Um mergulho de cabeça no plástico

Fiore

A praxe no marketing esportivo é o atleta licenciar, a peso de ouro, o uso de sua imagem em produtos e serviços. Pois o campeão olímpico Cesar Cielo, fera nos nados livre e borboleta, saltou fora dessa raia numa investida a quatro mãos com uma transformadora de plástico, a paulistana Fiore, na ativa desde os anos 1970 e pioneira no país na produção de óculos para natação. “A ideia de entrar na empresa como sócio minoritário partiu do Cesar”, conta o dirigente André Fiore, arisco a divulgar a participação acionária do atleta e o faturamento da companhia. “Ele sempre teve vontade de ter uma indústria produtora de material esportivo e, em vez de montar uma, preferiu comprar parte do controle da Fiore, que ele já conhecia e confiava”.

Na selfie atual, a Fiore transita por estas categorias de produtos: natação, a exemplo de maiôs, touca, palmares e pranchas; polo aquático, caso de gorro, pódio, suporte e gol; hidroginástica, itens como coletes, halteres e tornozeleiras; equipamentos de piscina, como balizas/raias e plataformas e, por fim, elementos de recreação, como tapetes, produtos de aprendizagem e brinquedos infláveis. Quanto aos materiais empregados, pintam no mix desde resinas ao metal e têxteis. “Pela minha estimativa, produtos de plástico mobilizam 55% das vendas, seguidos por têxteis, com 30% e metálicos pegam o restante”, reparte Fiore. Na esfera da transformação de plástico, distingue, a empresa opera quatro injetoras e consome, em média mensal uma tonelada de resina, volume no qual polietileno comparece com 90% e, entre as aplicações, chama a atenção o emprego de copolímeros de acetato eteno vinila (EVA) em pranchas e tapetes.

Grande parte do leque de produtos da empresa são de escala sofrível, a tiracolo do ostracismo de sempre da natação no Brasil. Mas, retoma o fio André Fiore, a hipótese de sua indústria buscar custos melhores terceirizando a baixa produção em lugar da manufatura interna não está em cogitação. “Optamos por produzir nós mesmos por termos capacidade tecnológica e pessoal especializado e bem apoiado e porque priorizamos a reciclagem de vários materiais”, justifica o industrial, sem ver ainda viabilidade para a impressão 3D em seu ramo, mesmo diante dos cálculos do confronto da baixa tiragem com custos de molde e injeção de plástico.

André Fiore acalenta, lógico, nadar de braçada na imagem vencedora do novo sócio, para catapultar suas vendas e, na esteira, contribuir para tirar do raso a demanda brasileira por produtos para natação, a tiracolo do pendor da população por esportes participativos e vida saudável. “O que podemos adiantar é que há uma série de ações em desenvolvimento a serem implementadas ainda este ano, para aproximar a imagem do Cielo à da Fiore”, coloca. “Estão previstos novos produtos e ações de marketing on e off line, entre elas um canal no Youtube já em produção”. •

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