“A expressão mais falada no ano passado foi isolamento social e, com a chegada dessa nova forma de viver, começamos a olhar muito para dentro de nossas casas, onde temos ficado grande parte do dia”. Darlene Gomes, diretora comercial e de marketing da Plasvale, medalhão do Brasil em utilidades domésticas (UDs) de plástico, justifica com essa mudança comportamental determinada pela pandemia a procura desde então mais intensa por seus produtos das categorias organização e cozinha. Na esteira, ela reconhece que o advento do corona tem inspirado sua empresa a desenvolver produtos. “Estudos dos novos hábitos estão se tornando necessários para despertar a criatividade com foco crescente na personalização do nosso consumidor”, ela sublinha, exemplificando com novos modelos de marmitas e cachepots.
Um arranhão nessa alegria, assinala Darlene, têm sido os preços inflacionados de resinas, caso de polipropileno (PP) e poliestireno (PS). “Em 2020 os reajustes aplicados por distribuidores foram expressivos e constantes; o preço subiu mais de 50%”, ela situa. “Acho que está se criando um novo patamar de preço para resinas e, em decorrência, o conceito do material plástico deverá ser reinventado para justificar esse encarecimento ao consumidor”.
O preço, aliás, periga acarretar saia justa para PS na Plasvale. Darlene informa tratar-se de resina com que a empresa trabalha pouco; a primazia vai para polipropileno (PP) e polietileno (PE). “Hoje em dia, o preço do vidro, material de visual similar a PS (tipo cristal/GPPS) está muito competitivo e com ótima aceitação pelo mercado como substituto dessa resina”, deixa no ar a diretora. A propósito, projeção da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) aponta para reajuste médio da tonelada de PS (em reais) de 29% no último período e de 38% apenas no primeiro quadrimestre deste ano. Captados pela luneta do varejo de resinas, os preços internos médios em reais da tonelada de PS, incluso ICMS e faturados para 28, 35 e 42 dias apresentam a seguinte trajetória: em 13 de janeiro de 2020, GPPS cotado em R$ 7.980 e o tipo de alto impacto (PSAI), R$ 8.080. Em 23 de dezembro último, GPPS a R$ 12.780 e PSAI a R$12.980. Em 10 de maio deste ano, GPPS a 14.980 e PSAI a R$15.980.
Em 2020, a economia rediviva no segundo semestre e revigorada pelo auxílio emergencial de R$ 600 fez cafuné nas vendas de UDs, infladas também pela quarentena animando as compras de produtos para dar um trato no lar. Darlene está animada com a possibilidade de repeteco este ano, apesar do peso de dissabores como vacinação lenta, inflação à solta, dólar nas nuvens e reajustes volta e meia sapecados em despesas primordiais tipo combustível, gás de cozinha, eletricidade, comida, medicamentos etc e tal. “Nossas vendas no ano passado foram muito positivas devido ao grau de prioridade que o consumidor passou a dar para UDs de plástico, antes vistas como bens de compra por impulso e agora reconhecidas como essenciais para quem precisa adotar hábitos como preparar refeições com mais frequência”, ela considera. “Mesmo com os constantes reajustes das matérias-primas utilizadas, a procura por UDs da Plasvale cresceu nos pontos de venda, ganhou mais espaço nas gôndolas, o que soa muito favorável para o movimento deste ano”. Outra razão para otimismo, ela dá a entender, é o iniciado investimento da Plasvale no e-commerce. “Prevemos um canal de vendas promissor”.
As prendas domésticas de PP
Ao girar cerca de 230.000 toneladas, a indústria de UDs abocanhou por volta de 14% do mercado interno de polipropileno (PP) no ano passado, cruza os dados Américo Bartilotti, diretor dos negócios de embalagens e bens de consumo da Braskem. “Apesar de ter crescido acima de 20% no último período, a participação histórica do setor, entre 13% e 15% se manteve relativamente estável nos últimos anos”. Para cultivar esse reduto onde PP é o termoplástico mais consumido, a Braskem comparece com uma escalação completa de homo e copolímeros com índices de fluidez entre 5 e 90 g/10 min, um portfólio encorpado pela estreia recente do grade RT100N. “Trata-se de um copo random de propriedades organolépticas diferenciadas e baixa transferência de odor e sabor”, traduz o especialista. “Por sua vez, no segundo semestre entra no mercado um homopolímero para injeção de parede fina, alta transparência e rigidez, também dotado de baixa transferência de odor e sabor”.
Entregue de corpo e alma ao culto da economia circular, a Braskem já introduziu, entre 2020 e o início deste ano quatro grades de PP com teor de reciclado do portfólio I’m green recycled para injeção de UDs sem contato com alimentos, conta Bartilotti. “Já desenvolvemos materiais recuperados para caixas organizadoras e vasos para temperos e hortaliças e já estão em testes de homologação em vários transformadores soluções do mesmo tipo destinadas a produtos como os de cutelaria, jardinagem, decoração, limpeza, organização e isotérmicos”, arremata o diretor.
Desbalanceamento
Na central de dados da Abiplast, o setor de UDs abocanha 6% do valor de produção da indústria de transformação de plástico, sendo PP a resina líder em consumo, com participação de 77%, enquanto a de PS limita-se a 1%. “O restante fica com materiais como polietileno de alta densidade”, complementa José Ricardo Roriz Coelho, presidente da entidade. No terreno do barril de pólvora dos reajustes, ele pondera que PP e PS encareceram, respectivamente, 51% e 29% no mercado interno em 2020. “Tal como ainda ocorre este ano, tivemos no último período um desequilíbrio entre oferta e demanda doméstica de matérias-primas, reflexo de desequilíbrio semelhante no exterior entre cadeias produtivas e seus estoques durante a pandemia –a posterior recuperação de atividade econômica diferiu entre as regiões do planeta”. Além do mais, insere, os aprontos do vírus respingaram nas mudanças de hábitos no consumo final, implicando aumento de demanda em determinados segmentos, caso de UD’s. “O isolamento social suscitou movimentos de cuidados com a casa e até mesmo novas necessidades cotidianas, repercutindo na produção de UDs como caixas, sapateiras e dispenser para álcool”. Na quarentena da primeira onda do corona, rememora Roriz, a indústria de UDs foi muito afetada pelo fechamento do maior canal de vendas, o comércio físico. “Com a reabertura do varejo os negócios voltaram a caminhar e a procura por produtos como organizadores, lixeiras e potes se destacou”.
Retomando o fio da precária disponibilidade de resinas, Roriz repisa que o pandêmico 2020 também marcou por calamidades como furacões e nevascas que paralisaram a petroquímica norte-americana e enxaquecas a exemplo da carência e encarecimento de cargueiros para fretes de resinas e reajustes nos contratos de propeno nos EUA, salgando as cotações de derivados cadeia abaixo. Reina nas cúpulas das petroquímicas o consenso de que esses gargalos na oferta internacional de matérias-primas persistem abertos e, para Roriz, a situação não se regulariza tão cedo.
O auxílio emergencial foi mesmo a mão na roda para o mercado interno sair da entubação em 2020 e deve ter o mesmo efeito este ano, considera o presidente da Abiplast. “Sem o benefício, o indicador de rendimento ampliado da população teria diminuído 5,7% no ano passado e com o auxílio houve aumento de 2%”, compara Roriz. “Desse modo, o cenário atual com o auxílio emergencial mantido, embora com valor inferior, indica um impacto desfavorável menor sobre o consumo de UDs este ano”.
UDs: PS surfa na transparência e resistência
Supridos em boa parte por distribuidores, os transformadores de UDs respondem apenas por volta de 5-7% das 380.000 toneladas que configuraram o mercado brasileiro de poliestireno (PS) no ano passado, situa Marcelo Natal, diretor comercial do negócio de estirênicos da Unigel. “O setor tem apresentado crescimento nos últimos tempos, devido em particular ao uso da resina cristal (GPS) para organizadores e potes transparentes”, ele atribui. Ele destaca dois grades do seu portfólio para marcar de perto a expansão do reduto de UDs. “O tipo cristal U285 proporciona peças de tonalidade cinza similar a vidro, acrílico e copolímero de estireno e acrilonitrila (SAN) e sobressai também pelas resistências mecânica e térmica”, expõe o diretor. “Já a resina de alto impacto U8851 se impõe pela combinação de alta fluidez com resistência mecânica e pelo acabamento dado à peça final”.
Da vitrine da Innova, também produtora de estireno e PS, o gerente comercial distingue para UDs os préstimos do grade cristal N 2560/535 e do tipo de alto impacto RT 441M/825. “Ambos os materiais primam pela excelência no balanço de propriedades, em especial mecânicas, proporcionando UDs mais rígidas, duráveis e adequadas a um manuseio constante”, ele sumariza.
Economia na cozinha
José Luis Alves, presidente da JLK Plásticos, com 18 anos de milhagem em UDs comercializadas por distribuidores, considera que a reação de vendas represadas na metade final de 2020 ajudou a indústria e comércio em geral a recuperar os prejuízos acumulados no semestre anterior. “O que não contávamos era com a segunda onda da pandemia e com a postura de governos estaduais contribuindo para destruir empregos e minar a economia”, ele assinala. “Hoje em dia a indústria enfraquece, o comércio sobrevivente está descapitalizado e, com base na imprevisibilidade do vírus, qualquer previsão sobre o movimento este ano soa precipitada”.
No âmbito especifico da JLK, Alves rememora que suas vendas no primeiro semestre de 2020 caíram 40% sobre o mesmo período em 2019, mas a retomada da economia nos seis meses finais permitiu-lhe fechar o exercício no azul. “Neste ano, o movimento desabou 40% no primeiro trimestre com recuperação no segundo”, ele constata. “Se não vier a terceira onda e a vacinação e redução as medidas restritivas avançarem, poderemos ter novo superávit em 2021”.
Alves percebe na pandemia um reforço ao foco da JLK: investir em UDs que proporcionem praticidade no dia a dia e ajudem a ressaltar a importância do aproveitamento de alimentos. “O Brasil tem fartura de alimentos, mas a redução da renda do povo e os preços em alta encarecem a alimentação e passar para uma comida mais econômica exige mais trabalho no preparo das refeições, uma etapa que o uso de UDs simplifica sem pesar no bolso”. Diante desse quadro, a JLK enfatiza sua identificação com acessórios de cozinha, “devido à necessidade atual de se cozinhar com maior frequência para a família e servir refeições mais saudáveis, cujo preparo requer produtos nossos como cortadores de legumes, descascadores e fatiadores”.
A JLK injeta PP e PS, resina cujos preços dobraram durante 2020, sustenta Alves. “Precisamos refazer custos, reprogramar despesas e melhorar recursos e processos para conter as transferências dos aumentos das matérias-primas aos nossos preços”, conta o industrial. “Mesmo assim, já fizemos, de forma geral, um repasse de 30% no preço final”.
Auxílio salvador
Com alguns cliques em seus controles de custos Antonio Domingos Trevisan, presidente da Cobrirel, titular nacional em UDs com 49 anos de janela, conclui que, entre janeiro de 2020 e maio de 2021, os preços de PP e PS subiram, respectivamente, 114% e 63%. “Apenas de janeiro a maio PS aumentou 42% e PP 26%”, ele complementa. “Temos encontrado muita dificuldade para repassar parte dos reajustes das resinas”.
A atenção maior dada pela população confinada ao ambiente doméstico favorece as categorias de UDs de cozinha e organização, focos primordiais da Cobrirel. Trevisan conta que o movimento tem sido puxado por itens como acessórios para extrair água mineral (marcas Bella Bomba e Bella Bica), potes herméticos, tábua gourmet de corte, açucareiros, descaroçador de azeitona, organizadores, caixas desmontáveis e cabides. “Por causa da retração do mercado na quarentena, nosso único lançamento em 2020 foi o abridor de potes de conserva”, explica o dirigente.
Apesar do encarecimento das matérias-primas e das restrições ao funcionamento de lojas, a Cobrirel, após passar um cortado na primeira metade de 2020, fechou o ano com crescimento nas vendas de 12% sobre 2019, saldo influenciado pelo auxílio emergencial e liberação do FGTS. Em relação a este ano, Trevisan lamenta a perda de faturamento de janeiro a junho. “O setor de UDs foi um dos mais afetados pelo fechamento do comércio e a redução do auxílio emergencial”, ele nota. “Esperamos a virada no segundo semestre”.
UDs globe-trotters
Utilidades domésticas despontam entre as cinco categorias de produtos acabados no bojo do Think Plastics Brazil – Programa de Exportação e Internacionalização de Produtos Transformados Brasileiros, iniciativa criada pelo Instituto Nacional do Plástico (INP) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). A envergadura alcançada pelos embarques de UDs nacionais, a crescente quantidade de mercados abertos e o balanço da operação em 2020 são descortinados nesta entrevista de Carlos Moreira, consultor de estratégia e gestão de projetos do programa.
Qual a participação do Think Plastic Brazil nas exportações de UDs em 2020?
Para dar um zoom apenas na vertical (categoria) de UDs, é preciso separar a análise de desempenho das exportações de 2020 versus 2019 entre seus dois semestres. Isso permitirá entender o efeito da pandemia sobre as exportações da vertical. Com base nessa premissa, as 58 empresas apoiadas pelo Think Plastic Brazil em UDs no ano passado representaram 11,6% das exportações deste segmento, também considerando a mesma cesta de Nomenclaturas Comuns do Mercosul (NCMs), contra 11,31% em 2019.
Ao se olhar puramente para os comportamentos dos resultados entre 2020 e 2019, observa-se um aumento das exportações em 1,41% no valor US$/FOB e de 17,76% em peso. No entanto ao se dividir a análise entre os dois semestres dos respectivos anos, nota-se que nos primeiros seis meses houve uma queda de 18,80% em dólar/FOB e de menos 9,53% em peso. Já no segundo semestre, a flexibilização das atividades nos mercados, o efeito cambial e os investimentos realizados pelo nosso programa (reuniões online junto a potenciais importadores e 23 novos projetos) formaram entre os fatores que corroboraram para o aumento de 19,77% do valor US$/FOB e crescimento de 35,26% do peso exportado da vertical de UDs.
Em 2020, o dólar valorizou cerca de 30% frente ao real. Como avalia o poder desse efeito cambial para turbinar as exportações brasileiras de UDs?
A taxa cambial, de fato, é um dos grandes atrativos para aumentar o apetite pelo mercado internacional. No entanto, quando se fala de produtos transformados, trata-se de uma promessa falsa e temporária. Em outras palavras, empresa que parte para o processo de internacionalização precisa ter em mente que é um investimento de longo prazo e não pode ser ancorado apenas em premissas como a taxa cambial ou desaquecimento do mercado doméstico. Na medida em que o Banco Central começa a aumentar os juros para tentar conter a inflação, os investidores internacionais são encorajados a investir no Brasil, elevando o fluxo local de moedas estrangeiras. A venda de commodities é outro vetor importante para estimular a divisa nacional. Há variáveis que a desfavorecem, como a instabilidade política, fraco avanço da vacinação, risco de terceira onda da covid etc. No momento, esse cabo de guerra indica que a taxa cambial tende a continuar na mesma média do primeiro quadrimestre, animando ainda mais as exportações brasileiras.
Para quantos destinos seguiram as exportações brasileiras de UD amparadas pelo Think Plastic Brazil?
Em 2020 as empresas de UD exportaram para 60 países e a mudança da cadeia de suprimentos, decorrência da pandemia, colaborou para os produtos delas chegarem a 10 novos destinos: Austrália, Benin, Costa do Marfim, Dinamarca, Granada, Hungria, Líbia, Mali, Países Baixos e Tanzânia.
O efeito cambial permitiu em 2020 a UDs brasileiras concorrer em preços com as asiáticas no mercado internacional?
Não diria que as indústrias de UDs apoiadas pelo Think Plastic Brazil conseguiram competir com os produtos asiáticos em função do câmbio, mas em função dos esforços de promoção comercial, comunicação e inteligência de mercado do programa aliado à mudança da cadeia de suprimentos. Por sinal, estivemos em fevereiro de 2020 na Feira Ambiente, na Alemanha. Foi quando recebemos uma ligação de nossa montadora do estande na feira norte-americana The Inspired Home Show, agendada para dali a alguns dias. Fomos informados de que a importação da China estava suspensa para o evento, o que afetaria até a montagem de nosso estande. Naquele mesmo dia a organizadora da feira divulgou que a área chinesa não seria aberta em função do corona, sinal claro de que a cadeia de suprimentos estava em mudança, o que nos abriu oportunidades para trabalhar em 2020.
Um desafio para o Think Plastic Brazil manter a estratégia de crescimento das exportações de artefatos como UDs é o fim imposto pela pandemia a eventos presenciais como feiras e missões comerciais. Como o programa pretende trabalhar sem esses recursos?
Além da comprovada eficácia das reuniões virtuais, nosso programa dispõe de controles e monitoramentos online, CRM e gestão financeira, permitindo prestação de contas junto à Apex-Brasil de forma remota, sem paralisar nosso convênio, mérito da disponibilidade de softwares como sharepoint, Teams, Power BI, CRM, Project, Power Automate, MyAnalytics e Azure. Essa infra de TI e uma governança forte respaldaram o sucesso de ações online desde a primeira quinzena de março de 2020 e, entre os resultados colhidos a partir daí constam 359 reuniões virtuais com 70 importadores de 17 países; US$ 281 milhões em valor exportado pelas empresas apoiadas; 36 webinars com a participação de 1.865 empresas; criação de cinco guias de tendências globais diante da covid e 17 planos básicos de exportação.
Sobe e desce
Cleiton Cavalcanti, gerente da Pratic Plásticos, transformadora há 22 anos na ativa em UDs, demonstra uma expectativa conservadora para a retomada da economia no período atual e não conta com uma injeção de recursos no bolso do consumidor do nível aferido em 2020. “Vimos com bons olhos o aquecimento da demanda na segunda metade em 2020, mas quando a inflação começou a bater o alívio virou preocupação com o futuro”, rememora. “Afinal, a situação nos obrigou a buscar mais recursos para bancar o giro de caixa com super inflação da matéria-prima”. Além do mais, acentua, “quem não fez os cálculos corretos deu com um rombo em suas contas no primeiro trimestre de 2021, pois a inflação causa a falsa impressão de que se está faturando muito, mas embute um problema financeiro que depende de constatação sem demora para ser contido”. Cavalcanti fecha o argumento com a percepção de que o dinheiro distribuído pelo governo às classes baixas para a economia rodar é canalizado para áreas como combustível e saúde, sensíveis ao impacto da inflação, “e se desvia de gastos não de primeira necessidade, caso do nosso ramo”. Noves-fora, ele deixa claro, a futurologia acerca de 2021 inspira cautela. “Daí porque adotamos medidas como a diminuição do efetivo e a flexibilização dos horários dos turnos, para ajustar a produção ao sobe e desce do consumo”.
A Pratic Plásticos só injeta PP e, a depender do grade utilizado, o reajuste aferido nos preços internos da resina oscilou de 70% a 120% no ano passado, situa Cavalcanti. “Além disso, arcamos com o encarecimento de outros insumos, como embalagens, e isso resultou num aumento acumulado de 76% no preço final de nossos produtos”, ele calcula. “Os clientes não aceitam mais reajustes e já sentimos queda nas vendas deste ano, razão do corte ao redor de 30% do quadro de funcionários”. Cavalcanti martela a tecla de que novos rejustes nos insumos de UDs serão de árdua deglutição lá do outro lado do balcão. “UD de plástico é comprada pela durabilidade e por ser mais barata que as de materiais como vidro e alumínio”, ele sustenta. “Pelo que paga hoje por uma tigela de plástico, o consumidor pode comprar uma de vidro”.
O alpinismo dos preços de PP, reitera Cavalcanti, alterou uma faceta do ranking de vendas da Pratic. “Aumentou a procura por produtos moldados com resina reciclado, matéria de preço antes estável e que disparou, embora ainda atraia o consumidor final”. Por sua vez, a pandemia elevou o volume de UDs da empresa relacionadas à limpeza, como baldes e bacias, e jardinagem, a exemplo da linha de vasos hoje em expansão. “Como as pessoas estão ficando mais em casa, a jardinagem vira um passatempo interessante”, conclui Cavalcanti. •