca a estréia do Geribá no universo do plástico e confirma os fundos privados na linha de frente dos  investidores em BOPP no Brasil. Afinal, o fundo britânico Vision Capital incorporou em 2011 o controle da Vitopel, produtora em São Paulo do filme biorientado, segmento complementado no país pelas unidades em duas áreas  à sombra de benefícios fiscais: a fábrica da Innova no Polo Industrial de Manaus e a capacidade de 12.000 t/a do  conglomerado transformador Valgroup, na mineira Itamonte. Com essa investida em embalagens, o Geribá investimentos assume uma fábrica há 18 anos na ativa em Montenegro, na Serra Gaúcha, composta por três linhas da alemã Brückner, contemplando a Polo com capacidade nominal da ordem de 78.000 t/a. Paulo Figueiredo, sócio fundador do Geribá, já foi entronizado na diretoria da Polo e a nova administração da empresa tem uma parada dura pela frente.

Pelas calculadoras setoriais, a capacidade ativa de BOPP no país ronda 220.000 t/a para um consumo interno que, em 2014, na antessala da recessão que para muita gente ainda persiste, pairava então na órbita de 140.000 toneladas e, sob a crise subsequente, pouco mudou de patamar. Para engrossar o caldo, as exportações brasileiras de BOPP, embora as mais volumosas no âmbito dos artefatos transformados, até hoje não desfrutaram grande destaque, por razões como a concorrência pesada promovida pelas unidades na América do Sul do grupo peruano Oben, um dos principais exportadores de BOPP e filmes de poliéster biorientado para o Brasil.

 

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