Uma caixa cartonada de boas surpresas

SIG inova embalagens de alcance global pautadas pelo ideário ambiental
SIG inova embalagens de alcance global pautadas pelo ideário ambiental.
SIG inova embalagens de alcance global pautadas pelo ideário ambiental.

A reciclagem química ainda engatinha no mundo e o Brasil forma na legião de países onde uma planta desse processo ainda não é sequer um brilho de desejo nos olhos dos empreendedores. Mas isso é o de menos para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Extasiada com a vanguarda tecno ambiental, ela já sancionou permissão para plásticos pós-consumo reciclados pela via química  serem utilizados em contato direto com alimentos no país. Na raia das indústrias, a suíça SIG, pêndulo global em bag in box, spouted puch e caixas cartonados assépticas, já prospecta interessados no envase sustentável promovido por soluções de embalagens contendo filmes de PE reciclado pela via química concebidas pela empresa. No Brasil, o garimpo das oportunidades e a oferta de futurismos em embalagens embebidos na economia circular passam pelo complexo de caixas cartonadas em Campo Largo, no Paraná, e pela unidade paulista de Vinhedo, focada em bag in box e spouted pouch. Na entrevista a seguir, Isabela De Marchi, gerente de sustentabilidade na América do Sul, descerra uma panorâmica do globalizado raio de ação da SIG no Brasil.

Isabela De Marchi: planta para reciclar em separado PE e alumíniode caixas cartonadas parte no ano que vem.
Isabela De Marchi: planta para reciclar em separado PE e alumínio de caixas cartonadas parte no ano que vem.

A SIG tem se empenhado em tirar alumínio de suas caixas cartonadas e spouted pouches. Pela ótica global da empresa, o alumínio está em contagem regressiva em suas embalagens devido à pressão ambientalista pró-estruturas monomaterial?

Ao reduzir o alumínio das embalagens, baixamos também as emissões de dióxido de carbono, em linha com a meta de nos tornarmos uma empresa de impacto positivo e garantir que as embalagens sejam recicláveis e recicladas. Porém, ainda não temos como saber se as estruturas sem alumínio serão realmente eliminadas do portfólio da SIG devido a questões de Boas Práticas de Fabricação (BPF) e segurança de alimentos, pois é preciso garantir o shelf life do produto envasado durante toda a cadeia de distribuição, comercialização e consumo. Acreditamos que, para alguns produtos envasados em pouchs e bags, as soluções de  nossas embalagens sem alumínio demorarão para serem implementadas no mercado. Essa demanda pela retirada do componente metálico virá dos clientes. Contudo, estamos finalizando o desenvolvimento dessas estruturas das embalagens em versões monomaterial e desprovidas de alumínio. Hoje em dia, por sinal, a SIG já possui soluções em embalagens cartonadas sem alumínio para todas as categorias. No caso do spouted pouch, estamos desenvolvendo tecnologias e opções de barreira substitutas da camada metálica, mas ainda temos grandes desafios pela frente, por conta da mudança de cor ou textura do produto.

Em 2018, SIG introduziu mundialmente um filme transparente de barreira para varrer alumínio da composição de spouted pouches e cartonados adequados a micro-ondas. Em 2022, anunciou a chegada da caixa cartonada com barreira e sem alumínio. Quais os fundamentos para essas pesquisas?

Em todos os casos a SIG desenvolveu uma barreira com diferentes tipos de polímero. Os materiais cumprem com a função de barreira de luz e oxigênio e a ausência do alumínio gera menor emissão de dióxido de carbono e, consequentemente, menos impacto ambiental.

Em 2017, SIG lançou mundialmente caixa cartonada 100% de materiais originários de fontes renováveis. No caso do plástico, qual a alternativa biodegradável selecionada e qual a diferença existente entre seu custo e os do substituído polietileno?

A nossa embalagem 100% renovável é composta por papel e biopolímero de base florestal, derivado da produção de celulose. Em relação a custos, ele é calculado caso a caso, dependendo da localização e volume.

Como SIG avalia a possibilidade de adotar polietileno quimicamente reciclado em contato direto com alimentos em  soluções de caixas cartonadas e spouted pouches?

A SIG já possui essa solução mundialmente. No Brasil, a reciclagem química é a única maneira autorizada pela Anvisa de utilizar polímeros como polietilenos pós-consumo restaurados ( pelo processo de pirólise) em contato com alimentos. Trata-se uma jornada ainda em início, com pouca disponibilidade de matéria prima e por isso o custo ainda é um desafio. Mas achamos que, no futuro, esse material será amplamente buscado pelos clientes.

A prioridade dada por brand owners em geral ao fator preço, vindo depois a sustentabilidade, não restringe  bioplásticos a embalagens de nichos premium, por falta de escala e preços diante da superoferta de polietileno virgem petroquímico?

Hoje sabemos que o bioplástico é uma opção com menor impacto ambiental. O estudo de análise de ciclo de vida encomendado pela SIG demonstrou que a utilização de biopolímero acarreta a redução de 35% nas emissões de dióxido de carbono, quando comparadas as embalagens padrão com polietileno virgem petroquímico. Porém, sabemos de vários fatores que interferem na competitividade comercial. Por envolver um processo inovador, ainda existe uma menor disponibilidade de bioplásticos e isso impacta em custo. Entendemos que aumentar a demanda impactará na redução de custos.

Por que, após décadas de presença mundial a reciclagem de caixa cartonadas até hoje não atraiu um expressivo efetivo de investidores que não são fabricantes dessas embalagens?

Várias empresas investem no Brasil na reciclagem de embalagens cartonadas. No entanto, ainda temos muitos obstáculos a vencer, pois as taxas locais de reciclagem ainda são muito baixas. Isso ocorre porque há uma baixa conscientização da população, falta de infraestrutura e de políticas públicas, baixa demanda por conteúdos reciclados etc. A SIG procura contribuir para esses problemas serem superados para o Brasil construir uma cadeia ética de reciclagem, fomentando a mudança de comportamento do cidadão, apoiando a coleta seletiva, estruturando cooperativas e desenvolvendo  tecnologias de reciclagem, a exemplo da planta que inauguraremos em 2025, no Paraná, Ela efetuará a recuperação  dos resíduos de alumínio e polietileno presentes nas caixas cartonadas assépticas pós-consumo, permitindo que os dois elementos sejam reciclados e vendidos em separado a mais mercados e gerando maior valor agregado do que a tradicional venda da mistura de polietileno e alumínio (polialumínio) que sobra desse processo e cuja reciclagem provê um material sólido e adequado a aplicações como telhados, paletes e móveis.

Quais os destaques da SIG entre seus avanços para o mercado brasileiro?

Lançamos recentemente o portfólio de embalagens Terra, com soluções de menor impacto ambiental. Por exemplo opções sem alumínio, contendo bioplástico e matérias-primas provenientes de material reciclado, entre outras referências. Estamos em discussão com diversos clientes sobre a introdução desse mostruário no Brasil. No geral, todos os nossos produtos lançados mundialmente são apresentados aos clientes no mesmo período da estreia, mas levamos em consideração as necessidades de cada mercado. Também realizamos diversos lançamentos de cunho local que acabaram se tornando referências globais. No Brasil, são exemplos o bag in box para envase do verniz Suvinil ou a caixa cartonada de 180 ml para o Nescau Prontinho, achocolatado da Nestlé.

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