Escaldado pelas lambadas da recessão nos últimos anos, causa inclusive do fechamento de 50 empresas em 2016 e de ociosidade acima de 20% na capacidade instalada, o setor de produtos de limpeza fecha 2018 em clima de convalescença com esperança de receber alta no decorrer de um restabelecimento gradativo. “Encaramos 2019 com uma perspectiva otimista e cautelosa”, atesta Paulo Carvalho Engler Pinto Jr., diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins (Abipla). “A crise profunda desde 2015 enfraqueceu o poder aquisitivo, porém descortinam-se novas possibilidades de melhorias”.
Pelo radar da entidade, o valor da produção em 2017 foi dimensionado, com base num universo calculado em 1.941 fabricantes, em R$ 22,3 bilhões, enquanto a receita fechou n a faixa de R$ 29,4 bilhões. Para um exercício de instabilidade econômica acentuado na prática pelo ambiente eleitoral e conturbado também pelo dólar volátil, greve dos caminhoneiros e encarecimento dos combustíveis e fretes, a Abipla vislumbrava na última edição de seu anuário a continuidade da melhora esboçada em 2017, prevendo incremento de 2,7% no desempenho do setor em 2018. Sem dados à mão, Engler degusta as promessas de dias mais azuis com moderação. Entre os prós nessa direção, ele assinala que determinados itens primam por demanda inelástica, “Ou seja, há certa linearidade no consumo dada a importância desses produtos e, vale lembrar, o setor tem relação direta com a saúde pública”. Na esfera da inovação, Engler distingue a adesão no ramo a formulações de impacto ambiental decrescente e tecnologias de compactação/ concentração. “Reduzem a quantidade de plástico nas embalagens e facilitam a logística e armazenamento, por exemplo”. Em paralelo, o dirigente encaixa que seus filiados, no geral, começam a pensar no e-commerce como um modal.
Oportunidades de crescimento
“O faturamento da indústria de limpeza deve crescer este ano pouco acima de 2017”, julga Rafael Pellegrini, analista da Euromonitor International. Entre as justificativas, ele aponta para o desempenho do mercado aquém do seu potencial, decorrência da crise e, a tiracolo, as altas taxas de desemprego e endividamento familiar. “No entanto, espera-se um retomada mais encorpada a partir de 2019 se confirmadas as expectativas econômicas hoje ventiladas”, ele coloca. “Além do mais, aspectos conjunturais mais persistentes desvendam oportunidades de crescimento, a exemplo do baixo índice de gasto per capita do brasileiro versus outros mercados emergentes e desenvolvidos”. Pellegrini exemplifica com o dispêndio brasileiro em média abaixo da metade do desembolso feito pelo consumidor norte-americano. O comparativo leva em conta as assimetrias socioeconômicas dos dois países, mas, diferenças à parte, o analista se apega ao peso de fatores e hábitos da nossa população, em vínculo direto com a indústria de limpeza. “Nesse cenário, seguem em alta categorias mais comoditizadas e de baixo nível de diferenciação, tipo água sanitária, desinfetantes, detergente líquido para lavar roupa ou sabão em barra”. Assim, se a economia voltar a respirar sem aparelhos, ele condiciona, novos produtos de maior valor agregado “serão os grandes vetores do crescimento da receita da indústria de limpeza doméstica”.
A alta elasticidade de preços no setor, ele pondera, intensificou-se nos últimos anos, um período em que o consumidor se tornou mais racional. “Daí o aumento nas vendas de embalagens econômicas, como refis ou recipientes maiores, em especial em categorias a exemplo de desinfetantes, alvejantes, amaciantes e detergentes em pó”, ilustra Pellegrini. “A procura por custo-benefício também ampliou o espaço para marcas de combate e regionais, em particular nas categorias mais comoditizadas e de menor índice de diferenciação, quadro por sinal potencializado por canais de rápido ajuste a essas novas demandas, como atesta a participação crescente dos atacarejos nas vendas”. Ao amarrar as pontas, Pellegrini sustenta que a cesta nacional de produtos de limpeza não pinta como um ponto positivo de inflexão perante o quadro de 2017. “O motivo é a lógica cristalizada de racionalidade do consumidor atrelada a campanhas e ações promocionais perenes, como uma maneira de atrair ou servir como barreira à saída do consumidor rumo a outras marcas”.
O escrutínio dos balanços de 2016 e 2017 capta déficit nas venda de produtos como detergentes para lavar roupa, amaciantes, sabão em barra e inseticidas. Pellegrini opta por decepar o cenário em análises específicas, com base em peculiaridades de cada artigo como nível de maturidade, grau de inovação e a presença de produtos substitutos. “Em detergentes em pó para lavar roupa tem ocorrido gradual migração para as versões líquida, em especial as formulações diluídas”, ele nota. Com alto nível de maturidade, os sabões em barra (sebosos), também têm cedido terreno para detergentes líquidos e em pó, assinala Pellegrini. Quanto aos amaciantes, pressupõe o analista, o recuo nas suas vendas reflete a inclinação do público pelas versões concentradas, “diminuindo assim o volume utilizado por lavagem e embalagem”. O porta-voz da Euromonitor abre uma ressalava: amaciantes diluídos, principalmente em embalagens maiores, destoam dessa tendência de queda em volumes de venda. “Pois as versões diluídas permanecem com altos índices de representatividade entre os amaciantes”, ele argumenta. Por fim, Pellegrini recorre à climatologia para explicar em boa parte o descenso aferido nas vendas de inseticidas em 2016 e 2017. “O ano passado foi menos quente que o anterior, fator com reflexo na incidência de insetos urbanos e o alarmismo com o vírus zika amainou de 2016 para 2017, baixando a preocupação do público em evitar os mosquitos”.
Para este ano, Pellegrini confia em vendas com alegria nas pernas de categorias de produtos multifuncionais e voltados à conveniência “Desse modo, saponáceos, desengordurantes e tira limo seguem em alta, tanto pela receptividade dos consumidores como pela competição engrossada por novos entrantes nesses segmentos”.
Genéricos podem perder espaço
Em essência, é a mesma trilha da praticidade e economia que pavimenta as apostas de Priscilla Bindi, executiva de de contas sênior da Kantar Worldpanel. “Além de saponáceos, devem sobressair em 2018 as vendas de produtos de limpeza perfumada, purificadores de ar e difusores”.
Priscila põe fé em 2018 como o segundo ano no azul, no apanhado desde 2015, para o setor de produtos de limpeza. “Até junho último, essa indústria já acumulava crescimento de 3% em unidades e no acumulado do ano o movimento decerto deve expandir mais”, ela confia. “À medida em que o país começa a sair da crise, o consumidor volta-se para produtos de cunho mais especializado, caso de saponáceos deslocando alternativas mais baratas como limpadores multiuso”. Nos últimos anos de economia na pindaíba, nota a executiva, os consumidores de produtos de limpeza buscaram mais promoções, em especial do tipo leve-mais-pague-menos e embalagens maiores (econômicas). “Com isso, acabaram estocando alguns produtos e abriram mão de outros, o que diminuiu o número de segmentos nas cestas de compras e foram priorizados os itens generalistas ou mais básicos, em detrimento de produtos de cunho mais específico”.
No âmbito do ticket médio e gasto médio por domicílio, Priscila considera que ambos os indicadores para produtos de limpeza caminham para acusar crescimento ester ano, mas abaixo da inflação. “O incremento é puxado por embalagens maiores, mas a alta concentração de descontos e promoções é a responsável pela manutenção dos preços mais estáveis”.
Um equilíbrio delicado
Entre o bolso e o meio ambiente pende o destino dos frascos de limpeza doméstica
Reina o consenso em limpeza doméstica que as embalagens do setor estão cada vez mais econômicas, uma constatação que transcende a prosaica noção de custos. “A onda crescente de volumes maiores de recipientes, como três e cinco litros, já é uma realidade”, vaticina Alexandre Gusson, gerente de vendas da Greco & Guerreiro, joia da coroa do sopro de frascos para o setor. “Além disso, a redução de peso das embalagens e o uso de material reciclado têm sido vitais para baixar custos, inclusive driblar parte dos galopantes reajustes aplicados nas matérias-primas este ano”.
Cristiano Leal Passos, CEO da Globalpack, colosso nacional em frascos de bens de consumo, vai pelo mesmo caminho. “Essa visão de embalagem cada vez mais econômica tem a ver com a leveza crescente ou mesmo o emprego de PET reciclado”, ele julga. “Há intenção de se obter uma relação melhor de custo/benefício através de embalagens maiores, mas na crise aguda atual o poder aquisitivo impede o avanço dessa tendência.
O mercado global revela avanço de flexíveis, como stand up pouch (SUP), sobre frascos rígidos de produtos de limpeza, em particular nas versões de concentrados. “No Brasil, esse movimento de migração para SUP aparentemente arrefeceu e temos na Globalpack alguns casos de retorno aos frascos soprados”, percebe Passos. “Outro ponto relevante é a questão ambiental, pois a embalagem rígida dispõe de consolidadas soluções de sustentabilidade, não observadas nos flexíveis”. Gusson assina embaixo. “Não acredito que, com toda esta pressão em favor do apelo ambiental uma embalagem como o SUP, cujo processo de reciclagem não possua a facilidade encontrada no frasco soprado, tenha tanto futuro assim, colidindo portanto contra os valores de sustentabilidade prezado por grandes empresas globais de produtos de limpeza”. No mais, completa o executivo da Greco & Guerreiro, o custo benefício do SUP ainda não supera o do frasco soprado, “Não só pela embalagem em si, mas devido ao encarecimento do produto final causado pela estrutura de envase, caixas de transporte e estocagem”. Referência em SUP, a transformadora Gualapack Brasil não quis dar entrevista. Mas Lea Mariza de Oliveira, reverenciada pesquisadora do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), discorre sobre a competitividade do SUP à página 26.
Polietileno de alta densidade (PEAD), ainda tem o mando do jogo nas embalagens para artigos de limpeza doméstica. No entanto, o avanço de PET chama cada vez mais a atenção. “Em produtos como lava-louças e desinfetantes, a migração de PEAD para PET foi um sucesso”, assevera Gusson. “Não só pela possibilidade de se trabalhar com peso menor, fator redutor de custos, mas pelo enriquecimento proporcionado pela transparência à imagem dos produtos, configurando uma batalha de cores e versões inusitadas de aromas nos pontos de venda”. No entanto, ressalva, no âmbito de determinados produtos servidos em volumes acima de dois litros, ainda continua em cena a questão da impossibilidade, a baixo custo, da inserção da necessária alça. “E em nichos como amaciantes, o consumidor aparenta associar o recurso da transparência a produto inferior e de primeiro preço, um procedimento que agrega ainda mais valor aos frascos de PEAD”. Para Cristiano Passos, PET tem progredido com mais intensidade sobre PEAD em detergentes líquidos, “efeito em especial do fator custo acrescido do engajamento no desenvolvimento sustentável”.
PET virgem arfa sob crônica superoferta no Brasil e, no plano mundial, PEAD caminha para preços com viés de baixa mais acentuado, cortesia do excedente norte-americano do polímero enovelado com a desova complicada pela guerra comercial EUA X China. Mesmo assim, Passos não enxerga quem tire de PET reciclado a cadeira cativa no reduto de limpeza. “Sem dúvida, o preço da resina virgem influi no uso de reciclados, mas estamos vivendo um momento de preponderância da sustentabilidade como fator na tomada de decisão de nosso clientes, evidenciando a continuidade do crescimento do consumo da resina pós- consumo recuperada”. Gusson martela a mesma tecla esverdeada. “Os materiais reciclados serão cada vez mais valorizados e procurados”, ele considera. “Seja em PET ou PEAD, a ascensão do uso de reciclado é uma realidade resultante da combinação da redução de custos com a escalada em curso das ações sustentáveis”.
stand up pouches estão em casa
Apesar dos rosnados vindos do cercado dos transformadores de frascos soprados, o stand up pouch (SUP) tem logrado marcar territórios em categorias de limpeza doméstica, a tiracolo inclusive dos atrativos econômicos e sustentáveis que transparecem das tecnologias de concentração/compactação dos produtos. Formadora de opinião em embalagens flexíveis no país, Lea Mariza de Oliveira, pesquisadora estelar do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), analisa nesta entrevista a trajetória do SUP em categorias de produtos de limpeza e assinala os predicados sustentáveis da embalagem.
Por quais motivos tem aumentado, no mercado mundial, a penetração do SUP no terreno dos frascos soprados em produtos de limpeza doméstica?
Devido à redução da relação massa de embalagem/volume de produto e seus ganhos nos aspectos ambientais. Por exemplo, menor consumo de materiais na fonte, menos gastos de combustível no transporte e distribuição – tanto da embalagem vazia como do produto acabado –, menor volume/massa no descarte e qualidade da impressão. Acredito que os frascos sempre terão seu espaço devido à conveniência no uso. São práticos e dotados de sistemas de fechamento cada vez mais otimizados, permitindo a liberação do produto na quantidade e forma adequada para cada aplicação. Considero o SUP bem posicionado no mercado de refil, principalmente no caso dos produtos líquidos com baixa viscosidade.
Esta decolagem dos SUPs é notada em todas as categorias de produtos de limpeza, no plano geral?
Praticamente em todos os mercados. Vejo o SUP decolando nos segmentos de produtos líquidos de baixa viscosidade e sólidos. Um dos nichos que acredito seja mais difícil para SUP avançar é o dos detergentes para louça, justamente por causa da conveniência e da dificuldade para o consumidor de transferir um produto viscoso do SUP para o frasco soprado, além do próprio sistema de fechamento e dispenser utilizado nos recipientes rígidos desse tipo de produto. Também há limitações para o SUP em categorias como saponáceo líquido, lustra móveis e outros tipos de alta viscosidade. Para esses produtos há uma dificuldade para se esgotar todo o produto envasado na embalagem flexível e, caso ela seja utilizada como refil, é uma operação mais complicada transferir todo o conteúdo do SUP para o frasco.
Global players de setores como produtos de limpeza trombeteiam engajamento nos preceitos da economia circular. Ocorre que SUP é embalagem flexível multimaterial, de reciclagem mais complexa e onerosa do que um frasco de PEAD ou PET. Como avalia a coerência de indústrias finais que se afirmam adeptas da proteção ambiental e utilizam uma embalagem laminada que destoa dos requisitos de sustentabilidade?
Pode parecer uma contradição, mas não é possível negar o menor consumo de material da embalagem multicamada e a vantagem atual do frasco rígido na cadeia de reciclagem. Contudo, existem oportunidades de melhorias que podem impactar positivamente na embalagem multicamada, a exemplo da otimização na seleção das estruturas e revalorização no pós-consumo.
Aqui no Brasil, SUP já tem cadeira cativa em produtos de limpeza de alto giro como sabão em pó para lavar roupa. Qual a composição que considera mais habitual dos materiais componentes desses laminados e qual o papel chave exercido por cada um deles?
Em geral, as estruturas utilizadas dispõem, pelo menos, de PET (filme biorientado do poliéster) na camada externa e polietilenos na camada interna. PET tem excelente qualidade de impressão e brilho, protege a impressão de riscos e abrasão e proporciona resistência mecânica à perfuração e rasgos. Os polietilenos garantem a qualidade do fechamento, sendo responsáveis pela resistência e a integridade da termossoldagem. Como componentes de alguns produtos podem permear a camada interna, os adesivos devem ser resistentes aos mesmos para garantir a qualidade da laminação.
À prova de mofo
As resinas e auxiliares que garantem a boa forma dos frascos, tampas e pouches
Embalagens e tampas de produtos de limpeza evitam o limo e dão brilho à penetração das poliolefinas da Braskem. A queda de braço mundial entre embalagens rígidas e stand up pouches (SUP) no setor é examinada a frio pela empresa, pois comparece com grades de polietilenos (PE) nas duas trincheiras. “Aqui no Brasil, a preferência ainda recai sobre o frasco soprado, escudado em sua praticidade e segurança”, percebe Júlio Henrique Lottermann, gerente de aplicações de PE em rígidos. “Mesmo quando SUP é utilizado no conceito de refil existe nos lares uma etapa adicional de transvase para outra embalagem mais prática para o emprego do produto, com a possibilidade de resultar em perdas, contaminações e danos a móveis e roupas”. Para engrossar o caldo, ele assinala, SUP derrapa na peneira da sustentabilidade com uma reciclabilidade mais complexa do que o frasco soprado, em especial o tipo monomaterial.
Nesse cenário, amarra as pontas o executivo, a Braskem dá uma no cravo e outra na ferradura. Em embalagens rígidas, a empresa trata de lapidar soluções de melhor balanço de rigidez/impacto, resistência química, redução de peso e reciclabilidade. Lottermann ilustra este esforço com resinas de polietileno de alta densidade (PEAD) como GF4950, HS5502 e BS002W, além de grades obtidos de eteno derivado da renovável rota alcoolquímica.
Pelo flanco de SUP, Lottermann ressalta os investimentos da empresa em grades que sobressaem em tópicos como resistência mecânica, rigidez e solda, caso da Proxess 1509XP lançada no primeiro semestre. “Entre seus diferenciais também constam as propriedades ópticas e o coeficiente de atrito mais estável”, assinala Carlos Faria, engenheiro de aplicação de PE. Na seara de PEAD, ele distingue a alta rigidez e barreira conferidas pelas resinas AC59 e HE 150, esta também dotada de alta transparência, assim como a resistência mecânica, solda e o plus no visual do SUP proporcionados pelo grade linear metalocênico Flexus 9212 XP e a resina de baixa densidade EB853/72.
Tampas injetadas para frascos de limpeza doméstica são um piso para o mix de polipropileno (PP) da Braskem polir, zerando entraves como a hipótese de quebra sob tensão (stress cracking) na presença de tensoativos e correspondendo às expectativas em quesitos como rigidez, brilho, transparência e resistência ao impacto. Uma referência é o homopolímero nucleado Maxio FT120QWV. “Além de assegurar rigidez à tampa, sobressai pela estabilidade dimensional e por reduzir o ciclo de produção”, indica Carolina Bulhões, gerente de engenharia de aplicação de PP. No embalo, ela realça as credenciais de seus copolímeros randômicos. Para ganhos de produtividade em tampas de parede fina, Carolina recomenda tipos de índices de fluidez mais alto (DP 180 A, RP 340S e RP 149) e, para a injeção de paredes espessas, caso de tampas flip top (com dobradiça), valem os copo random de baixo índice de fluidez (DP 179A e RP 340R). “Para tampas dependentes de incremento em propriedades mecânicas, dão conta do encargo os copolímeros heterofásicos como CP 241, CP 204 e CP 284R”, fecha a especialista.
Frascos de limpeza doméstica são um oásis para PE reciclado, reduto no qual a plataforma Wecycle da Braskem já marcou território com o desenvolvimento de um recipiente para um produto da linha Qualitá do Grupo Pão de Açúcar. Segmentos de produtos de limpeza caracterizados por menores exigências técnicas e que são supridas a contento pelo reciclado ofertado na praça estão fora do escopo de Wecycle, delimita Ederson Munhoz Reis Matos, executivo de desenvolvimento de negócios da plataforma. “Há segmentos no setor de limpeza cujos requisitos técnicos maiores inibem o ingresso do reciclado e, para isso, temos trabalhado em soluções para quebrar essa barreira”, ele expõe. “Um exemplo é um novo conceito de aditivação capaz de viabilizar o frasco de PE reciclado em categorias como multiuso, desengordurantes ou limpeza pesada, formulações químicas cujo teor de tensoativos exigem da embalagem soprada alta resistência a stress cracking”. A Braskem denomina 3R o sistema de aditivação e, segundo Munhoz, a meta é chegar a uma resina com 98%de teor de reciclado e resistência química similar à do grade virgem de PE.
Transparência enriquecedora
Seja na roupagem virgem ou reciclada, PET também acontece no evase de produtos de limpeza. Entre as categorias mais receptivas ao poliéster, alinham-se detergentes, amaciantes, sabões líquidos e limpadores perfumados, coloca Luis Henrique Garia Bittencourt, executivo da Alpek-PQS, produtora de PET e do insumo ácido tereftálico purificado em Pernambuco. “Devido à grande variedade de perfumes e cores, esses produtos buscam embalagens que destaquem e valorizem o conteúdo, agregando valor às categorias”, argumenta o executivo.
Outro ás na manga de PET para mandar ver na limpeza doméstica é a redução de custos aliada à sustentabilidade que impele o material reciclado, acrescenta Bittencourt. Em relação à resina PET convencional, ele enxerga uma barreira tecnológica à escalada de PET na produção de frascos com alça. “Mas essa dificuldade já é contornada pela alça de apoio”.
Excelência na selagem
O emprego de PEAD reciclado em frascos para produtos de limpeza integra o raio de ação traçado pela ExxonMobil para seus polímeros de alta performance Vistammax™. “Altos níveis de material recuperado com criar desafios ao desempenho da embalagem”, pondera Thomas Arys, gerente de desenvolvimento de mercado para Vistammax™ na América Latina. “Mas o acréscimo de Vistammax™ à formulação amplia a resistência a stress cracking da resina, com o efeito colateral de pequena redução na resistência ao empilhamento”, ele esclarece. No âmbito da reciclagem, a presença contaminante de PP em sucata de PEAD destinada à recuperação, a adição de Vistamaxx™ pode solucionar entraves causados pela incompatibilidade entre as duas poliolefinas. “O resultado é a menor quebra de material devido ao melhor desempenho em impacto”, complementa Arys. Em relação a tampas de PP para frascos de produtos de limpeza, o gerente destaca a utilização dos seus polímeros de alta performance para adequar a resistência ao impacto e a rigidez. “Isso reduz falhas como branqueamento por tensão e a quebra no transporte e manuseio da tampa, além de estender sua vida útil”.
A ExxonMobil também marca de perto os movimentos de SUP em produtos de limpeza. A empresa comparece nesses espessos filmes multimaterial com a indicação de suas resinas
Exceed™ para a camada de selagem, assegurando a excelência nesta etapa de vedação e em termos de resistência à queda do SUP, explica Arys. “A resina Exceed™ permite a redução da temperatura inicial de selagem para linhas de alta produtividade no envase, além de ensejar a diminuição da parede da camada de PE destinada à vedação do SUP”. Por seu turno, prossegue, as resinas da família Enable™ caem feito luva na camada central do filme de PE. “Permitem o balanço entre a rigidez do SUP e a boa processabilidade na extrusora”,sumariza Arys. Na camada de laminação, arremata o especialista, a conjunção das resinas Enable™ e Exceed XP™ esmerilha as propriedades ópticas em vista, com baixo níveis de géis e ótima compatibilidade com a maioria dos adesivos disponíveis.
De marcas regionais às de extensão nacional, os produtos de limpeza têm cadeira numerada no pódio dos mercados atendidos pelas sopradoras de frascos da Pavan Zanetti. Nesta mini entrevista, o diretor comercial Newton Zanetti justifica suas indicações de equipamentos para os transformadores do setor.
Quais os modelos de suas sopradoras mais procurados para frascos de PEAD e PET para produtos de limpeza?
Para PEAD, são as máquinas da serie Bimatic e modelos específicos como a sopradora de tecnologia híbrida BMT 5.6D/H, sua versão hidráulica e o equipamento BMT 10.0D/H, com maior capacidade de produção em frascos até 5 litros. A máquina de tecnologia híbrida busca clientes que se importam com produção mais limpa e economia energética, enquanto a linha BMT10.0D/H é nossa campeã em produtividade, com extrusões que chegam a 240 kg/h. No campo de PET, destaco para sopro de pré-formas dois modelos: PETMATIC sistema 7.000, indicada para frascos de detergentes de pia pela produção próxima a 7.000 unidades/h e a sopradora PETMATIC sistema 5.000, mais versátil, que atende até 2 litros de volume para recipientes como os dirigidos a água sanitária, amaciantes e desinfetantes.
Quais os mais recentes aprimoramentos nas séries das sopradoras para embalagens de produtos de limpeza?
Estamos buscando otimizar as produções com CLPs brasileiros de última geração, com páginas destinadas ao controle de produção e processos. As máquinas também exibem aumento da participação de componentes elétricos e eletrônicos, como servomotores e drives de comando, permitindo melhor repetitividade de ciclo e peso de peças.
Rupturas na aquarela
Até o passado recente, o setor de produtos de limpeza era identificado por embalagens brancas e azuis, lembra Eduardo Herrero, coordenador do laboratório de desenvolvimento de cores da Cromex, componedora enraizada na pole nacional em masters. Atributos como a funcionalidade, praticidade e design quebraram as pernas daquele paradigma e, hoje em dia, limpeza doméstica é vestida com recipientes de cores intensas (azul, violeta, laranja, verde) e fluorescentes, em paralelo ao espectro de brancos, da versão pura às tonalizadas, abrange o expert. “Também cresce a demanda pela sóbria cor prata”, adiciona Herrero, frisando a disponibilidade dessas soluções na palheta de concentrados da Cromex para resinas virgens ou recicladas.
“Marcas tradicionais de produtos de limpeza se abrem a ousadias em tonalidades e intensidades, provam suas embalagens em prata, violeta, laranjas e cores fluorescentes, fora do leque convencional do branco, azul e verde”. No entanto, ressalva Herrero, estas cores consolidadas ainda imperam em linhas de limpadores multiuso, desinfetantes, água sanitária e alvejantes. “Uma preferência justificada pelo diferencial de custo em relação a cores especiais, sem falar no conservadorismo dos fabricantes à ideia de mudanças na apresentação de produtos consagrados”, interpreta o técnico. “Já no campo das categorias de maior valor agregado em limpeza domésticas, está liberado o emprego de cores diferenciadoras nas gândolas, a exemplo de prata, efeitos perolizados e fluorescentes”.
A Cromex também assedia com seus auxiliares os bastidores dos frascos de limpeza doméstica. Entre as sacadas de peso, Herrero saca do coldre absorvedores UV (PE-UV 5023 e PET-UV 5570) para proteger o conteúdo envasado da degradação gerada por esta radiação. Para frascos de PET, uma pedida é agente deslizante PET-DL 14993 que, frisa o coordenador, reduz o coeficiente de fricção sem interferir na transparência. No compartimento das tampas, Herrero enaltece os predicados do deslizante PE-DL 50017 para facilitar as funções de abertura e fechamento.
Quando o barato sai caro
Wagner Catrasta, gerente comercial para a América Latina da Termocolor elege branco, azul, amarelo, laranja, rosa e verde, com e sem efeito perolizado, como as cores de maior saída em seus concentrados para frascos de produtos de limpeza. No flanco dos aditivos, ele salienta a oferta de auxiliares de fluxo e de antiestáticos, para eliminação de pó durante a exposição da embalagem na prateleira. “Nos últimos anos, percebemos que o segmento de embalagens de artigos de limpeza e amaciantes retirou de boa parte dos seus produtos o uso de masters, para baixar o preço final”, ele assinala. “Afinal, o custo da embalagem muitas vezes supera o preço do produto de limpeza”. Com a supressão do concentrado, ele conta, alguns itens perderam participação de mercado, razão para retornarem aos braços dos masters.
No balcão da componedora norte-americana A.Schulman, com planta no interior paulista, o foco para o mercado de limpeza doméstica é a venda de valor. “Queremos ajudar o cliente a diferenciar seus produtos e a destacar suas embalagens nas gôndolas, de modo a escapar da briga por centavos”, delimita Roberto Castilho, gerente comercial para masterbatches no Brasil e Argentina. Sob esta perspectiva, conta, sua empresa assedia as embalagens de PEAD com cores opacas, efeito de determinados pigmentos e mescla de dióxido de titânio e carbonato de cálcio. “Os clientes podem efetuar a dosagem da solução de forma mais econômica, obtendo uma opacidade/cobertura aprimorada com produtos de menor custo”, conclui o executivo. •